Se a política fosse como o futebol esta semana teríamos certamente, de uma maneira ou de outra, uma parte da crise europeia resolvida.
A Alemanha vai reunir-se com os "PIGS" e, domingo próximo, veremos quem sairá vencedor.
Se tudo fosse tão simples na economia e na política como no jogo jogado do futebol, era só convocar um europeu, meter os jogadores e treinadores em campo e esperar que tudo se resolvesse no fim. O problema é que na política raramente emerge um vencedor sózinho mesmo que os que perdem sejam mais do que os que ganham.
Só faltará à cimeira das meias-finais europeias a Grécia; foi despachada pela Alemanha por ter demonstrado muito fraca capacidade para estar presente no momento em que tudo se resolva aos pontapés à bola. A vida dos gregos já se vinha habituando, nos últimos tempos, a ser tratada ao pontapé pelos alemães e seus amigos tradicionais e mesmo que tenha marcado alguns golos de sopetão e inopinados isso não chegou para mudar a tendência do jogo...
A Espanha acha que tudo se resolve cansando os adversários com fintas e jogo escondido e retirando-lhes aquilo que é fundamental para jogar claro e linear. Mas se eles próprios não controlarem o seu jogo, que até já não está a ser tão bonito, ser-lhes-á difícil terem sucesso, e aí estará o gozo dos adversários: não darem a Espanha a felicidade de continuar um joguinho "cínico"; se o conseguirem, Espanha não terá como se resgatar. Portugal, como habitualmente, está sempre à espera de um homem providencial que resolva todos os problemas que fecham o caminho para a vitória. A verdade é que os homens providenciais raramente conseguem resolver o jogo sózinhos. O jogo ( o da política também ) é um trabalho colectivo e só assim conseguiremos ambicionar uma boa posição na final. Itália, la bela Itália, chegou ao leste arrostando a auréola recorrente da corrupção no cálcio. Deixa algum perfume em campo, não sei é se a Alemanha acredita no jogo italiano o suficiente para se render ao seu perfume, não porque não gostem dele, mas porque preferem o cheiro a suor...
Nesta cimeira da Alemanha contra os "PIGS", tudo se terá resolvido no fim do dia do próximo domingo, quando os dois finalistas entrarem em campo. Aí saberemos quem ganhou e quem perdeu. Claro que eu já sei muito bem por quem vou torcer, mas suspeito que os "PIGS" não tem eficácia suficiente para derrubar a Alemanha e a teimosia das suas convicções postas em campo. Veremos se Merkel vai continuar aos saltos na bancada rejubilando com a derrota do futebol perfumado dos "PIGS", agora que a França já não está do seu lado.
Há que reconhecer a eficácia dos alemães quando se trata de concretizar; raramente alguém os bate. Claro que isto é mais verdadeiro na economia que no futebol embora nos dois campos de jogo seja cada vez mais verdade a máxima de que no futebol são onze contra onze e no fim ganha a Alemanha. Mas a Alemanha foi sempre assim, gosta de esmagar os adversários, e normalmente só uma parede sólida e coesa a pode parar. Na política e no futebol eu espero que isso aconteça rapidamente, que a Alemanha seja barrada antes de chegar a um final apoteótico com a europa debaixo dos seus pés. O perfume, às vezes, também pode ser eficaz...
Jacinto Lourenço