sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Rosto de Deus

Rafael, Michelangelo e vários outros pintores tentaram retratar o rosto de Deus. Foram infelizes. Como mostrar na tela quem nunca foi visto? Com a proximidade do Natal, mais artistas procuram esboçar o que imaginam ser o rosto de Deus.
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Ele se parece com uma criança? É o frágil bebé das manjedouras? Talvez; o reino do céu pertence aos pequeninos, aos que mamam. Ao tentar desenhar o mistério, o artista termina com um ídolo.
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O rosto de Deus, entretanto, pode ser experimentado nos sem-teto que perambulam pelas ruas e dormem nos viadutos das grandes cidades. Quando Jesus nasceu, a família estava sem moradia certa, não possuía recursos para pagar uma hospedaria e viu-se obrigada a refugiar-se em um estábulo.
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O rosto de Deus pode ser percebido em vítimas de preconceito e em injustiçados. Sobre o menino que nasceu em Belém pairou uma dúvida: ele era de facto filho de José? O casal não inventara aquela história toda para se safar de um rolo?
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O rosto de Deus se revela nos desprezíveis, nos que foram condenados à margem da história. Quando o menino nasceu, ninguém notou ou escutou o alarido dos anjos. A trombeta que anunciou paz na terra pela boa vontade de Deus passou desapercebida da grande maioria. Apenas um punhado de pastores foi sensível para presenciar o momento mais importante da história.
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Qual o rosto de Deus? Ele não se parece com os cartões postais ou com o menino de barro das lapinhas. Deus é igualzinho a Jesus. E Jesus é bem parecido com o vizinho do lado, com a mulher que pede socorro na delegacia do bairro e com a família que chora a morte do filho no corredor do ambulatório.
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Não é preciso muito para encontrar Deus, basta um coração de carne, humano.
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Soli Deo Gloria
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O Esplendor da Criação de Deus

+ + + Dica do Manuel Rodrigues Soares

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Manuscritos do Mar Morto disponíveis Online

(Foto: Cristianismo Criativo - Trecho do Livro de Salmos)

A Google de Israel e a Israel Antiquities Authority criaram uma versão online dos Manuscritos do Mar Morto. Os utilizadores poderão fazer o download das imagens digitalizadas com dados adicionais, permitindo permitindo-lhes pesquisarem uma ampla gama de áreas em vários idiomas e formatos. O projecto usa imagens de alta resolução para a colecção de 900 manuscritos que compreendem cerca de 30 mil fragmentos. Os textos incluem transcrições, traduções e bibliografia. Está será a primeira vez que os pergaminhos serão fotografados integralmente desde os anos 50. Os Manuscritos são considerados uma das maiores descobertas arqueológicas da História. Foram encontrados entre 1947 e 1956 nas cavernas de Qumram, uma fortaleza a leste do Mar Morto localizada no que foi historicamente parte da Judéia. Foram escritos em grego, hebraico e aramaico, entre o século III a.C. e o ano 70 d.C., quando foi destruído o segundo Templo de Jerusalém. Os textos confirmam o Velho Testamento e foram escritos, na sua maioria, pelos essénios, uma seita judaica. Até à descoberta dos Manuscritos, os únicos textos em hebraico do Velho Testamento eram do século X.
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Mais informações clicando aqui.
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O Laboratório de Deus

