...Somos uma folha de papel, somos um sopro.
Aquelas merdices que nos dão voltas na cabeça, que nos consomem, não têm qualquer valor.
Haveremos de arrepender-nos de cada uma delas . A derrapagem de um pneu na estrada ou qualquer outro acaso banal irá abrir-nos os olhos para uma realidade maior. Então, iremos surpreender-nos com aquilo que, afinal, sempre soubemos que iria ser assim. Já lemos em livros, vimos em filmes, ouvimos em canções, fomos avisados mil vezes e, no entanto, precisamos que aconteça. Mesmo. Já vem na nossa direcção. Quando esse instante chegar, haverá verdades que se tornarão únicas e talvez nos admiremos por termos sido capazes de as ignorar com tanta força.
José Luis Peixoto in Visão - 14/03/2013
Estava a ler um texto do José Luis Peixoto, consagrado escritor português, por sinal alentejano, e retirei o trecho que aqui publico. Ao mesmo tempo vieram à minha memória várias passagens bíblicas. De entre elas, seleccionei esta: Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. ( Mateus 6:34). Depois pensei que este versículo não nos incita ao desleixo com a nossa vida ou à ausência de planeamento, mas sim a não deixarmos que os problemas nos dominem de tal maneira que percamos a noção sobre quão valiosa é a vida para a desperdiçarmos em coisas menores, mesquinhas, na maioria dos casos. Encarar os problemas e aborrecimentos não significa que eles tenham que nos esmagar a tal ponto que deixemos de poder olhar para Aquele que é tudo em nós e que tem a solução do que nos parece insolúvel. Sim, somos um sopro, e nisto José Luis Peixoto concorda com o Salmista: O homem é semelhante a um sopro; os seus dias são como a sombra que passa. ( Salmos 144:4 ).
O desafio, como conclui aliás José Luis Peixoto, é vivermos a nossa vida sem que ela se constitua, diariamente, num fardo de difícil transporte. Não foi esse o projecto divino para nós. Não é isso que Deus deseja.
Jacinto Lourenço