sábado, 4 de dezembro de 2010

Antigo Espólio Hebraico descoberto em Sinagoga nos Açores

( Foto D.N. )
Historiador descobre património sobre comunidade judaica que se estabeleceu no País. Entre o material encontrado há documentos impressos e manuscritos
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O historiador José de Almeida Mello descobriu um conjunto de objectos e documentos hebraicos na Sinagoga de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, Açores, que podem estabelecer o património judaico deste templo como um dos mais antigos e ricos de Portugal. Ao despejar o conteúdo de uma velha arca guardada naquela sinagoga, José Mello encontrou uma vasta panóplia de objectos. Entre os achados estão documentos impressos e manuscritos, pergaminhos cuidadosamente enrolados, pequenos livros de bolso, uma mão em madeira, saquetas tendo no seu interior fitas de cabedal e tábuas da lei, pequenos documentos colocados no interior de tubos de vidro selados e ainda tecidos utilizados no culto religioso. "Estaremos perante um legado com peças que podem ser anteriores ao século XIX e que remontam aos primeiros tempos dos judeus nos Açores", explicou, informando que o verdadeiro significado do achado será estudado por técnicos oriundos da comunidade israelita de Lisboa. O que encontrou foi como entrar na "máquina do tempo e recuar" alguns séculos, conta o historiador guardião da Sinagoga de Ponta Delgada, fundada em 1836. A primeira comunidade judaica em Ponta Delgada surgiu após o regresso a Portugal dos judeus, expulsos pelo rei D. Manuel em 1497 - os que não saíram do País foram convertidos à força ao catolicismo. Os que regressaram trouxeram consigo textos sagrados e documentos manuscritos que terão ficado como legado dos judeus entretanto radicados em São Miguel, de 1819 por diante. [...]
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Ler texto integral AQUI no Diário de Notícias Online de 29 de Novembro de 2010

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Um Reino em Pérgamo

Uma geração antes da guerra de Tróia, o rei Aleo de Tegea, em terras de Arcádia, recebeu um funesto oráculo : o seu neto matá-lo-ia e governaria em seu lugar. Para evitar o cumprimento da profecia, decidiu consagrar a sua filha Auge à deusa Athena, proibindo-a de se casar, sob pena de a matar. Mas esta sua intenção não foi suficiente para impedir que se cumprisse o oráculo. Um dia , Heracles, que tinha sido acolhido na corte do rei, embriagou-se e forçou a jovem, tendo esta posteriormente dado à luz um filho a quem foi posto o nome de Télefo. O rei Aleo, receoso de que na criança nascida se viesse a cumprir o profetizado, encerrou a mãe e o filho numa caixa e deitou-a ao mar. Graças à protecção de Athena, a caixa encalhou no delta do rio Caicus (Caico), na costa da Ásia Menor, tendo desta forma sido salvos os seus passageiros. Tinham chegado à Mísia. O rei da Mísia, Teutrante, fez de Auge sua esposa e adoptou Télefo como seu filho, sucessor e herdeiro.
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Com o passar do tempo, o lugar onde a caixa que transportara Auge e Télefo encalhou, tornou-se um assentamento de populações que viria a tornar-se uma das mais importantes cidades do mundo Grego.
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Sobre uma imponente montanha de novecentos metros de altura e na vertente direita do rio Caicus ( Caico), a vinte e oito Quilómetros da costa do mar Egeu, começou a ganhar forma uma cidadela que tomou o nome de Pérgamo; nome de origem indo-europeia que quer dizer “alto fortificado”. Os seus habitantes apropriaram-se da lenda de Télefo e passaram a honrá-lo como seu antecessor mitológico.
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A adopção desta história mitológica, reflecte o carácter claramente grego do reino fundado com o nome de Pérgamo ( Télefo é um herói da mitologia grega ) e dava corpo ao desejo de Átalo I , que emprestou o seu nome à dinastia entretanto surgida, dos Atálidas, de converter a sua cidade na Atenas da Ásia Menor, que se tornaria assim defensora da civilização helénica face aos povos bárbaros.
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O desejo de Átalo I define a história de todo o seu reinado e explica a intensa promoção das artes, letras e ciências por parte da dinastia Atálida, que fez da cidade de Pérgamo um dos mais importantes núcleos urbanos de toda a Ásia Menor helenística, bem como um centro cultural só superado por Alexandria. Mas para Átalo I, Pérgamo precisava converter-se também no principal centro político da região, objectivo que conseguiu atingir depois dos seus envolvimentos em complexas lutas de poder que se seguiram à morte de Alexandre Magno e do desmembramento e divisão do seu Império pelos seus quatro generais.
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In Revista História National Geographic***tradução de Jacinto Lourenço