Temos de admitir que o conhecimento do Cosmos e da vida não seria hoje o mesmo sem a “passadeira vemelha” que Ptolomeu lançou à ciência e sem algumas ideias naturalistas que Darwin deixou ( quanto mais não seja, pela discussão que permitiram e pela possibilidade que trouxeram aos cristãos de, também aqui, no campo da ciência, afirmarem a sua fé ). Mas admitiremos igualmente que as ideias, a quase roçar o determinismo, de um e de outro, deram origem a um misticismo e falsa ciência que se prolongaram até ao século XXI. A centelha determinista, reconhece-se aliás, ainda que numa outra dimensão, na teoria do determinismo de Marquis de Laplace (1740-1827) que não deixava escolha à verdadeira ciência ao dizer que a química e a física fixavam determinantemente o resultado de todos os actos causativos.
+ O determinismo punha de parte qualquer intervenção divina na sua criação. Era como se o criador estivesse proibido de mexer no que criara. “Ainda hoje, são poucos os cientistas que aceitam o conceito de um Deus que intervém na nossa vida diária “violando” as próprias leis da natureza que Ele criou”, diz Gerald Schroeder. Pois é: ficaríamos “entregues” ao determinismo se não tivessem sido encontrados alguns princípios físicos e mecânicos que permitem constatar que “causas idênticas não produzem sempre efeitos idênticos” (G.Schroeder – “Deus e a Ciência”) Ou seja : a mecânica quântica permite observar que, dentro dos limites da natureza criada por Deus, existe uma confirmada tendência que abre espaço para que algum efeito sujeito a uma causa rígida possa ter um rumo diferente.
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Voltando a Schroeder, ele afirma que “ a mecânica quântica alterou o nosso conhecimento da natureza. […] Os “milagres” de um Deus pessoal tornam-se […] observáveis do ponto de vista científico nos laboratórios de física”. A isto, os cientistas (alguns) incapazes de reconhecer a soberania de Deus sobre a sua criação, preferem responder mistificadamente que ”a mecânica quântica revelou que apenas há acontecimentos sem causas suficientes". Isto é: ” acontecimentos que podem ser observados mas não explicados por condições precedentes” ( G. Schroeder – “Deus e a Ciência” )… Como em tudo na vida, a boa ciência é a que procura explicar-se até a si própria e tem a capacidade de deixar sempre uma porta aberta para a compreensão daquilo que ainda pertence aos desígnios de Deus. O Salmista dizia : “…Tu me cercaste e puseste sobre mim a tua mão. Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir. Para onde irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também; se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua dextra me susterá. Se disser: decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à minha volta. Nem ainda as trevas me escondem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa. Pois possuis-te o meu interior; entreteceste-me no ventre de minha mãe” (Salmos 139:5-13).
+ + Jacinto Lourenço

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Nós, Cristãos, versus a Pseudo-Ciência

De entre as tentativas esboçadas por várias personalidades, de todos os tempos, para a explicação da criação, tal como ela se nos apresenta, salientam-se algumas que rejeito liminarmente por não revestirem quaisquer hipóteses de ciência honesta, mesmo aos olhos de pessoas que, não sendo cientistas, como eu, nem tendo nesse campo qualquer espécie de pretensiosismo, procuram, isso sim, conhecer as diferentes abordagens científicas ( ou que se pretendem apresentar como tal ). Certos esboços de pseudo-ciência enfunam no espavento da arrogância intelectual ou num forçado hermetismo tantas vezes mistificador da falta de profundidade, rigor e alcance da irrefutável prova, onde cabe também, em minha opinião, o evolucionismo de Darwin. Não o rejeito apenas com a explicação “porque não”, ou apenas porque sou cristão ( e podia fazê-lo nesta condição, por ser integralmente criacionista ). Não o aceito porque não faz sentido nenhum admitir que um ser vivo é obra do acaso circunstancial. ( Lembram-se dos defensores da “geração espontânea” posta em causa pelo Holandês Huygens – pioneiro do Microscópio - e completamente desmistificada, mais tarde, entre outros, por Luis Pasteur !?). Mas o que deixo dito não me impede de admitir que qualquer ser vivo, homem incluído, é influenciado pelo ambiente que o cerca e que com ele interage. Gerald Schroeder, em “Deus e a ciência” (Europa América 1999), afirma «que o Universo está sintonizado com a vida desde o início. No Génesis, a vida aparece ao terceiro dia pela primeira vez. Mas a palavra criação não é mencionada. É-nos dito : “a terra trouxe vida”. A terra já tinha em si mesma as propriedades necessárias para a vida florescer ». Ainda que a comparação possa não ser a mais indicada, mesmo assim não resisto a fazê-la : era como se a terra já estivesse povoada de “células estaminais vegetais” com capacidade para poderem fazer aparecer uma vida que não poderia existir sem que estivessem observadas determinadas condições, nomeadamente as verificadas no segundo dia da criação com a separação das águas e o mais que provável aparecimento das primeiras chuvas sobre a terra que fariam “explodir”, para a sua superfície, toda a vida vegetal, e nada disto invalida ou põe em causa a infinita sabedoria de Deus no acto criativo, antes pelo contrário.
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Jacinto Lourenço

