quinta-feira, 10 de março de 2011

A Declaração de Guerra da Alemanha a Portugal

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Em Fevereiro de 1916, um decreto do governo português autorizava a requisição dos navios mercantes alemães fundeados no Tejo. Foi a "gota de água" que levou Guilherme II, a instruir Von Rosen a apresentar a nota de Declaração de Guerra ao Governo Português, em 9 de Março de 1916, formalizando um conflito que já há algum tempo Portugueses e Alemães vinham travando no sul de Angola e norte de Moçambique.
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Iniciava-se assim, a participação formal de Portugal na 1ª Guerra Mundial que muito em breve arrastaria o Corpo Expedicionário Português para as trincheiras da Flandres.
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«Senhor Ministro. Estou encarregado pelo meu alto Governo de fazer a V. Ex.a a declaração seguinte:
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O Governo português apoiou, desde o começo da guerra. os inimigos do império Alemão por actos contrários á neu­tralidade. Em quatro casos foi permitida a passagem de tropas inglesas por Moçambique. Foi proibido abastecer de carvão os navios alemães. Aos navios de guerra ingleses foi permitida uma larga permanência em portos portugueses, contrária à neutralidade, bem como ainda foi consentido que a Inglaterra utilizasse a Madeira como base naval. Canhões e material de guerra de diferentes espécies foram vendidos ás Potências da Entente, e, além disso, á Inglaterra um destruidor de torpedeiros. O arquivo do vice-consulado imperial em Moçâmedes foi apreendido.
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Além disso, foram enviadas expedições á África, e foi dito então abertamente que estas eram dirigidas contra a Alemanha.
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O governador alemão do distrito. Dr. Schultz-Jena, bem corno dois oficiais e algumas praças, em 19 de Outubro de 1914, na fronteira do Sudoeste Africano alemão e Angola. foram atraídos, por meio de convite, a Naulila, e ali decla­rados presos sem motivo justificado, e, como procurassem subtrair-se à prisão, foram, em parte, mortos a tiro enquanto os sobreviventes foram à força feitos prisioneiros.
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Seguiram-se medidas de retorção da tropa colonial. A tropa colonial, isolada da Alemanha, precedeu na su­posição, originada pelo acto português, de que Portugal se achava em estado de guerra com o Império Alemão. O Governo português fez representações por motivo das últimas ocorrências, sem, todavia, se referir ás primeiras. Nem sequer respondeu ao pedido que apresentámos de ser intermediário numa livre troca de telegramas em cifra com os nossos funcionários coloniais, para esclarecimento do estado da questão.
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A imprensa e o Parlamento, durante todo o decurso da guerra, entregaram-se a grosseiras ofensas ao povo alemão, com a complacência, mais ou menos notória, do Governo português. O chefe de Partido dos Evolucionistas pronunciou na sessão do Congresso, de 23 de Novembro de 1914, na presença dos ministros portugueses, assim como na de diplomatas estrangeiros, graves insultos contra o imperador da Alemanha, sem que por parte do presidente da Câmara, ou dalgum dos ministros presentes, se seguisse um protesto. Às suas representações, o enviado imperial recebeu apenas a resposta que no boletim oficial das sessões não se en­contrava a passagem em questão.
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Contra estas ocorrências protestámos em cada um dos casos em especial, assim como por várias vezes apresenta­mos as mais sérias representações e tornámos o Governo português responsável por todas as consequências. Não se deu, porém, nenhum remédio. Contudo, o Governo Imperial, considerando com longanimidade a difícil situação de Portugal, evitou então tirar mais sérias consequências da atitude do Governo português.