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Sabedoria...

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A sabedoria de um ser humano não está no quanto tem consciência de que sabe, mas no quanto tem consciência de que não sabe.
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A consciência da própria ignorância é o primeiro passo em direcção à sabedoria.
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A. Cury

Copérnico, Kepler, Galileu, Newton e outros que tais...

Entre 1616 e 1835 a obra de Nicolau Copérnico esteve encerrada numa gaveta da igreja católica até que fosse expurgada dos “seus erros” pelo lápis azul dos censores eclesiásticos. E não se pense que foram só os católicos retrógrados que proibiram Copérnico de divulgar os seus ensinamentos, preferindo dar razão a Ptolomeu. Martinho Lutero, o pai da reforma protestante, também zurziu nas ideias Copernianas.
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A confrontação destas duas concepções do cosmos – uma centrada na terra e outra centrada no sol – atingiu o seu clímax nos séculos XVl e XVll, na pessoa de um homem que, tal como Ptolomeu, era astrólogo e astrónomo. Viveu numa época em que o espírito humano estava agrilhoado e a mente acorrentada; em que as opiniões eclesiásticas sobre os assuntos científicos, velhas de dois milénios, eram consideradas de maior confiança do que as descobertas contemporâneas realizadas com técnicas de que os antigos não dispunham; em que o desvio sobre os assuntos teológicos mais misteriosos, relativamente às preferências doxológicas dominantes, católicas ou protestantes, era punido com a humilhação, impostos, tortura, exílio ou morte.(…) A ciência estava ainda desprovida da ideia de que subjacentes aos fenómenos da natureza, podiam estar as leis da física. Foi a luta corajosa de Johannes Kepler que desencadeou a revolução científica moderna” ( Carl Sagan – “Cosmos”).
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Para Kepler, o poder criador do universo estava em Deus, e a única forma de explicar os seus mistérios era “ler” o pensamento de Deus. Ptolomeu (embora com erros desculpáveis face ao desenvolvimento científico do seu tempo), Copérnico, Galileu, Kepler e Newton, e mesmo Galeno na área médica séculos atrás, entre outros, abriram os olhos da humanidade para esta realidade que a Bíblia já revelara há milhares de anos : a natureza é afinal regida por leis matemáticas e físicas simples e à prova de qualquer observação, mesmo a da ciência da chamada “pós-modernidade”, e em cujos meandros se pode constatar e sentir a operação de Deus acima de qualquer lei criada, no campo terrestre ou celeste. Pessoalmente acredito que tem sido esta operação divina que tem salvaguardado a terra e os seus habitantes de serem largados por completo ao destino por eles escolhido e à rigidez das leis físicas por eles reclamada. Este é o domínio da misericórdia do meu Deus. E essa misericórdia, diz a Bíblia, é “a causa de não sermos consumidos”. Temos hoje uma visão amplificada do universo, da vida e da civilização devido aos “terrenos” que as personalidades citadas revolveram nos seus campos de actuação, a que se juntaram outros cientistas sérios e honestos, de todos os tempos, trazendo ao de cima uma organização que espanta pela sua simplicidade, mas cuja diversidade lhe empresta uma tremenda complexidade que exibem, aos nossos olhos, a criação de Deus, como um projecto que nos arrepia pela sua beleza misteriosa e grandiosidade. E Deus, o Senhor das nossas vidas, não pára de nos surpreender todos os dias na relação individual e particular que estabelece connosco, seres minúsculos no meio de tão grandioso projecto.
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Jacinto Lourenço

