terça-feira, 20 de janeiro de 2009

I HAVE A DREAM ! (Eu tenho um sonho ! )

Hoje, pela manhã, acordei melhor. Respirei melhor. Fiquei um pouco mais tranquilo. Hoje, pelo menos hoje, haverá uma luz que se acende e que iluminará mais intensamente os homens de Boa-Vontade. Hoje, o discurso do Pastor e activista pelos direitos cívicos nos Estados Unidos da América, assassinado há quase quarenta e um anos atrás, fez mais sentido para mim. Pena que o Pastor Luther King já não esteja fisicamente entre nós para poder assistir à posse do Presidente Barack Obama. Apenas posso imaginar as torrentes de emoção que lhe percorreriam a alma nesse instante, mesmo que não pudesse ainda descortinar o que seria (será) o futuro a partir desse momento.

Graças a Deus pelos Construtores de Paz, como Luther King. Que Obama, a América e o mundo, se façam dignos de viver o “Sonho” do homem bom que foi King.

……………………………………………………………………………………………

Resumo do discurso de Martin Luther King pronunciado em frente do Lincoln Memorial, em Washington a 28 de Agosto de 1963. (ver vídeo abaixo)

"Estou contente por me juntar a vós hoje, o dia que entrará para a história como o da maior manifestação pela liberdade da própria história da nossa nação.

Há cem anos atrás, um grande americano, sob cuja sombra simbólica nos encontramos, assinou a Proclamação da Emancipação. Esse decreto fundamental foi como um raio de luz de esperança para milhões de escravos negros que tinham sido marcados a ferro quente nas chamas de uma vergonhosa injustiça. Esse documento chegou como uma aurora feliz para terminar a longa noite do cativeiro (…).

Cem anos mais tarde, a vida dos negros é ainda lamentavelmente dilacerada pelas algemas da segregação e pelas correntes da discriminação. Cem anos mais tarde, os negros continuam a viver numa ilha de pobreza, no meio de um extenso oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, os negros ainda definham à margem da sociedade Americana, exilados na sua própria terra.

Por isso, encontramo-nos aqui hoje para, dramaticamente, mostrarmos esta miserável condição. De certo modo, estamos aqui, na capital do nosso país, para cobrar algo. Quando os construtores do nosso país redigiram as palavras da Constituição Norte-Americana e da Declaração de Independência, estavam a assinar uma herança de que cada cidadão americano se faria herdeiro.

Estes documentos eram uma promessa de que todos os homens veriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à procura da felicidade. É óbvio que a América ainda não cumpriu essa promessa no que respeita aos seus cidadãos de cor (…).

Viemos igualmente a este lugar sagrado para lembrar à América a urgência do momento a urgência do “já”. Não é o momento para adiamentos, nem para nos prometerem que devagar lá chegaremos. É o momento para transformar em realidade as promessas da Democracia. É o tempo de sair do vale escuro e desolado da segregação para o iluminado caminho da justiça racial. É o momento para abrir as portas da oportunidade para todos os filhos de Deus. É o momento de retirar o nosso país das teias da injustiça racial para a solidez da fraternidade.

Seria fatal para a nação não levar a sério a urgência do momento e desvalorizar as legítimas aspirações dos cidadãos negros (…). 1963 não é um fim, mas um início (…).

Esta extraordinária união que envolveu a comunidade negra não nos deve fazer desconfiar de todas as pessoas brancas, pois muitos dos nossos irmãos brancos, como se pode ver pela sua presença aqui, estão conscientes de que os seus próprios destinos estão ligados ao nosso destino, e que a sua liberdade está intimamente ligada à nossa liberdade.

Não podemos caminhar sozinhos, e quando caminharmos, teremos que caminhar sempre em frente . Não poderemos voltar para trás. Há quem nos pergunte: "Quando é que ficarão satisfeitos?" Não ficaremos satisfeitos enquanto os negros forem vítimas dos horrores da brutalidade policial (…). Nunca poderemos estar satisfeitos enquanto um negro do Mississipi não puder votar e um negro de Nova Yorque achar que não há nada porque valha a pena votar. Não, não, não estamos satisfeitos, e só ficaremos satisfeitos quando a justiça correr como a água e a rectidão como uma corrente poderosa.

(…) Regressem ao Mississipi, voltem para o Alabama, para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, para o Louisiana, voltem para as bairros de lata e para os guetos das modernas cidades, com a certeza de que esta situação pode e será alterada. Não nos perderemos no vale do desespero.

Garanto-vos hoje, meus irmãos, que apesar das dificuldades e frustrações do momento, ainda tenho um sonho. E é um sonho profundamente enraizado no “sonho americano”.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado da sua fé : " que todos os homens nascem iguais".

Eu tenho um sonho que um dia, nas montanhas vermelhas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos proprietários de escravos poderão sentar-se à mesa e comer juntos como irmãos.

Eu tenho um sonho de que um dia, o estado do Mississipi, um estado sufocado pelo calor da injustiça e da opressão, será transformado num oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho de que os meus quatro filhos pequenos viverão um dia numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas pela qualidade do seu carácter.

Eu tenho um sonho, hoje.

Eu tenho um sonho, de que um dia, o estado do Alabama seja transformado local onde rapazes negros e raparigas negras possam dar as mãos aos rapazes brancos, e raparigas brancas, e caminharão juntos, lado a lado, como irmãos e irmãs.

Eu tenho um sonho, hoje.

Eu tenho um sonho de que um dia todos os vales serão elevados, todas as montanhas e encostas serão rebaixadas, os sítios agrestes serão polidos, e os lugares tortuosos se tornarão direitos, e a glória do Senhor será então revelada, e todos os seres, em conjunto, assistirão a isso.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com a qual regresso para o Sul. É com esta fé que seremos capazes de arrancar da montanha do desespero uma pedra de esperança. É com esta fé que poderemos transformar as discórdias do nosso povo numa bonita e harmoniosa sinfonia de fraternidade. É com esta fé que iremos poder trabalhar juntos, orar juntos, lutar juntos, ir para a prisão juntos e ficarmos juntos no respeito pela liberdade, sabendo que um dia seremos efectivamente livres.

Esse será o dia em que todos os filhos de Deus elevarão as suas vozes num cântico com um novo significado: "O meu país é teu, doce terra de liberdade, de ti eu canto. Terra onde morreram meus pais, terra de orgulho de peregrinos, que de cada local se ouça a liberdade" (…).

Quando deixarmos que a liberdade se ouça, quando a deixarmos ecoar em cada aldeia ou vila, em cada cidade e cada estado, seremos capazes de fazer despontar o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar as palavras da antiga canção negra:

"Liberdade finalmente! Liberdade finalmente! Louvado seja Deus, Todo Poderoso, estamos livres, finalmente.

I HAVE A DREAM !

Martin Luther King