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Nos Braços do Pai

Olá! Vou escrever de novo sobre este assunto, pois sei que temos o péssimo costume de estar sempre nos esquecendo dos cuidados e do amor que o Senhor tem por nós. Não é um cuidado anual, nem mensal, diário, a cada hora, cada minuto. Não. O Senhor cuida de nós a cada fracção de segundo. Jesus cuida de você e de mim, ainda que fiquemos desapercebidos. E para lembrar desse cuidado, quero meditar um pouco na palavra de nosso (aba pai) Paizinho.
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1 - Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós. I Pedro 5:7.
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Nestes tempos em que as mudanças acontecem tão rapidamente: tecnologia, emprego, desemprego, violência, dívidas, problemas familiares, falta de dinheiro, doenças, você não consegue ficar imune a isto. Ficamos preocupados até com o tipo de liderança espiritual que nos guia. Mas em qualquer outro tempo, a falta de tempo para estar com o Senhor, pela oração e solidão é uma realidade. Vivemos no meio de uma geração de pessoas ansiosas. Se não separarmos um tempo diário para conversar com Deus, essa ansiedade vai aumentar e nos deprimir. Eu costumo resolver duas coisas ao mesmo tempo: saio cedo para o trabalho, e desço uns dois quilômetros antes, para caminhar. Orar. Isso me faz passar o dia com um coração mais tranquilo. Eu prefiro confiar a me preocupar.
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2 - Uma coisa pedi ao Senhor e a buscarei: que possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor e aprender no seu templo. Salmo 27:4.
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Nossa geração tende ao individualismo. É muito crítica, inclusive com tudo que acontece dentro da Igreja. Em lugar de ver a formosura do Senhor, nossos olhos e ouvidos buscam o lado ruim de nossos irmãos, da música, dos pastores. Estamos olhando para os lados e para baixo. Não me admira que estejamos mesmo descontentes. Os olhos do Senhor nos vê de forma diferente. Aprendi que se nossa vida estiver contida em um copo vazio, e for apenas uma ou duas gotinhas de água, O Senhor se alegra pelas duas gotinhas. Ele comtempla e sorri por elas, mesmo que o copo inteiro estivesse vazio. Seu olhar mira aquilo que estamos desabituados de enxergar. Viu uma Igreja com biliões de almas, tantos como a areia da praia, onde só havia 12 homens incultos e pobres. Quando nos detemos nos defeitos dos outros, deixamos de ver a obra do Senhor na vida deles. Nem os braços do Pai em volta deles.
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3 - Disse-lhe [Jesus] pela terceira vez Simão filho de Jonas, amas-me?
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Esta mesma pergunta, o Senhor também está fazendo para mim. E talvez para você...Não posso me esquecer de tudo que Ele fez; que me deu; das alegrias que passei; das lágrimas que chorei diante da sua face. Ansioso, apressado, esquecido. Isto sou eu e talvez você. Nós no final da década do século XXI. Estamos sempre nos esquecendo de lembrar das muitas bênçãos, livramentos e respostas de oração, que Ele nos deu, livrou, respondeu. O Salmo 103 diz: "Bendize ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de NENHUM de seus benefícios.
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4 - Tenho o cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.
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O velho ressentimento. Como é difícil limpar isso. Deus tem bênçãos muito maiores no futuro, mas você continua insistindo em lamentar-se sobre aquele prejuízo, aquela mágoa, ou as palavras duras que ouviu no passado. Estas coisas são muito fáceis de lembrar. Mas com a ajuda do Senhor elas devem ser sepultadas, para que se liberte do passado, e seja abençoado/a no futuro. Eu tive que fazer isto muitas vezes, e o resultado sempre me surpreendeu. Não vale a pena ficar enraizado em amarguras passadas. Jesus nos ensinou a perdoar. O perdão é uma forma de dizer: eu amo você. É uma decisão consciente, mesmo que tenhamos que passar por cima de nossos sentimentos. Deus já nos perdoou uma grande dívida, e rasgou sem hesitação a cédula que manchava nosso nome. A dívida dos que se chegaram a ele, como filhos pródigos.
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O Senhor responde nossas orações. E se não tem respondido, precisamos atentar para a Palavra que vem nos dizendo. Se é algum pecado precisamos confessar? Um vício, mau costume, que devemos abandonar? Ou trata-se de um tempo que devemos esperar?
+ Não! Não podemos esquecer, desistir; as maiores bênçãos são fruto de oração e comunhão. Arranje tempo. Persevere, insista, busque, bata. Há uma porta que o Senhor vai abrir, para os que permanecem esperando.[...]
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Dias, como este...