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A Direcção de Deus

Na maior parte das vezes, não sabemos decidir sobre o que é melhor para nós. Ao contrário do cidadão que afirmou que "nunca tinha dúvidas e raramente se enganava", nós temos sempre muitas dúvidas e enganamo-nos mais vezes do que seria desejável. Faz parte da nossa natureza humana conviver diariamente com a dificuldade da decisão, especialmente quando uma decisão pode mudar para sempre a nossa vida ou a vida dos que nos cercam. E não é porque sejamos particularmente indecisos, pelo menos mais do que o comum dos mortais; é da nossa natureza. A indecisão, a dúvida, a incerteza fazem parte dos caminhos diários que trilhamos. Uma decisão que se afigure muito acertada num dado momento ou numa situação de hoje, pode vir a revelar-se, amanhã, como completamente desastrada ou, no mínimo, desajustada. Foi sempre assim, a nossa história passada e recente. Somos muitas vezes vítimas das nossas próprias escolhas. Talvez por isso precisamos cartografar permanentemente os caminhos antes percorridos para que, pelo menos, não nos voltemos a enganar onde já anteriormente errámos. Mapas, memorandos, agendas, apontamentos, cartografia ou mais modernamente GPS's, são tudo elementos fundamentais para orientarem, sem nos perdermos em caminhos que nós próprios, ou outros antes de nós percorreram, e que nos podem dar , a cada momento, a informação básica para a melhor decisão se estamos num cruzamento da vida sem qualquer indicação sobre o caminho certo.
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O apóstolo Paulo dizia aos Coríntios : "Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifestos como carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne do coração. E é por Cristo que temos tal confiança em Deus".
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"Vós sois a nossa carta". Uma carta escrita não com tinta mas com o Espírito do Deus Vivo no nosso coração. A intenção de Paulo era que os Coríntios não se perdessem na fé, que olhassem para o que estava inscrito nos seus corações pela mão de Deus e vissem , claramente, o rumo a seguir. Um "GPS Celestial" dentro do coração, é o que temos, quando seguimos o Espírito de Deus e o seu conselho. Só assim é possível reduzir, drasticamente, a incerteza das nossas decisões ou manietar a dúvida que tantas vezes nos escraviza e quer destruir, e o erro.
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A certeza de que Deus quer o melhor para nós e de que nos vai orientar no caminho, ou na busca dele, garante-nos que não erraremos ao escolher seguir a direcção que nos indica. Muitas vezes queremos ver sinais antecipados sobre qual o trajecto que o Senhor vai abrir. A verdade é que não fazemos essa exigência na cartografia ou num normal mapa de estradas, simplesmente confiamos e seguimos na direcção que nos indicam. Os sinais, sejam eles de obrigação, proibição ou orientação de sentido surgem só no momento em que deles precisamos e não antes ou depois, isso poderia deixar confusões a pairar no nosso espírito. No momento exacto, onde teremos que saber a direcção a seguir, lá está o sinal a indicar. Não antes nem depois, tal poderia fazer-nos errar irremediavelmente. Deus fala no momento em que deve falar; não antes nem depois. Ele nunca nos deixará em confusão, em dúvida, em incerteza. No momento certo, no tempo exacto, lá está a sua indicação, a sua confirmação para nós. Às vezes parece-nos que o Senhor está a desafiar a nossa fé, como se "brincasse" com os nossos limites. É verdade que Ele nos desafia em Fé, mas nunca "brinca" com os limites das nossas fragilidades. Ele conhece-nos demasiado bem, sabe que somos frágeis e volúveis e por isso nos protege de nós próprios.
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Trago comigo, há muitos anos, um pensamento cujo autor desconheço mas que traduz uma realidade importante na vida do cristão: "Se pões Deus em tudo o que fazes, encontrá-lo-ás em tudo o que te acontece". A verdade é que nem sempre a nossa vida se enquadra aqui. Temos escolhido muitos caminhos que não foram indicados por Deus. As consequências implicam por isso, na maior parte das vezes, sofrimento para nós, mas mesmo nessas circunstâncias, Deus irá corrigir a nossa direcção, porque nos ama, porque nos deseja perto da Sua vontade, perto de Si. Que a nossa certeza e expectativa relativamente à vontade de Deus, seja como a de Daniel à vista dos leões ou do fogo destruidor. Ele estará sempre connosco.
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Jacinto Lourenço