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Por último, a 23 de Fevereiro de 1916, fundada num decreto do mesmo dia, sem que antes tivesse havido negociações, seguiu-se a apreensão dos navios alemães. sendo estes ocupados militarmente e as tripulações mandadas sair de bordo. Contra esta flagrante violação de direito protestou o Governo Imperial e pediu que fosse levantada a apreensão dos navios.
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O Governo português não atendeu este pedido e procurou fundamentar o seu acto violento em considerações jurídicas. Delas tira a conclusão que os nossos navios imobilizados por motivo da guerra nos portos portugueses, em consequência desta imobilização, não estão sujeitos ao artigo 2.0 do tratado de comércio e navegação luso-alemão, mas sim à ilimitada soberania de Portugal, e, portanto, ao ilimitado direito de apropriação do Governo português, da mesma forma que qualquer outra propriedade existente no pais. Além disso, opina o Governo português ter procedido adentro dos limites desse artigo, visto a requisição dos navios corresponder a uma urgente necessidade económica, e também no decreto de apropriação estar prevista uma indemnização cujo total deveria mais tarda ser fixado.
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Estas considerações aparecem como vazios subterfúgios. O artigo 2.0 do tratado do comércio e navegação refere-se a qualquer requisição de propriedade alemã em território português. Pode ainda assim haver dúvidas sobre se a circunstância de os navios alemães se encontrarem pretendidamente imobilizados em portos portugueses modificou a sua situação de direito. O Governo português violou, porém, o citado artigo em dois sentidos, primeiramente não se mantém na requisição dentro dos limites traçados no tratado, pois que o artigo 2.0 pressupõe a satisfação duma necessi­dade do Estado, enquanto que a apreensão, como é notório, estendeu-se a um número de navios alemães em desproporção com o que era necessário a Portugal para suprir a falta de tonelagem. Mas, além disso, o mencionado artigo torna a apreensão dos navios dependente dum prévio acordo com os interessados sobre a indemnização a conceder-lhes. enquanto que o Governo português nem sequer fez a tentativa de se entender, quer directamente, quer por intermédio do Governo alemão, com as companhias de navegação. Desta forma apresenta-se todo o procedimento do Governo português como uma grave violação do Direito e do Tratado.
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Por este procedimento o Governo português deu a conhecer que se considera como vassalo da Inglaterra, que subordina todas as outras considerações aos interesses e desejos ingleses. Finalmente a apreensão dos navios realizou-se sob formas em que deve ver-se uma intencional provocação à Alemanha. A bandeira alemã foi arriada dos navios alemães e em seu lugar foi posta a bandeira portuguesa com a flâmula de guerra. O navio almirante salvou por esta ocasião.
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O Governo Imperial vê-se forçado a tirar as necessárias consequências do procedimento do Governo português. Considera-se de agora em diante como achando-se em estado de guerra com o Governo português.
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Ao levar o que precede, segundo me foi determinado, ao conhecimento de V. Ex.a tenho a honra de exprimir a V. Ex.a a minha distinta consideração.»
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(Tradução do texto alemão entregue por Friedrich Von Rosen a Augusto Soares, Ministro Português dos Negócios Estrangeiros)
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Fonte : História Aberta