Há dias, como este, em que não rejeitamos a companhia de Elias no Horebe. Em que estamos com David em Ziclague, ou com Moisés no Sinai. Em que sentimos, como Paulo, escamas nos olhos do nosso entendimento, em que não palpamos o rumo para a viagem. Há um tronco que não nos amarra, antes nos afaga as dores. Há dias, como este, em que não lhe entendemos a alegria, ou reparamos mais nas sombras e menos na luz . Há dias, como este, em que as palavras não são nossas amigas e os corvos do profeta, ao invés de pães, nos entregam silhuetas negras. Dias em que sombras de aboboreira não nos aconchegam. Dias, como este, em que o mar é nosso inimigo; espreitamos, por detrás de Josafá, por cima do seu ombro, os contornos da Síria e dos seus valentes. Dias, como este, em que não há força, plano ou projecto. Dias, como este, que nos parece mil anos.
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Há dias, como este, em que os desertos parecem pequenos demais e o tempo corre furioso a roubar-nos a solidão. Dias, como este, em que a poesia não nos anima nem nos interpreta o coração.
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Em dias, como este, somos José vendido a Potifar. E a pátria tão longe !
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Em dias, como este, somos barro ainda em lameiro. Não na roda do Oleiro.
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Em dias, como este, somos pedintes siro-fenícios a regatear migalhas no pó. Ouvimos o silêncio dizer que é demais o que aspirámos. Pesamos, sem aferimento, a corrida louca, na contra-mão em que nos projectaram, e onde buscamos, no cinza-baço dos sinais, direcções ocultas. Somos alegoria da caverna.
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Em dias assim, como este, somos pequenos demais. Só Cristo mede a nossa dimensão.
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Em dias, como este, não queremos favos de mel. Justiça e Misericórdia serão repouso e refeição. Ouvir Deus, sentir Deus, bálsamo precioso e único que nos embala o momento.
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Que em dias, como este, o céu se cubra de Glória e não de chumbo.
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Jacinto Lourenço

domingo, 14 de novembro de 2010

"Pensamentos e Frases de Charles Spurgeon"

"Que o seu molho de lã fique na eira da súplica até que seja molhado com orvalho do céu"
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"A oração em si mesma é uma arte que somente o Espírito Santo nos pode ensinar. Ele é o doador de todas as orações. Rogue pela oração - ore até que consiga orar, ore para ser ajudado a orar e não abandone a oração porque não consegue orar, pois nos momentos em que você acha que não pode, é que realmente está fazendo as melhores orações. Às vezes quando você não sente nenhum tipo de conforto com suas súplicas e o seu coração está quebrantado e abatido, é que realmente está lutando e prevalecendo com o Altíssimo."Sussurros que não podem ser expressos em palavras são frequentemente orações que não podem ser recusadas".[...]
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Ler texto integral AQUI no Blogue de Renato Vargens