domingo, 28 de novembro de 2010

"A Igreja [católica] e os Sinais dos Tempos"

..."Precisamente por isso, penso que será necessário perguntar se a Igreja não terá de rever outras questões. Se, por exemplo, a paternidade e a maternidade responsáveis não implicam a abertura aos anticonceptivos "artificiais", superando uma concepção biologista da natureza. Se não se deverá colocar termo à lei do celibato, pois não é bom impor como lei o que Jesus entregou à liberdade. Se não se deverá tirar as devidas consequências da afirmação papal: os homossexuais "merecem respeito" e "não devem ser rejeitados por causa disso". Se não é necessário repensar a proibição da comunhão aos divorciados que voltaram a casar. Se as mulheres, a partir do comportamento de Jesus, que levou à declaração paulina: "já não há judeu nem grego, nem senhor nem escravo, nem homem nem mulher, pois todos são um só em Cristo", não devem ser tratadas na Igreja sem discriminação, por exemplo, no acesso à presidência na celebração da Eucaristia. Mais tarde ou mais cedo - é preferível mais cedo -, a Igreja deverá ter um pronunciamento lúcido e claro sobre estas matérias. Para não dar a impressão de que ela lá vai indo, mas aos empurrões, e quando, entretanto, muitos a foram abandonando. Não foi por acaso que a revelação sobre o uso do preservativo apareceu no mesmo dia em que o Papa impôs o barrete a mais 24 cardeais. No dia seguinte, lembrou-lhes que devem estar sempre junto de Cristo na cruz. Mas cá está! No meio de todo aquele aparato do Vaticano, há aqui uma contradição entre a pompa e a cruz. Há aquele texto do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard, que diz mais ou menos assim: vai Sua Excelência Reverendíssima o Bispo de Copenhaga, revestido de paramentos com filamentos de ouro e um báculo e uma mitra debruados de pedras preciosas, com todo o seu séquito em esplendor, senta-se num cadeirão de prata e dá início à sua homilia sobre a pobreza. E ninguém se ri !... A alguém que se sentisse irritado com estas perguntas lembro um texto de Joseph Ratzinger, no qual escreveu que, se hoje se critica menos a Igreja do que na Idade Média, não é porque se tem mais amor à Igreja, mas a si e à carreira."[...]
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Prof. Anselmo Borges.
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Ler texto integral AQUI, no Diário de Notícias Online