Historiador Confirma que Colombo era Português

Um historiador luso-americano apresentou novas provas de que Cristóvão Colombo era português. Manuel Rosa acaba de publicar um livro a demonstrar que o homem que descobriu a América não podia ser um humilde tecelão italiano. + + +
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Notícia RTP 26/12/2010

sábado, 5 de março de 2011

É Pá, que é que estás a Fazer ao meu primo, toma lá uma Paulada...

Histórias de Encantar

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Há cerca de 3700 anos, mais coisa menos coisa, em Entre-os-Rios (Mesopotâmia, em Grego), uns gajos mais aéreos repararam que algumas estrelas estavam mal presas ao céu (uma hemisfera) e mudavam de sítio: magia, claro. Vai daí, resolveram dedicar um dia a cada uma dessas 5 estrelas (planetas), entre os quais Marte e Vénus, acrescentaram mais um dia ao deus-sol (Baal) e outro à lua (Ishtar). Tá explicado quem inventou a divisão do tempo em semanas, e a razão para os nomes ainda usados hoje em muitas línguas: o Sunday e Mo(o)nday ingleses, ou a maioria dos dias da semana em italiano ou francês. + Histórias como esta, ou a explicação de expressões como vandalismo, medidas draconianas, educação espartana, vitória de Pirro (à custa de tantas baixas, o general terá dito “mais uma vitória destas e somos exterminados”), aparecem em Uma pequena história do Mundo, uma edição da Tinta da China que apetece manusear (e os cantos rombos das páginas são à prova de crianças). + Ernest H. Gombrich (Viena 1909-Londres 2001) escreveu o livro em 1935. Desempregado no final do doutoramento, aceitou dar uma vista de olhos num livro de História para crianças, que um editor amigo queria traduzir de inglês para alemão. Resposta, “acho que conseguia fazer melhor que isto”. Resultado, foi desafiado a apresentar um capítulo, correu bem, e depois proposto que entregasse o resto em 6 semanas. Sistematizou o livro e escreveu 1 capítulo por dia, com visita matinal à biblioteca pública (nada de google). Ernest tinha 2 princípios: é possível explicar quase tudo a uma criança inteligente, sem linguagem barroca, e devia escolher os acontecimentos que afectaram um maior número de pessoas e que estavam mais vivos na memória colectiva. + Este livro é para mais de 10 anos, o que é claramente o meu caso. Comprei-o para a petiza, mas estou a lê-lo com gozo. Com uma escrita muito descontraída, escorreita e coloquial, é um prazer revisitar a história e as histórias, recordando ou aprendendo. + Quem tiver filhos ou sobrinhos a fazer anos, são 12€ muito bem gastos. + +
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++ + Fonte: Blogue A Rês Pública

sexta-feira, 4 de março de 2011

Então pá, há o nosso número ou não...?

No Tempo em que os Animais Falavam...

+ + + Recebido do Manuel Soares

quinta-feira, 3 de março de 2011

"Carnem Levare"...

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Está tudo preparado, ou quase. É sempre assim todos os anos por esta altura. Faça sol, chuva, frio ou calor, em muitas cidades do mundo há gente que se prepara para viver os chamados dias de folia. E há sempre uma razão para viver o Carnaval e se não encontram uma, os defensores do Carnaval inventam-na. Recupero o texto a seguir porque me parece perfeito para a compreensão do que é o Carnaval e quais são as suas origens e o que se celebra nesta data e, bem assim, o que significam estes dias para os cristãos.
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Origem Histórica
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Segundo uma definição genérica, o carnaval é uma festa popular colectiva, que foi transmitida oralmente através dos séculos, como herança das festas pagãs realizadas a 17 de Dezembro (Saturnais - em honra ao deus Saturno na mitologia grega.) e 15 de Fevereiro (Lupercais - em honra ao Deus Pã, na Roma Antiga.). Na verdade, não se sabe ao certo qual a origem do carnaval, assim como a origem do nome, que continua envolta em polémica.