sábado, 13 de novembro de 2010

Perceber Tudo sobre o Novo Acordo Ortográfico

Se está a ler este texto, então consta seguramente do vasto número de utilizadores da língua de Camões, Pessoa, Jorge Amado, Sena, Torga, Eça, Camilo e tantos outros ilustres falantes.
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Alguma imprensa portuguesa já está a utilizar a grafia do novo acordo ortográfico. Outra, por sua vez, insiste em continuar com a mesma que eu próprio utilizo, e não vê grandes razões para mudar. As duas opções são acertadas, pelo menos nos tempos mais próximos.
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Na verdade, embora se trate da língua portuguesa, nós, portugueses, não somos seus "donos". Uma língua nunca terá fronteiras que a barrem. É um valor transcultural que não pode ser colocado numa redoma. Assim sendo, a língua, portuguesa ou outra, ao ser utilizada por diferentes gentes, outros povos, e exposta a novas realidades culturais, costumes, percepções, geografias, assume um dinamismo que os seus falantes nem sempre controlam. Ora, do meu ponto de vista, mais vale que as nações que usam uma ferramenta comum tão importante como a língua, neste caso a língua portuguesa, se ponham de acordo à volta de um conjunto mínimo de regras que a normalizem gráfica e foneticamente do que não terem nada e, daqui por algum tempo, provavelmente não na minha geração, cada uma estar a falar um sucedâneo do português.
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Em matéria de acordos ortográficos, como em tudo na vida, não se trata de quem é "dono" da língua ou de quem vai ceder para que os falantes de todas as latitudes se aproximem o mais possível; trata-se simplesmente de defender a língua portuguesa para o futuro sem a desvirtuar na sua génese mas sem perder também de vista que há especificidades culturais de cada nação que todos teremos que entender. Qualquer língua, enquanto valor cultural, patrimonial e identitário de cada povo que a adopta como veículo de comunicação e expressão, descobrirá sempre novos caminhos, seja isso ou não da nossa vontade, para além de que o valor intrínseco de uma língua está também na unidade que pode criar.
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Engraçado é que a língua portuguesa que falamos hoje, e que resulta precisamente do dinamismo linguístico que referi, tem já grandes diferenças daquela que se usava há dois ou três séculos atrás, para não dizer menos ainda, e nem mesmo os mais puristas ousariam hoje escrever e falar o português desse tempo. Seria ridículo e tolo. Visto assim, ainda se percebe menos algumas posições "ultra" contra o acordo ortográfico que, friso de novo, em minha opinião, visa defender a língua portuguesa que é "pátria" de cidadãos de diversas origens e diferentes realidades culturais, facto que só enriquece os seus falantes .
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Detratores e defensores de qualquer acordo ortográfico sempre existirão. No entanto é bom não deixar de pensar que, nesta matéria, o purismo nunca fez carreira. As gerações sucedem-se e a língua fica e adapta-se a novas realidades que não são de todo controláveis , muito menos nesta era da tão propalada globalização. Deixo AQUI, para os que querem perceber tudo sobre o novo Acordo Ortográfico, um Guia Prático do mesmo, publicado pelo Jornal de Letras, Artes e Ideias, com as alterações introduzidas.
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Jacinto Lourenço

Portugal Visto pela banda Espanhola "BLA"

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Artigo no Jornal de Letras, Artes e Ideias

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Johannes Kepler - Cristão e Cientista Corajoso