sábado, 27 de novembro de 2010

A Falta de Cultura Ética na Nossa Civilização

Creio que o exagero da atitude puramente intelectual, orientando, muitas vezes, a nossa educação, em ordem exclusiva ao real e à prática, contribuiu para pôr em perigo os valores éticos. Não penso propriamente nos perigos que o progresso técnico trouxe directamente aos homens, mas antes no excesso e confusão de considerações humanas recíprocas, assentes num pensamento essencialmente orientado pelos interesses práticos que vem embotando as relações humanas. O aperfeiçoamento moral e estético é um objectivo a que a arte, mais do que a ciência, deve dedicar os seus esforços. É certo que a compreensão do próximo é de grande importância. Essa compreensão, porém, só pode ser fecunda quando acompanhada do sentimento de que é preciso saber compartilhar a alegria e a dor. Cultivar estes importantes motores de acção é o que compete à religião, depois de libertada da superstição. Nesse sentido, a religião toma um papel importante na educação, papel este que só em casos raros e pouco sistematicamente se tem tomado em consideração. O terrível problema magno da situação política mundial é devido em grande parte àquela falta da nossa civilização. Sem «cultura ética» , não há salvação para os homens.
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Albert Einstein, in 'Como Vejo o Mundo' *** Via Citador

Azulejo pendurado numa parede em Toledo, Espanha

Tradução : +
A SOCIEDADE É ASSIM: O POBRE TRABALHA. O RICO EXPLORA-O. O SOLDADO DEFENDE OS DOIS. O CONTRIBUINTE PAGA PELOS TRÊS. O VAGABUNDO DESCANSA PELOS QUATRO. O BÊBEDO BEBE PELOS CINCO. O BANQUEIRO "ESFOLA" OS SEIS. O ADVOGADO ENGANA OS SETE. O MÉDICO MATA OS OITO. O COVEIRO ENTERRA OS NOVE. O POLÍTICO VIVE DOS DEZ.
+ + Dica do Jorge Rosa

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Padre António Vieira e a Lusitânia

A terra mais ocidental de todas é a Lusitânia. E porque se chama Ocidente aquela parte do mundo? Porventura porque vivem ali menos, ou morrem mais os homens? Não; senão porque ali vão morrer, ali acabam, ali se sepultam e se escondem todas as luzes do firmamento. Sai no Oriente o Sol com o dia coroado de raios, como Rei e fonte da Luz: sai a Lua e as Estrelas com a noite, como tochas acesas e cintilantes contra a escuridade das trevas, sobem por sua ordem ao Zénite, dão volta ao globo do mundo resplandecendo sempre e alumiando terras e mares; mas em chegando aos Horizontes da Lusitânia, ali se afogam os raios, ali se sepultam os resplendores, ali desaparece e perece toda aquela pompa de luzes. E se isto sucede aos lumes celestes e imortais; que nos lastimamos, Senhores, de ler os mesmos exemplos nas nossas Histórias? Que foi um Afonso de Albuquerque no Oriente? Que foi um Duarte Pacheco? Que foi um D. João de Castro? Que foi um Nuno da Cunha, e tantos outros Heróis famosos, senão uns Astros e Planetas lucidíssimos, que assim como alumiaram com estupendo resplendor aquele glorioso século, assim escurecerão todos os passados? Cada um era na gravidade do aspecto um Saturno, no valor militar um Marte, na prudência e diligência um Mercúrio, na altiveza e magnanimidade um Júpiter, na Fé, e na Religião, e no zelo de a propagar e estender entre aquelas vastíssimas Gentilidades, um Sol. Mas depois de voarem nas asas da fama por todo o mundo estes Astros, ou indígetes da nossa Nação, onde foram parar, quando chegaram a ela? Um vereis privado com infâmia de governo, outro preso, e morto em um Hospital, outro retirado e mudo em um deserto, e o melhor livrado de todos, o que se mandou sepultar nas ondas do Oceano, encomendando aos ventos levassem à sua Pátria as últimas vozes, com que dela se despedia: Ingrata patria non possidebis ossa mea. Vede agora se eu tinha razão para dizer, que é natureza ou má condição da nossa Lusitânia não poder consentir que luzam os que nascem nela. E vede também se podia Santo António deixar de deixar a Pátria, sendo filho de uma terra onde não se consente o luzir, e tendo-lhe mandado Cristo que luzisse: Sic luccat lux vestra
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Padre António Vieira, in "Sermões" *** via Citador