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Alguns estudiosos afirmam que a comemoração do carnaval tem as suas raízes nalguma festa primitiva, de carácter orgíaco, realizada em honra do ressurgimento da primavera. De facto, em certos rituais agrícolas na Antiguidade, 10 mil anos A.C., homens e mulheres pintavam os seus rostos e corpos, deixando-se levar depois pela dança, pela festa e embriaguez.
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Originariamente os católicos começavam as comemorações do carnaval em 25 de Dezembro, englobando os festejos do Natal, do Ano Novo e dos Reis, numa festa contínua onde predominavam jogos e disfarces. Na Gália, tantos foram os excessos, que Roma o proibiu por muito tempo. O papa Paulo II, no século XV, foi um dos mais tolerantes, permitindo que se realizassem comemorações na Via Lata, rua próxima ao seu palácio. No carnaval romano, realizavam-se corridas de cavalos, desfiles de carros alegóricos, brigas de confetes, corridas de corcundas, lançamentos de ovos e outros divertimentos.
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O baile de máscaras ganhou força nos séculos XV e XVI, por influência da Commedia dell'Arte. Eram um sucesso na Corte de Carlos VI. Ironicamente, este rei foi assassinado numa destas festas fantasiado de urso. As máscaras também eram confeccionadas para as festas religiosas como a Epifania (Dia de Reis). Em Veneza e Florença, no século XVIII, as damas elegantes da nobreza utilizavam-na como instrumento de sedução.
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Há a registar, entretanto, que as tradições momescas ainda se mantêm vivas em algumas cidades europeias, como Nice, Veneza e Munique, por exemplo.
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[ Na verdade esta prática está alargada a muitas mais cidades, um pouco por toda a Europa nos nossos dias ]+
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Etimologia da Palavra
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Assim como a origem do carnaval, as raízes do termo também se têm constituído em objecto de discussão. Para uns, o vocábulo advém da expressão latina "carrum novalis" (carro naval), uma espécie de carro alegórico em forma de barco, com o qual os romanos inauguravam as suas comemorações. Apesar de ser foneticamente aceitável, a expressão é refutada por diversos pesquisadores, sob a alegação de que não possui fundamento histórico.
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Para outros, a palavra seria derivada da expressão latina "carnem levare", modificada depois para "carne, vale !" (adeus, carne!), palavra originada entre os séculos XI e XII, que designava a quarta-feira de cinzas e anunciava a supressão da ingestão de carne devido à proximidade da Quaresma. Provavelmente vem também daí a denominação "Dias Gordos", onde a ordem é transgredida e os abusos tolerados, em contraposição ao jejum e à abstenção total do período vindouro (“Dias Magros” da Quaresma).
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Posição Cristã
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+ Como vimos, o carnaval tem sua origem em rituais pagãos de adoração a falsos deuses. Trata-se, por isso, de uma manifestação popular eivada de “obras da carne”, reprovadas biblicamente.
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Qual deve ser a posição do cristão face ao carnaval ?
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No carnaval de hoje, são poucas as diferenças em relação às festas que estiveram na sua origem. Continuamos a assistir a imoralidade, promiscuidade sexual e bebedeira.
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Como cristãos não podemos concordar e muito menos participar em tais comemorações que vão contra os princípios claros da Palavra de Deus (Romanos 8.5-8; I Co. 6.20) (…).
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Fonte: Arsenal do Crente