As contribuições de Johannes Kepler ( “astrólogo” – assim eram designados na antiguidade os actuais astrónomos ou astrofísicos ), alemão nascido em 1571, protestante e estudante de teologia no início da sua vida académica, foram, segundo diz Carl Sagan em “Cosmos” “…de grande audácia e de importância fundamental…” para a compreensão das leis físicas que regem todo o universo, à semelhança, aliás, da importância que teve também Galileu para essa mesma compreensão. Diz ainda Sagan que Kepler, sendo o último astrólogo científico, foi o primeiro astrofísico da história. Tal como aconteceu com Galileu, condenado pela igreja católica pela insistência na defesa da teoria heliocêntrica, não seria fácil para Kepler fazer aceitar a sua tese de que, para além do sol se encontrar estático, os planetas circundavam-no em rotas elípticas e não em círculos perfeitos, como era defendido pelos tradicionalistas, (“convictos de que um Deus perfeito nunca iria colocar os planetas a realizar órbitas em círculos imperfeitos”…- Carl Sagan in Cosmos” ) sendo que isso derivava precisamente da atracção que a nossa estrela exerce sobre os corpos que o rodeiam nos seus movimentos de translacção. Para além de se ter dedicado ao estudo de diversas ciências que lhe permitiram olhar os planetas numa outra perspectiva, Kepler era um cristão convicto que achava que Deus exercia uma influência no universo que ia muito para além de simplesmente se ocupar a aplicar a ira divina e a exigir sacrifícios. O Deus que Kepler conhecia, era e é o mesmo que nós conhecemos: o Criador de todo o universo. Quando em 1543, antes portanto de Kepler e Galileu, um clérigo católico Polaco, de nome Nicolau Copérnico, entregou ao mundo as suas convicções acerca do movimento heliocêntrico dos planetas, que punha desde logo em causa todo o conhecimento trazido à luz por Cláudio Ptolomeu e que durou cerca de mil anos, o mundo religioso e científico de então abanou. Não esqueçamos que Ptolomeu bebera muito em Aristóteles e na ideia dos quatro elementos, água, fogo, ar e terra, que dominavam, segundo a escola Aristotélica, os comportamentos dos seres , pelo que algumas bizarrias que Ptolomeu sustentava vinham na sua peugada. “Ptolomeu acreditava que não só os comportamentos eram influenciados pelos planetas e estrelas mas também que as questões de estatura, tez, nacionalidade e até deformações físicas congénitas eram determinadas pelas estrelas” ( Carl Sagan – “Cosmos” ). A ser assim, Darwin podia ir para casa descansar e colocar a sua teoria da evolução no triturador da história. Em conformidade com as ideias Ptolomaicas, não existiria espaço para nenhuma alteração incutida, pelo meio, aos seres vivos. Coisas simples, como por exemplo, o tipo de alimentação, que tem influência nas alterações morfológicas das gerações ou o clima, que exerce uma tremenda pressão sobre as condições em que nos movemos alterando o modo de vida e desafiando os limites de adaptabilidade dos seres vivos ao mesmo, fazem surgir, em diferentes latitudes geográficas, fortes clivagens morfológicas e fisionómicas, entre outras. Mas estas observações informam-nos que, embora o meio exerça este tipo de constrangimentos, ele nunca contrariará os princípios básicos que presidiram à criação de Deus.
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Jacinto Lourenço

Uma Super-Star Canina

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Interpelar o Tempo

O livro de Actos dos Apóstolos narra-nos, no capítulo oito, a história do etíope que, regressando ao seu país, após a peregrinação a Jerusalém, lia o profeta Isaías. Filipe, o apóstolo, que de perto observava, recebeu um “toque” do Espírito Santo, que lhe disse: “chega-te e junta-te a esse carro”. Curioso, o facto de que o Espírito Santo não lhe tivesse dito o que fazer. Filipe, porém, sabia exactamente o que fazer e dizer : entendes tu o que lês ? . Foi a sua pergunta ao etíope. “Leio mas não entendo. Ninguém se prontificou para me explicar, para me mostrar qual o caminho a seguir ou mesmo, como interpretar os sinais que leio ?!” . Este será porventura o entrelinhado da resposta do etíope a Filipe.
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Como cristão não me chega ler, ouvir e interpretar. Tenho que guardar aquilo que a Palavra de Deus me ensina. Não ser apenas observador do tempo que outros deixam correr sem interpelar a significação dos sinais que deixa. Não devo apenas celebrar a sua passagem “assobiando para o lado” e fingindo que tudo o resto que me rodeia não me diz respeito. No meu caso, como cristão, viver este tempo implica estar preparado para aplicar, como Filipe, no momento oportuno, aquilo que recebi. Estar atento ao que o Espírito Santo me diz, sem fazer “orelhas moucas” à voz de Deus. Preciso “chegar-me” aos que lendo não entendem e aos que ouvindo não percebem, ou não querem perceber. E não preciso que o Espírito Santo me esteja sempre a dizer, a cada momento, o que devo fazer ou dizer; desde que Ele habite em mim, serei sensível aos seus desejos e aos seus propósitos. Basta-me um “toque” seu para que eu saiba o que devo fazer. Ou, como diz Pedro, na sua primeira epístola: ”… estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” ( l Pedro 3:15).
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Jacinto Lourenço