Apocalipse, Patmos e o Apóstolo João

O livro bíblico de Apocalipse foi escrito muito provavelmente por volta dos anos 94-96 d.C., durante o reinado do Imperador Domiciano (Domitianus) sob o qual a igreja sofreu uma acirrada perseguição, como se pode perceber em algumas passagens da Revelação, e de que o apóstolo dá conta, nomeadamente em relação a si próprio, e aos restantes irmãos, nos versículos 9 e 10 do Cap. 1. Esta perseguição foi motivada, em grande parte, pela instituição do “culto ao imperador” por Roma.
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João estava na ilha de Patmos quando recebeu a revelação. E estava na ilha de Patmos porquê ? Como ele próprio diz, “por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo”(Ap. 1:9.). A Ilha de Patmos era, muito provavelmente, utilizada pelos Romanos como prisão, por ser uma ilha rochosa, sem praticamente qualquer vegetação; não muito grande (cerca de 7x13 Km) e distanciada mais ou menos 55 km do litoral da actualmente designada Turquia ou, se preferirmos, da então chamada província romana da Ásia Menor. Esta situação geográfica permitia um perfeito isolamento e controlo prisional. Seria uma prisão comparável à que os Estados Unidos da América mantiveram na baía de S. Francisco, em Alcatraz, e para onde eram encaminhados os presos mais perigosos. Para o Império Romano, o apóstolo João era um “prisioneiro político perigoso” e, para estes, o tratamento era diferenciado pela negativa. João não estava a “passar férias numa ilha paradisíaca do mar Egeu”. E também não estava apenas exilado. Estava preso e desterrado! Foi essa a sua condenação por pregar o Evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, por provavelmente não obedecer à ordem de adorar o Imperador e, quase de certeza, exortar os seus irmãos em Cristo a não o fazerem também. Aos presos políticos que desobedeciam à obrigação de render culto ao imperador, era destinado, previamente à ida para o desterro de Patmos, um açoitamento. Para além disso, em Patmos, esta categoria de presos, não circulava livremente pela ilha, o seu vestuário era escasso e tinham que dormir ao relento ou numa cela fria, húmida e sem luz. A comida reduzida ao mínimo, a sujeição a trabalhos forçados, debaixo do chicote dos guardas e algemas que nunca eram retiradas em caso algum, completavam provavelmente o quadro prisional do apóstolo. Julgamos que, apesar disso, o apóstolo teve algum tempo disponível para redigir as suas notas sobre a revelação recebida, dado que, diz ele, foi “arrebatado em espírito no dia do Senhor” (Cap.1:10). Pode isto pressupor ( ou não ) que ele disporia, pelo menos no 1º dia da semana, se atendermos à tradição cristã de guardar o domingo para o Senhor ( ou eventualmente o sábado se atendermos à tradição Judaica ), de algum tempo de paz de espírito, facto que o ajudaria também a redigir as notas que dariam origem posteriormente ao livro de Apocalipse.
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Jacinto Lourenço

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Um sítio Mal Frequentado...

"Portugal não é um país, é um sítio mal frequentado"
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Eça de Queiroz
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(1845-1900)