quarta-feira, 2 de março de 2011

Breve estória de Quando os Alemães vinham de mão Estendida pedir Favores aos Portugueses...

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Adormeci e acordei hoje com a notícia a encher-me os ouvidos: José Sócrates e Teixeira dos Santos, quais frades mendicantes, vão a Berlim, depois de almoço, de mão estendida, pedir favores à "rainha da europa". Ou seja, vão mostrar a Merkel os trabalhos de casa e pedir que esta possa ser mais compreensiva e ter alguma condescedência com Portugal... Mas suspeito que ela os vai levar a comer umas bolas de Berlim, se é que por lá existe isso, e metê-los no avião de volta a Lisboa o mais rápido possível. É que, a fazer fé nas notícias que vêm da Alemanha, a "nobreza" teutónica não está pelos ajustes e diz que terá que puxar o tapete à chanceler se esta não for dura com os periféricos, que somos nós e mais uns quantos europeus que, pelos vistos não contam para mais nada do que para engordar o Pib alemão com a importação dos seus produtos.
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Mas as relações de Portugal com os alemães nem sempre aconteceram desta forma. Ou seja: outros tempos e outras situações houve em que alguns nobres alemães vieram pedir "batatinhas" aos portugueses. A coisa conta-se de um fôlego. Portugal era, em finais do século XV e princípios do XVI, e no contexto da europa de então, um país muito pouco populoso e com dificuldades em providenciar o seu povoamento. As razões para tal prendiam-se com várias causas, nomeadamente as da configuração geográfica do território, o seu posicionamento periférico e a instabilidade provocada pelas guerras entre o islão e os cristãos, particularmente no período da formação e da afirmação da nacionalidade, como diz José Vicente Serrão na obra "História dos Municípios e do poder local", do Circulo de Leitores. + Lamberte de Orques, um nobre alemão que se encontrava em Portugal à data de 1429, por razões que não vale a pena dispender aqui, apresenta ao nosso rei D. João I uma petição no sentido de se instalar definitivamente em Portugal, com a sua mulher e filhos e "gentes de outras nações" que ele faria deslocar para o reino no sentido de promover o povoamento da vila de Lavre ( que na actualidade integra o concelho de Montemor-o-Novo ). Pedia também a D. João I que lhe concedesse "privilégios, liberdades, franquezas e outras cousas necessárias para melhor povoamento da terra e proveito dos moradores d'ella" (1). Ora, este pedido vinha mesmo a propósito das necessidades da promoção do povoamento do território nacional e, por isso, a 17 de Julho de 1430, El Rei anui à petição e transforma Lamberto de Orques em donatário da vila e de várias léguas de território ao seu redor . A verdade é que nem D. João I nem Lamberto de Orques viveriam muito mais tempo e a própria doação de Lavre ao nobre alemão também não resistiria durante muitos anos.
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O filho primogénito do alemão, que vivia em Barcelona à morte do pai, apresenta a D.Duarte o seu direito sucessório de primogenitura e a reivindicação, baseada nesse direito, da doação régia feita ao seu antecessor, afirmando que pretendia vir instalar-se em Lavre. D. Duarte confirma a doação a João Lamberte e acrescenta às cláusulas da mesma que aquele deveria, no mínimo, "povoar o castello e o seu termo com 15 fogos de gente estranha que fosse de fora d'estes reinos", objectivo que teria que ser obrigatoriamente cumprido e verificado o seu cumprimento no prazo de três anos, para além de que o donatário não devia deixar, em situação alguma, que o número de povoadores diminuisse (2). O filho de Lamberto Orques achou que as cláusulas impostas eram de difícil cumprimento e renunciou à doação régia, cerca de um ano depois, entregando de novo Lavre e os seus termos à coroa.
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Ora esta história, que é real, poderia e deveria servir de exemplo e ilustração sobre a maneira de como se deve negociar com os alemães: mostrar-lhes quem é que manda cá em casa e quem é que dita as regras negociais; querem, querem, não querem , não querem, e vão à vida deles que a gente tem mais que fazer !! Mas suspeito que José Sócrates, que não é da estirpe de D.Duarte, e não tem, quase de certeza, conhecimento deste facto histórico, pois história de Portugal era coisa que não devia fazer parte do currículo da sua famosa licenciatura, vá apenas contentar-se em vir da Alemanha com umas "bolas de Berlim" enfiadas num saco de plástico com guardanapos de papel à mistura...
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É por isso que eu gosto de D. João I e de D. Duarte. Nada de cedências desnecessárias e inusitadas aos alemães, que eles não são de fiar, e para além do mais gostam de ficar com os nossos pastéis de nata e bolas com e sem creme a troco de mandarem para cá submarinos avariados e outro ferro-velho. Ora está bom de ver quem é que sai a perder... Nós, portugueses, como é óbvio.
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Por mim, proponho medidas drásticas de retaliação anti-alemã com efeito imediato: passar a designar as "bolas de Berlim" por "bolas de Lisboa"... A bem da nação, como dizia o outro... !!
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Jacinto Lourenço
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+ + 1) Henrique de Gama Barros, História da Administração Pública em Portugal nos Séculos XII a XV, Tomo II, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1896 + + + + + + 2) Idem + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + +' + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + ++ + +

terça-feira, 1 de março de 2011

A Política em Portugal na Visão (actual) de Eça de Queiroz

Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações.
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A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos sentidos e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva.
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À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos, (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.
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In Citações e Pensamentos de Eça de Queiroz - [Distrito de Évora], org. Paulo Neves da Silva, Casa das Letras

Pergunta: Que é que isto tem a ver com Fé ?!?

+ + + Foto no Púlpito Cristão

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Será Culpa dos Árabes ?