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Bíblia e a Ciência

O filósofo medieval Moisés Maimónides afirmou que "os conflitos entre a ciência e a bíblia surgem de uma falta de conhecimento científico ou de um conhecimento defeituoso da bíblia". É um problema permanente. Os peritos em ciência podem supor que, embora a pesquisa científica exija um esforço intelectual cuidadoso, a sabedoria bíblica obtêm-se apenas através de uma simples leitura da bíblia. Pelo contrário, os teólogos, que dedicaram décadas a escavar as profundesas da sabedoria bíblica , frequentemente satisfazem a sua curiosidade científica através de artigos de imprensa, supondo então que podem avaliar a validade das descobertas científicas. A "oposição" é sempre vista com um nível de conhecimento muito baixo. Não admira que o "outro lado" pareça superficial, mesmo ingénuo. Para relacionar estes dois campos de forma séria é necessário um conhecimento profundo de ambos.
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Do Livro Deus e a Ciência. Autor Gerald L. Schroeder. Publicações Europa América. pág. 19

Jesus, Salomão, o Tempo e o meu avô José.

É importante ter conhecimento. A luta pela supremacia na sua aquisição insere-se hoje nos programas e objectivos de todos os quadrantes da actividade humana. Mas o conhecimento, em si, não pode deixar reféns de matrizes ou ideias feitas aqueles que o procuram e desejam. Seria aliás uma incompatibilidade formal se tal se verificasse. Conhecimento é passaporte para além do imediatismo, sendo que este último reduz o ser humano à escuridão da caverna e à redundância da vida que se pretende encerrar no utilitarismo dos ciclos temporais da humanidade de todos o séculos. Acho que era isso que Jesus queria dizer ás multidões no Evangelho de Lucas :
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“Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis, então, discernir este tempo ?”.
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O sábio Salomão disse saber que há um tempo e um propósito para tudo debaixo do céu. Não sei se o meu avô José saberia dizer quem foi Salomão. Provavelmente sim; quanto mais não fosse pelo conhecimento que tinha da avisada sentença que o rei proclamou sobre a pertença da criança disputada por duas mulheres, relatada pelo Livro Sagrado. Mas há uma coisa que eu tenho a certeza que ele sabia: dar, e receber crédito do tempo e “adivinhar-lhe” os contornos pelos sinais que este lhe transmitia.
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Hoje fala-se genericamente de crédito financeiro, crédito hipotecário. Economia de casino, dinheiro virtual sem correspondência prática a nenhum outro valor tangível. O tempo, não é um valor virtual nem intangível. Apesar de o sentirmos e de assistirmos à sua passagem, não podemos fazer nada para contrariar a sua marcha. Aprisionamo-lo em caixas de relógios e ele liberta-se de imediato em circulares movimentos de sentido único. Não gosta de cadeias, o tempo. Mais do que muitas vezes o consideramos nosso inimigo; ele continua a provar-nos o contrário e estabelece connosco uma troca justa: pede-nos e dá-nos crédito, e ensina-nos a discernir o saldo que resulta das colunas "deve" e "haver". Aprender a ler os tempos e o que eles nos dizem, dia a dia, era o conselho do Mestre para o povo, naquele momento. Sem isso, sem esse conhecimento, seremos pouco menos que analfabetos, por muito que seja o nosso conhecimento.
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Jacinto Lourenço