Entender o Apocalipse

Ao iniciar a leitura do primeiro capítulo de Apocalipse, verificamos de imediato tratar-se de literatura bíblica em parte apocalíptica, em parte profética e em parte epistolar.
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O livro começa com a frase : “Revelação de Jesus Cristo”. A palavra “Revelação” deriva do grego “Apokalupsis”. Na versão portuguesa, o termo grego foi transliterado (a nível do título do livro), tendo resultado daí a palavra “Apocalipse”. A literatura de género apocalíptico revela-se sempre rica em simbologia e tipos alegóricos e metafóricos estranhos à linguagem normal, até mesmo para outros géneros que fazem destes recursos linguísticos uso recorrente, como a poesia. É um género literário com forte impacto verbal, que transmite imagens bastante fortes também, emprestando assim grande dramatismo aos acontecimentos narrados que extravasam os conceitos percepcionais do ser humano que acaba por os enquadrar e associar a uma aura de mistério . Contudo, para os leitores a quem se destina a revelação, esta linguagem nada traduz de anormal, bem pelo contrário. Estamos habituados a ela em diversos livros do Velho Testamento, como estavam também os leitores do tempo de João, especialmente os de origem Judaica. Não faria sentido que o livro fosse um “MISTÉRIO”, tendo como título “REVELAÇÃO”.
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Descrever a intervenção divina na vida dos homens, que está muito para além da nossa capacidade de a racionalizar, comunicar a visão de Deus e os seus grandiosos projectos numa linguagem perceptível aos redimidos, é essa a base da literatura Apocalíptica de forte conotação simbólica. Julgo que Deus manteve uma preocupação na visão que deu a João em Patmos, sendo esta igualmente a opinião de muitos comentadores bíblicos : Revelar a mensagem aos que entendiam a linguagem dos símbolos, e ocultá-la, por detrás dos símbolos, aos que a pretendam distorcer ou subverter com outro sentido que não aquele que lhe seja aplicável. Como diz na 1ª Coríntios 2:14 : “ Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.
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Hoje, “Apocalipse” é normalmente conotado com julgamento e destruição grandiosa, espectacular e misteriosa muito ao gosto "hollywoodesco". Contudo, o termo grego Apokalupsis tem um significado precisamente oposto e remete para “desvendamento e revelação do que está oculto”. Como vemos, está nos antípodas … +
Por outro lado, o livro é também profético, dado que na sua revelação Deus introduz essa condição : “ Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam ( guardar significa preservar algo para que possa ser usado ou aplicado mais tarde ) as coisas que nela estão escritas…” A título de exemplo, temos os profetas que eram, como sabemos, homens inspirados e escolhidos por Deus, para proclamarem a sua palavra, os seus mandamentos, as suas instruções, para o futuro próximo ou distante, debaixo do poder do Espírito Santo, etc.
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Apocalipse revela uma intenção da parte de Deus e que é “desocultar” o que estava oculto aos nossos olhos e permitir que a igreja receba as bençãos que a Revelação promete aos que “ouvem as palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escritas” ( v.1:3 ). Deus diz que esses são “bem-aventurados” .
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Finalmente, a característica epistolar de Apocalipse identifica-se logo no início do livro, no verso 4, com a típica saudação apostólica que João faz às sete igrejas: “João ás sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e o que há de vir, e da parte dos sete espíritos que estão diante do seu trono; e da parte de Jesus Cristo …” Neste caso, a saudação não é da parte de João mas de Deus, directamente para todos os salvos em Cristo. João foi apenas o “vaso”, o escriba usado pelo Senhor para fazer chegar até nós a sua Palavra.
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Jacinto Lourenço

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Transformando Tristeza em Alegria

A Bíblia é sem duvida, o Livro dos paradoxos divinos, das contradições sublimes, abunda em pensamentos aparentemente contrários à mão humana. Deus diz:" porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos..." Isaias 55;8."Aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á. Aquele que quiser ser primeiro, seja serv de todos. Quando sou fraco, então sou forte".Nós morremos a cada dia, a fim de participarmos da vida eterna. Aquele que aspira à coroa, deverá tornar a cruz. Tudo isto não parece loucura aos olhos do homem natural? 1 Cor2.14-15.O problema do sofrimento tem preocupado os homens em todos os tempos. Filósofos e sábios debruçam-se, atentamente, sobre o assunto, procurando em vão uma solução satisfatória.Para o verdadeiro crente a solução é bem clara. Cristo revela-a nestas palavras: a vossa tristeza se converterá em alegria (Jo 16.20). Com Ele a tempestade transforma-se em calmaria, a obscuridade em Luz e a humilhação em gloria.Jacob na sua velhice, pleno de amargura, depois de tanto sofrer, quando julgava ter perdido seu filho José e que seu filho Benjamim havia ficado retido no Egipto, exclama:Todas estas coisas vieram sobre mim (Génesis 42;36). A sua ideia era que tudo estava perdido. Porém, pouco tempo depois, radiante de felicidade, ele reencontrou aquele que considerava morto; a sua tristeza se transformou em alegria.[...]
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Samuel da Silva Oliveira
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Ler texto integral AQUI na revista Refrigério

