sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

"BRASIL IMPREGNADO DE EVANGÉLICOS"

"Só entre 2000 e 2003, a percentagem de evangélicos naquele país subiu de 15 para 18% e está em crescendo - 17% dos jovens entre os 15 e os 29 anos afirmam-se evangélicos em termos de religião -, ao contrário dos católicos, que vão diminuindo a um ritmo de 1% anual."

"Religião: três quartos dos brasileiros ainda são católicos."

"TODOS OS ANOS HÁ DOIS MILHÕES DE CONVERTICOS. TEMPLOS PROSPERAM."

Discotecas, bares, restaurantes, academias de música e DJ de drum'n'bass gospel, ginásios, agências matrimoniais, milhões de livros e discos vendidos, televisões e rádios, templos que parecem salas de espectáculos, partidos políticos e frentes parlamentares, dízimos e merchandising, as igrejas e cultos evangélicos movimentam anualmente no Brasil à volta de três mil milhões de reais (cerca de mil milhões de euros). Um movimento em franca expansão desde que Edir Macedo e Romildo Soares fundaram a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em 1977, o primeiro dos cultos neopentecostais a aparecer no Brasil. Só entre 2000 e 2003, a percentagem de evangélicos naquele país subiu de 15 para 18% e está em crescendo - 17% dos jovens entre os 15 e os 29 anos afirmam-se evangélicos em termos de religião -, ao contrário dos católicos, que vão diminuindo a um ritmo de 1% anual.

A Igreja Católica brasileira perdeu mais de 15 milhões de fiéis nas últimas décadas, sendo que nove em cada dez desses ex-católicos se tornaram evangélicos, diz um estudo de 2004 do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (CERIS). Aquele que se autodenomina como o país mais católico do mundo ainda tem 73% de fiéis à doutrina do Vaticano, embora haja cálculos de que em menos de quatro décadas, metade da população seja evangélica.

A discordância dos princípios impostos pelo Vaticano, a sensação de não estar a ser acolhido e a falta de apoio em momentos difíceis são os três factores mais apontados pelos sujeitos do estudo do CERIS para justificarem o abandono do catolicismo. E a sangria parece não ser mais acentuada graças à Renovação Carismática Católica (RCC), o movimento que defende a utilização de alguns dos métodos dos neopentecostais para fazer passar a mensagem aos fiéis - televisão, canções, aeróbica, etc.

A RCC tem no padre cantor Marcelo Rossi o seu líder mais carismático. A imprensa brasileira refere a existência de mais de dez milhões de seguidores e a revista Veja cita um estudo de 2006 onde 30% da população urbana brasileira mostra simpatia por esta corrente. (…)”

Por António Rodrigues In jornal Diário de Notícias, 26, Janeiro, 2009.

Versão Integral do texto. LER AQUI