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Amin Malouf é Libanês. Nasceu no Líbano em 1949 mas vive em Paris, França, desde 1976. Jornalista e repórter, já esteve em trabalho em dezenas de países. É autor de diversos livros, entre eles, o que tenho em mãos e que estou a ler, "Um mundo sem Regras", e outros onde ressaltam as temáticas relacionadas com a realidade do Islão como "As Cruzadas vistas pelos Árabes". É por tudo isto que Amin Malouf sabe do que fala quando fala destes temas e da sua correlação com o Mundo Ocidental.
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Na Europa tendemos a diabolizar tudo o que se passa para lá do mediterrâneo, mesmo se não compreendemos muito bem o que se passa e porquê se passa. Consumimos assim toda a informação sem possibilidade de efectuar qualquer triagem que a possa coar e descodificar. É por isso que, depois, ficamos muito admirados com os recentes acontecimentos no mundo árabe. As ditaduras, os tiranos e os escroques que se instalaram no poder nos países do Islão e utilizam a exploração vil e a repressão criminosa como modo de domínio, não explicam tudo o que observamos. Talvez devamos, se não compreendemos tudo, pedir que nos expliquem, e de preferência a quem não fale de cátedra ou com a ligeireza do "directo" em cima do acontecimento, ao nível do chão, mas a quem tenha uma visão detalhada e um conhecimento, de facto, do que está a suceder nos países árabes na actualidade e que tem mais a ver connosco do que imaginamos.
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O livro de Amin Malouf, que estou a ler, foi editado em Português, em 2009, pela Difel, logo com uma distância de mais ou menos dois anos das actuais revoltas populares em diversos países do médio oriente, e é por isso que se torna mais interessante olhar o que já mesmo antes de 2009 tinha dito o escritor na edição em inglês.
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"O passado, e muitas vezes também a religião. O Islão é um santuário para a identidade como para a dignidade. A convicção de possuir a verdadeira fé, de estar prometido a um mundo melhor, enquanto os ocidentais estariam no desvario, atenua a vergonha e a dor de ser um pária na terra, um perdedor, um eterno vencido. Hoje, este é precisamente um dos raros domínios, talvez o único, onde a população ainda guarda o sentimento de ser abençoada entre todas as nações, de ser "eleita" pelo Criador, e não maldita e rejeitada.
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À medida que a situação dos árabes se deteriora no terreno, à medida que os seus exércitos se deixam derrotar, que os seus territórios se deixam ocupar, que as suas populações se deixam perseguir e humilhar, que os seu adversários se mostram todo-poderosos e arrogantes, a religião que deram ao mundo torna-se o último território onde a sua auto-estima sobrevive. Abandoná-la é renunciar à sua principal contribuição para a História universal, de certa forma é renunciar à sua razão de ser. Por isso, a questão que se coloca às sociedades muçulmanas nesta idade da dor não é tanto a da relação entre religião e política, mas da relação entre religião e história, entre religião e identidade, entre religião e dignidade. O modo como a religião é vivida nos países do Islão reflecte o impasse histórico em que os povos se encontram; se sairem dele poderão encontrar os versículos que convêm à democracia, à modernidade, ao laicismo, à coexistência; ao primado do saber, à glorificação da vida; a sua relação com a letra dos textos tornar-se-á menos exigente, menos fria, menos rígida. Mas seria ilusório esperar uma mudança apenas pela virtude de uma releitura. Perdoem-me se o repito mais uma vez: o problema não reside nos textos sagrados e a solução também não.
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Não há qualquer dúvida de que este impasse histórico do mundo muçulmano é um dos sintomas mais manifestos desta regressão para a qual toda a humanidade se dirige de olhos vendados. Será culpa dos árabes, dos muçulmanos, e da maneira como eles vivem a religião ? Em parte, sim. Não será também culpa dos ocidentais e da maneira como eles geriram ao longo dos séculos as suas relações com os outros povos ? Sim, em parte.[...] Será já demasiado tarde para se estabelecer um compromisso histórico que tenha em conta simultaneamente a tragédia do povo judeu, a tragédia do povo palestino, a tragédia do mundo muçulmano, a tragédia dos cristãos do Oriente e também o impasse para onde o Ocidente se esgueirou ? [...]
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Como vimos, Malouf, põe o dedo na ferida e anticipa muito daquilo que hoje nos chega. Infelizmente, creio que, de um lado e de outro do mediterrâneo, os povos irão continuar de costas voltadas enquanto o ódio cresce; e a planta do ódio, como vimos, alimenta-se da sua própria semente. Cristãos perseguidos e mortos no Oriente, muçulmanos marginalizados e hostilizados no Ocidente. Democracias formais de um lado e ditaduras de outro mostram-se incapazes de construir pontes credíveis que se espraiem para além do petróleo e do armamento.
+ Enquanto isso, a figueira continua a brotar... + + + + + + + + + + + + + + + + Jacinto Lourenço