O Génesis, Stº. Agostinho e Darwin

"...Para Agostinho, o Senhor criou um universo deliberadamente designado para se desenvolver e evoluir. E o plano para essa evolução não é arbitrário, mas programado na estrutura de tudo quanto foi criado. Os primeiros escritores cristãos tomaram nota de como o primeiro relato do Gênesis falava sobre a terra e a água dando origem à vida. Eles diziam que isso mostra como Deus dotou a ordem natural com a capacidade de gerar criaturas. Agostinho foi ainda mais longe: ele sustentava que Deus criou o mundo com uma série de poderes adormecidos, que são consumados em um certo momento, de acordo com a divina providência. Uma das evidências disso seria o texto de Génesis 1.12, que sugere que a terra recebeu o poder de produzir vida por si mesma. A imagem da semente, ali mencionada, sugere que a Criação original contém em si mesma o potencial de fazer emergir todos os subsequentes tipos de vida. Isso não significa que Deus criou o mundo incompleto e imperfeito, como pretendia Darwin ao enfatizar a necessidade da evolução; esse processo de desenvolvimento, Agostinho declara, é governado por leis fundamentais, que revelam a vontade do Criador: “Deus estabeleceu leis fixas que governam a produção das espécies de seres, e os tira do esconderijo para serem vistos completamente”, diz em seu comentário.[...]
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Alister McGrath*
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Ler texto integral AQUI na revista Cristianismo Hoje
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*O ex-ateu Alister McGrath é professor de teologia histórica da Universidade de Oxford e pesquisador sênior do Harris Manchester College, no Reino Unido. Possui doutorados em biofísica molecular e em teologia pela Universidade de Oxford.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Anti-Matéria "Caçada" no CERN

( Imagem D.N. )
No CERN não se criam só minibig bangs, como há dias aconteceu. Os físicos do centro europeu de investigação nuclear, em Genebra, também conseguiram agora pela primeira vez "caçar" e armazenar átomos de antimatéria. Mais precisamente 38 átomos de anti-hidrogénio. Um átomo de hidrogénio é constituído por um protão (partícula elementar do núcleo atómico) e por um electrão negativo, que gira em torno desse núcleo. Um anti-hidrogénio é o seu inverso: tem um protão negativo, ou antiprotão, e um electrão positivo, ou positrão. Foi o físico inglês Paul Dirac, que em 1931 previu a existência de antimatéria, uma matéria espelho da que conhecemos. No entanto, ela é quase impossível de observar porque é anulada ao contacto com a matéria, produzindo uma enorme quantidade de energia. E por isso é um grande mistério. Em 1995, os físicos do CERN conseguiram produzir os primeiros antiátomos de hidrogénio, mas como eles desapareceram no instante seguinte, não foi possível estudar as suas propriedades. Agora, no decurso de uma experiência chamada Alpha, os 38 antiátomos foram apanhados e duraram um décimo de segundo nas mãos dos investigadores, o que "foi tempo suficiente para os estudar", segundo o CERN. Para confinar os 38 anti-hidrogénios os físicos utilizaram um novo tipo de "prisão" magnética, depois de 335 tentativas para produzir aquela antimatéria. "Por razões que ninguém compreende, a natureza eliminou a antimatéria, por isso é emocionante olhar para o Alpha e saber que contém átomos estáveis e neutros de antimatéria", disse Jeffrey Hangst, um dos físicos que participou na experiência.
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