segunda-feira, 18 de junho de 2012

Radicalismo Islâmico Continua a Matar


A Nigéria divide-se, grosso modo, em duas grandes facções religiosas: Islâmicos a norte, cristãos a sul. Porém, tanto a norte como a sul existem  comunidades de uma e outra fé que estão incrustadas em território  "hostil". Não sei se alguns ditos "cristãos" já atacaram  grupos islâmicos minoritários mas,  se atacaram,  isso não teve eco nos meios de comunicação social ocidentais. O que sei, leio e ouço é que na Nigéria, quase todos os meses, senão mesmo  quase todas as semanas, islâmicos atacam os cristãos e as suas igrejas e lugares de culto provocando dezenas ou centenas de mortos entre estes últimos, como aconteceu, por estes dias, em que morreram cerca de trinta cristãos em ataques de grupos de radicais islâmicos.

Sou cristão, mas isso não quer dizer que seja anti-muçulmano. Julgo que a fé é alguma coisa que tem que ser vivida intimamente e, se alguma contestação deve merecer, deverá sê-lo apenas ao nível dos questionamentos espirituais, eclesiais, teológicos e doutrinários  intrínsecos. Não discutos religiões no plano dos dogmatismos fanáticos irrevogáveis. De resto, estou disposto a questionar e discutir qualquer religião que se tenha construido à volta de uma fé questionável. É por isso que acho que qualquer religião que se afaste do paradigma da religião que se ergue dos relacionamentos biunívocos entre o homem e Deus, deve ser seriamente questionada e posta em causa, mais do que qualquer outra. Uma "religião", como a que os radicais islâmicos advogam e praticam, escapa a todos os silogismos de qualquer fé, porque parte de uma premissa menor em que a morte violenta e criminosa é assumida como se fosse fundamental requisito de Alá para o desenvolvimento ou imposição do islamismo nas sociedades. Deus, que criou a vida, e  "viu que isso era bom", criou o homem e "viu que isso era muito bom". Nenhuma fé, nenhuma religião que cresça do tronco Divino, pode invocar o nome  de Deus para validar as matanças que esteja a realizar. Deus, não só não o deseja como o reprova e condena.

Ao que tudo indica, as últimas dezenas de mortes de cristãos  na Nigéria foram cometidas por um grupo de radicais islâmicos intitulados "Boko Haram" que, em tradução livre, quer dizer mais ou menos: "educação islâmica não é pecado". Mas matar seres humanos, seja em nome de que religião for, isso sim, é pecado grave porque atenta contra os homens e Deus e fere de indignidade qualquer ser humano que o faça ou governo que o permita ou não tente, pelo menos,  impedir.

Jacinto Lourenço