Lisboa à Noite vista a 360 Km de Altitude

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Astronauta da ESA Paolo Nespoli é fotógrafo nas poucas horas vagas que tem a bordo da estação espacial e captou as imagens.
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+ Nos intervalos das experiências científicas e das tarefas de manutenção que sempre há a bordo da estação espacial internacional (ISS, na sigla inglesa), o astronauta Paolo Nespoli, há dois meses ali em missão, dá largas à sua paixão pela fotografia. Instala-se no módulo europeu Cupola, que tem uma vista soberba sobre a Terra, e vai fotografando o que vê lá de cima. Aqui está Lisboa à noite, captada pela sua objectiva. A ponte Vasco da Gama é uma linha de luz, o rio um túnel escuro e Lisboa uma bossa cheia de pontos luminosos. Portugal e Espanha, no interior do recorte preciso da Península Ibérica, competem nos focos de luz que deles emanam.
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Na sua viagem orbital em torno da Terra, a uma altitude de 360 quilómetros, ISS é o ponto ideal para captar esta visão do planeta. Com a nave de carga europeia desde há dois dias acoplada à estação e prestes a receber a visita do vaivém da NASA Discovery, ontem lançado, está prestes a tornar-se, ainda que temporariamente, a maior instalação espacial de sempre.
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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Arquivo Pessoal do Imperador D. Pedro II, do Brasil, Candidato a Património Mundial da Humanidade

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... A notícia de tal projecto foi divulgada na versão on-line do jornal Globo, transcrita abaixo com algumas supressões.
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«A visão do mundo por meio de relatos de um célebre viajante, Dom Pedro II, compõe um conjunto com 871 documentos da Casa Imperial do Brasil, que recebeu no início do mês o Registro Nacional do Comitê do Programa Memória do Mundo, concedido pela Unesco. A nomeação é o primeiro passo para que uma obra possa se tornar Patrimônio Histórico da Humanidade. Para isso, pesquisadores trabalham no Museu Imperial, em Petrópolis, na análise de outros 50 mil documentos deixados pelo monarca, à procura de mais relatos referentes às suas jornadas.
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— Para se tornar Patrimônio Histórico da Humanidade, a obra deve ter um tema que seja relevante para diferentes partes do mundo. Dom Pedro viajou pelos quatro continentes, em dezenas de países. De cada lugar ele fez um relato minucioso. Por isso, esperamos ser contemplados em 2012 com o título — diz a historiadora Neibe Machado da Costa, responsável pelo arquivo da Casa Imperial do Brasil. [...]. Depois de concluída a leitura do restante dos documentos, a Casa Imperial do Brasil planeja lançar publicações digitais e convencionais e catálogos educativos. Também está prevista uma grande exposição para 2014. [...].
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Um dos muitos diários do Imperador D. Pedro II (1825-1891)
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Viajar era, sem dúvida, uma paixão para Dom Pedro II. Num de seus diários, ele afirma que preferia não ter sido imperador para poder se dedicar mais ao turismo. O trecho diz: “Nasci para consagrar-me às letras e às ciências, e, ocupar posição política, preferiria a de presente da República ou ministro à de imperador. Se ao menos meu pai imperasse ainda estaria eu há 11 anos com assento no Senado e teria viajado pelo mundo.”
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Por meio dos 871 documentos já analisados pelas pesquisadoras da Casa Imperial do Brasil, sabe-se que ele passou por países de culturas completamente distintas, como o Canadá, a Rússia, a Turquia, a Alemanha e a Itália.
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— Temos documentos de pessoas que influenciaram Dom Pedro a conhecer determinado país. Ele tinha grandes amigos nos EUA, por exemplo. O que queremos é demonstrar as interligações pessoais e diplomáticas do imperador — explica a historiadora Neibe Machado da Costa, responsável pelo arquivo da casa.
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Uma de suas viagens mais marcantes ocorreu em 1876, justamente para os EUA, para onde ele foi como convidado de honra para a Exposição Universal, na Filadélfia, Pensilvânia. Foi lá que o imperador conheceu o telefone e se encantou, trazendo-o para o Brasil, que foi o segundo país a ter a invenção. Como presente aos anfitriões, ele levou um hino feito pelo maestro Carlos Gomes especialmente para os americanos. Em outra correspondência, com Guilherme Capanema, o Barão de Capanema, o imperador pede que ele compre três casas em Viena, na Áustria, onde pretendia montar o Museu da Cultura Brasileira. O projeto acabou não se concretizando.
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O Brasil não ficou de fora do roteiro de Dom Pedro II. Ele passou por diversas cidades do país e fez relatos detalhados de como era a vida nesses lugares. Um costume que tinha era o de, em cada município, visitar a Câmara, a cadeia e a escola. Em uma de suas viagens ao Espírito Santo, ele teve contato com os índios puris. Na ocasião, fez um pequeno glossário traduzindo termos do seu dialeto para o português. [...].
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— Os documentos são referentes a 50 anos da vida do imperador. Ainda estamos começando, mas a expectativa é que até 2012 o trabalho esteja concluído para que possamos divulgar essas passagens da vida dessa personalidade da História brasileira — conclui a pesquisadora.[...]»
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Navegação...

