quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Deus, o Universo, Kepler e Ptolomeu...



O contributo de Johannes Kepler, astrólogo - assim eram designados na antiguidade os actuais astrónomos ou astrofísicos - alemão nascido em 1571, protestante e estudante de teologia no início da sua vida académica, foi, segundo diz Carl Sagan em Cosmos, de grande audácia e de importância fundamental para a compreensão das leis físicas que regem  o universo, à semelhança da importância que teve também Galileu para essa mesma compreensão.  Diz ainda Sagan que Kepler, sendo o último astrólogo científico, foi o primeiro astrofísico da história.  Tal como aconteceu com Galileu, condenado pela igreja católica romana pela defesa e insistência na teoria heliocêntrica, não seria fácil para Kepler fazer aceitar a  tese de que, para além do sol se encontrar estático - como já era conhecido - os planetas circundavam-no  em rotas elípticas  não em círculos perfeitos, como  defendido pelos tradicionalistas convictos de que um Deus perfeito nunca iria colocar os planetas a realizar órbitas em círculos imperfeitos ( Carl Sagan - Cosmos) e que isso derivava precisamente da atracção que a nossa estrela exerce sobre os planetas  que a rodeiam quando efectuam os movimentos de translacção.
  
Para além de se ter dedicado ao estudo de diversas ciências que lhe permitiram  olhar os  planetas numa outra perspectiva, Kepler era um cristão convicto que achava que Deus exercia influência permanente no universo e que isso  era muito mais do que apenas «uma brincadeira  no  intervalo do recreio de todas as outras actividades  divinas». 

Quando em 1543, antes portanto de Kepler e Galileu, um clérigo católico polaco de nome Nicolau Copérnico entregou ao mundo as suas convicções acerca do movimento heliocêntrico dos planetas,  que punha desde logo em causa todo o conhecimento trazido à luz  por Cláudio Ptolomeu e   que durou cerca de mil anos, o mundo religioso e científico de então foi completamente abalado.  Não esqueçamos que Ptolomeu bebera muito em Aristóteles e na ideia dos quatro elementos, água, fogo, ar e terra, que dominavam, segundo a escola Aristotélica, os comportamentos dos seres , pelo que algumas bizarrias que Ptolomeu sustentava vinham na esteira desse posicionamento.                                                             

Ptolomeu acreditava que, não só os comportamentos eram influenciados pelos planetas e estrelas, mas também que as questões de estatura, tez, nacionalidade e até deformações físicas congénitas eram determinadas pelas estrelas - Carl Sagan - Cosmos


Jacinto Lourenço