Sobre Galileu Galilei - texto 1
Galileu nasceu em Pisa, Itália, a 15 de Fevereiro de 1564, e vem a morrer em 08 de Janeiro de 1642. O seu túmulo encontra-se na Igreja da Santa Croce na cidade de Florença em Itália, e eu próprio já tive a oportunidade de o visitar.
De entre a sua obra, salientamos aqui os primeiros estudos do “movimento uniformemente acelerado” e do “movimento pendular”. Descobriu o príncipio da Inércia e outros conceitos associados a este, que haveriam de vir a estar na base de algumas ideias de Newton. Mesmo não tendo sido o inventor do telescópio, melhorou-o substancialmente e foi pioneiro na sua utilização para estudos astronómicos. Foi desta maneira que descobriu as manchas do Sol e as montanhas na Lua. As fases de Vénus, alguns satélites de Júpiter bem como alguns anéis de Saturno. Pode dizer-se, com toda a verdade, que os seus estudos e descobertas foram precursores da moderna ciência e do método científico que, naquele tempo, ainda “bebia” muito da fonte Aristotélica.
Pode igualmente, e muito justamente, considerar-se Galileu como o “Pai da ciência moderna” sem que isso retire ou acrescente algo aos que o precederam ou sucederam na defesa e desenvolvimento em todos os campos do saber.
Curioso, sem dúvida, é o facto de Galileu nunca ter sentido necessidade de abdicar da sua fé cristã para poder ser cientista. Outros importantes cientistas, de todos os séculos, o têm feito, de igual maneira, encontrando no seu trabalho de investigação mais motivos, e mais fortes, para consolidação da sua fé.
Pessoalmente, a verdade é que quanto mais me interesso por ciência, mais me aproximo de Deus e dos seus insondáveis mistérios criativos.
J.L.
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Sobre Galileu Galilei - texto 2
“A Herança de Galileu”
“Quando em 1609 Galileu apontou o seu telescópio para o céu mudou a face da astronomia, mas também o mundo: da ciência à religião. Agora, 400 anos depois, o Ano Internacional da Astronomia (IYA2009) comemora essa data, e sobretudo, a influência desta ciência na sociedade e cultura. É esse o tema do simpósio internacional que ontem começou em Paris.
"Galileu revolucionou a nossa percepção do universo e isso teve impacto na ciência, mas também na filosofia, na literatura, até na religião", lembra Pedro Russo, o português responsável pelo IYA2009.
Os céus estrelados dos quadros de Van Gogh, a música electrónica de Jean Michel Jarre, grande parte da ficção científica no cinema e na literatura, com todo um imaginário ligado ao espaço, são alguns dos exemplos da influência da astronomia citados por Pedro Russo. "Desde sempre as pessoas olharam para o céu à procura de respostas e isso reflecte-se em tudo", explica o astrofísico.
Também João Fernandes, presidente da Comissão Nacional do Ano Internacional, considera que a astronomia teve "um papel fundamental na estruturação do pensamento científico". "Copérnico, Galileu, Newton mudaram a ciência", diz.
Mas o impacto sente-se ainda em aspectos práticos, lembra João Fernandes, especialmente na área da fotografia e medicina. A listas de tecnologia desenvolvida na exploração do espaço transferida para o dia-a-dia "é infindável": é utilizada nas máquinas fotográficas digitais, para detectar lesões oculares, para construir próteses mais fortes e mais leves ou nas telecomunicações. "A exploração espacial empurra a tecnologia para novas fronteiras", diz Pedro Russo.
Na conferência, organizada pela União Astronómica Internacional e pela Unesco (e que decorre desde ontem e até sexta-feira), astrofísicos juntam-se a arqueólogos, biológos e gente das artes para discutir o tema - as comunicações podem ser vistas no site do simpósio (http/iaus260. obspm.fr).”
In Diário de Notícias de 20 Janeiro, 2009
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Sobre Galileu Galilei - texto 3
A condenação de Galileu pelo Santo Ofício
Urbano VIII [ Papa ], que chegou a afirmar que "a Igreja não tinha condenado e não condenaria a doutrina de Copérnico como herética, mas apenas como temerária" e tinha sido testemunha de defesa no processo de 1616, recebe Galileu no Vaticano, em seis audiências, e oferece-lhe honrarias, dinheiro (pensões, promoção académica, apoio científico) e recomendações. No entanto o Papa não aceita o pedido de Galileu para revogar o decreto de 1616 contra o heliocentrismo. Pelo contrário, encoraja Galileu a continuar os seus estudos sobre o mesmo, mas sempre como sendo ainda uma hipótese matemática útil porque simplificava os cálculos das órbitas dos astros e significava um avanço científico que contudo não estaria ainda suficientemente maduro para a época.