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Não se pode navegar ancorado. Se o barco for à vela, temos que puxar a âncora, içar as velas, e deixar que o vento impulsione nossa navegação. +
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... A ordem é avançar, cumprir a nossa vocação. Porém, para isso, é preciso esquecer, desvencilhar-se do que passou, e prosseguir para o alvo, “pelo prémio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp.3:14).
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Repare nisto: a vocação é soberana. Já nascemos com ela, e ela nos acompanhará até ao último minuto. Em Romanos 11:29, Paulo diz que os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis.
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Lutar contra isso é perda de tempo. Não se trata de algo que recebemos ao nos converter. É como aquele item que já vem de fábrica. O conselho de Paulo é que “cada um fique na vocação em que foi chamado” (1 Co.7:20). Ninguém terá sua vocação alterada ao se converter a Cristo.
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Mas não basta insistir em nossa vocação, é necessário que andemos de maneira digna da vocação com que fomos chamados (Ef.4:1). Temos que honrar nossa chamada, e buscar corresponder às expectativas de quem nos vocacionou.
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E finalmente, temos que procurar “fazer cada vez mais firme” a nossa vocação e eleição, para que nunca tropecemos (2 Pe.1:10).
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O que faz muita gente titubear e tropeçar é a falta de certeza daquilo que quer.
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A vocação não é fruto de nossas escolhas. É aquilo para o qual Deus nos escolheu. Portanto, trata-se de eleição divina e soberana. E enquanto não a cumprirmos, não nos sentiremos satisfeitos.
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A única maneira de nos sentirmos satisfeitos é actuando naquilo para o qual Deus nos chamou.
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Não existem vocações sagradas e outras seculares ou profanas. Todas as vocações são divinas. Se Deus te chamou para o ministério, Ele mesmo lhe habilitará para exercê-lo. Mas se Ele te chamou para actuar em outro campo, seja qual for, Ele também te capacitará. Porém, para tornar mais firme nossa vocação, devemos buscar aprimorar-nos naquilo que fazemos, aplicando-nos, estudando, esmerando-nos no afã de alcançarmos a excelência.
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Deixe-se atrair para o futuro. Abrace o desafio que lhe está proposto, e siga o seu destino, sem se distrair com nada, sem olhar para direita ou para esquerda.
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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011