É neste contexto que Galileu escreve “Dialogo di Galileo Galilei sopra i due Massimi Sistemi del Mondo Tolemaico e Copernicano”, por vezes abreviado para “Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo” (Diálogo sobre os dois grandes sistemas do mundo) completado em 1630 e publicado em 1632, onde voltou a defender o sistema heliocêntrico e a utilizar como prova a sua teoria, incorrecta, das marés. É um diálogo entre três personagens, Salviati (que defende o heliocentrismo), Simplício (que defende o geocentrismo e é um pouco tonto) e Sagredo (um personagem neutro, mas que acaba por concordar com Salviati). Esta obra serviria de base ao processo da Inquisição contra Galileu.
O Papa tinha sugerido a Galileu que escrevesse um livro em que os dois pontos de vista, o heliocentrismo e o geocentrismo, fossem defendidos em igualdade de circunstâncias, bem como poderia ainda expôr as suas opiniões pessoais, aceitando em troca disso conceder-lhe, o “Imprimatur” [ Imprimatur, no Latim, significa qualquer coisa como”publique-se” e era uma autorização valiosa para a época ] . Estariam assim abertas as possibilidades de levar o heliocentrismo por diante, eliminando as rivalidades académicas e disputas universitárias. Ao mesmo tempo isso permitiria outras abordagens teológicas mais compatíveis… Em 1630, terminada a obra, Galileu viaja até Roma para a apresentar pessoalmente ao Papa. Estando muito ocupado, este faz apenas uma leitura brevíssima e entrega-a aos censores do Vaticano para avaliação e verificação face ao decreto de 1616. Mas várias vicissitudes e, em particular, a ignorância dos censores em astronomia, levaram a um grande atraso nesta avaliação. O livro, tal como as ideias de Galileu, encalhariam em aspectos levantados pela facção dos defensores do geocentrismo.
Por sua vez, o Papa também suspeitava que o "tolo" personagem da obra de Galileu era uma caricatura dele próprio, não seria essa certamente a intenção de Galileu, mas mesmo assim, Urbano VIII sentiu-se traído na confiança que tinha depositado no sábio . Galileu perde então o mais poderoso dos seus aliados. Contudo,estas conclusões são apenas especulações, porque não há registos nem provas científicas que levem a afirmações peremptórias.
Galileu era um cristão fervoroso, mas tinha um temperamento conflituoso. Tendo vivido numa época atribulada, na qual a Igreja Católica endurecia a sua vigilância sobre a doutrina para fazer frente às derrotas que sofria às mãos da Reforma Protestante, o Papa sentiu que a aceitação do modelo heliocêntrico era uma “ferramenta” da Reforma e chamou Galileu a Roma para ser julgado, apesar de este se encontrar bastante doente na altura. Após um julgamento longo e atribulado foi este obrigado a abjurar publicamente o seu pensamento e condenado a prisão por tempo indefinido. Os livros de Galileu foram incluídos no Index, censurados e proibidos, porém publicados nos Países Baixos, onde o protestantismo tinha já substituído o catolicismo e consequentemente libertado essa região da censura do Santo Ofício. Conta a lenda que, ao sair do tribunal, após a sua condenação, fez uma afirmação que se transformaria numa frase célebre: "Eppur si muove!", ou seja, "contudo, ela move-se", referindo-se à Terra.
Mais tarde, Galileu Galilei conseguiu que a sua pena fosse comutada de prisão efectiva para domiciliária, cumprida esta, primeiro no Palácio do Embaixador do Grão-duque da Toscana em Roma, depois na casa do arcebispo Piccolomini em Siena e mais tarde ainda na sua própria casa de campo em Arcetri.
Em 1638, quando já estava completamente cego, publicou “Discorsi e Dimostrazioni Matematiche Intorno a Due Nuove Scienze” em Leiden, na Holanda, a sua obra mais importante. Nela discute as leis do movimento e a estrutura da matéria.
Sobre a forma como Galileu morreu gerou-se muita confusão, contudo não foi ele, ao contrário do que muitos afirmam, a ser queimado vivo pela sua concepção heliocêntrica, mas sim Giordano Bruno (1548-1600), condenado à morte, por heresia, às mãos do tribunal do Santo Ofício, por defender idéias semelhantes a Galileu. Este viria a morrer, sim, em Arcetri, rodeado pela sua filha e pelos seus discípulos. O seu túmulo encontra-se na Basílica de Santa Croce em Florença, onde também estão os de Machiavelli e Michelangelo ".
Com o decorrer dos séculos, a igreja católica viria a rever as suas posições em relação a Galileu. Em 1846 são retiradas do Index todas as obras que se inspiravam no modelo de Copérnico. Em 1992, mais de três séculos passados após a sua condenação, é iniciada a revisão do seu processo e, finalmente, decidida a sua absolvição. Convém realçar que a revisão da sentença a que Galileu havia sido condenado, não teve nada a ver com o sistema heliocêntrico, porque esse nunca foi objecto dos processos.”
Artigo in wikipédia. Adaptado e revisto por