Finalmente vamos ter um português na Casa Branca, em Washigton, U.S.A.!
Embora os Estados Unidos da América sempre tenham estado na rota da imigração portuguesa e os portugueses se tenham integrado muito bem naquele país, pese embora formando, genericamente, comunidades mais ou menos fechadas, nunca nenhum natural cá do rectângulo se tinha conseguido guindar a um lugar de tão grande relevo: a Casa Branca ! Sim, estamos agora em posição privilegiada para, a qualquer momento, fazer chegar a nossa opinião sobre o mundo e o curso do mesmo à presidência Norte-Americana; basta que informemos o “patrício” acerca das nossas pretensões e, estamos certos, que, de imediato, ele, com a abordagem facilitada que terá em relação a Barack Obama, lhe saltará imediatamente para o colo, ou mesmo roçar-se-lhe-á nas pernas, dando-lhe conta da nossa opinião, conselho, ou mesmo daquele pequeno pedido que precisamos ver satisfeito. Coisas a que, aliás, os nossos amigos americanos estão já suficientemente habituados, de há longos anos a esta parte, no seu relacionamento com o país Tuga; pelo menos no que toca a “trazer-nos ao colo” ou mesmo permitir que nos “rocemos” pelas suas pernas na expectativa de uma qualquer “carícia” económica que de lá venha, já que, de política, nem vale a pena falarmos… nesse campo o número conta e, o nosso número não conta para os “States”… aí só mesmo com uma mãozinha de Lula da Silva (abraço para ti meu irmão Brasileiro).
Permito-me daqui, e desde já, um conselho ao nosso “patrício”: se a coisa não resultar com Barack, corre a fazer lobby familiar com Michelle, Malia e Sasha. O presidente Americano não vai resistir ao apelo familiar. Meu amigo e “patrício” “cão d`água português”, qualquer que seja o teu nome - pelos vistos ainda não está escolhido, e suspeito que não terás o prazer de ser chamado por algo que tenha a ver com a língua portuguesa, tipo "Silva", "Lopes", "Santos", ou algo assim, transliterado, naturalmente, para a "língua" canina - temos, todos, os olhos postos em ti; sabemos que não nos vais desiludir… E é por isso que não podemos deixar passar esta oportunidade de dar um safanão na nossa vida económica e social, que começa a roçar a depressão ( andamos todos, literalmente, com o rabo entre as pernas ), e depois só as farmácias e os neo-pentecostais, ou outros ditos "evangélicos" sem vergonha na cara, e carácter abaixo dos teus irmãos , ganham com a crise...
Tens alguns milhões de portugueses, e eventualmente muitos milhões de brasileiros, falantes do português, na expectativa de que desempenhes bem o teu papel… Que honres a tua raça, que não nos deixes ficar mal no retrato ( é o mínimo que se pode pedir a um “rafeiro” que ladre em português – se é que ainda não esqueceste a tua ancestral portugalidade).
Já que, pelos vistos, com a nossa proverbial “esperteza” ( há quem lhe chame por cá “xico-espertismo” ), de há séculos, não conseguimos sair da “cepa-torta”, que sejas tu, meu amigo, “cão d`água português", a dar-nos uma mãozinha, ( oopss, desculpa, queria dizer patinha – não foi por mal…). E não venhas dizer que não podes, que a tua “magistratura” não vai tanto por aí…, etc ( desculpas habituais de politico português recém-chegado e instalado no Parlamento Europeu ) pois nós não aceitamos isso. Estamos fartos de gente, com moral "abaixo de cão " - peço desculpa, não é para te ofender. Ladra, salta, pula, uiva, dá latidos, geme, chora, rebola no chão, mostra aquela “cara de cão triste” a que nenhum humano resiste, e verás que consegues dar-nos uma mãozinha ( desculpa lá outra vez, eu queria mesmo era dizer patinha… É a força do hábito, não vale a pena eriçares-te comigo…).
Meu amigo, “cão d`água português”, nem imaginas a ansiedade que por cá vai. O nosso coração quase nos salta do peito só de pensar que será apenas uma questão de tempo até que nos ajudes a sair da difícil e constrangedora situação económica e social em que caímos. - já lhe chamam o culminar da "década perdida" para Portugal . Tens saído em tudo o que é imprensa, rádio e televisão… Por favor, agora que és famoso, não nos abandones, contamos contigo. É só aproveitar e "surfares" a onda...
Não te esqueças também de, nas tuas acções de sensibilização ao presidente, no que respeita à nossa realidade, e especialmente naqueles momentos, quando fores pela trela à mão de Obama, dar um valente esticão na mesma para que ele vá atrás de ti até aos famosos arraiais portugueses que por aí abundam. Vais ver que, se a tua melhor estratégia tiver falhado lá na White House, essa de puxar a trela, no momento oportuno, é inapelável . ( Mas por favor não estiques demais pois podes atirar a América ao chão e aí vais ter que te haver com o pessoal da CIA, que não é para brincadeiras e muito menos aceita que um presidente seja atirado ao chão por qualquer cão, mesmo tratando-se de um humilde "rafeiro português" , incapaz de tratar mal alguém, ainda para mais ao nosso estimado e ansiosamente aguardado Barack. Safas-te de Guantânamo, mas não de uns quantos "mimos" da secreta ). É só Obama sentir o cheiro a sardinha assada e zás, fica fisgado à primeira tricadela ( lembra-te de lhe recomendar que deve ser comida, a sardinha assada, sobre o pão/broa, e besuntados bem os dedos a “descascar” a dita, para depois os poder lamber - é assim que se deve comer uma sardinha, se formos bons portugueses, ou nos pretendermos iniciar em tal arte... Já agora não te esqueças de aconselhar o presidente a não acompanhar o pitéu com Coca Cola... sabes do que estou a falar, não é... Há por aí uns compatriotas capazes de te darem uma ajuda com outros néctares bem mais ajustados ao momento. Mas cuidado, não deixes que ninguém abuse dos ditos, que não são propriamente o mesmo que Cola e que, mais gases menos gases, podem colocar o homem a dançar um vira minhoto, ou um corridinho Algarvio num ápice... e tu vais ser responsabilizado por eventuais figuras ridículas que o teu futuro dono possa fazer em público. Nós não desejamos que isso aconteça, até pela grande estima que temos por Barack Obama e, porque já vimos, anteriormente, que Bush abusou um bocadinho em algumas ocasiões, e depois deu no que deu...
É verdade, já agora não de esqueças da tijelinha de caldo verde para toda a família. Se estiveres em dificuldade para concretizar tudo o que te aconselho, pede aí ajuda a um Xerife português, que os há por aí igualmente tão bons como os nativos, ou a um presidente de Câmara que fale "americano" com um ligeiro sotaque transmontano, minhoto, alentejano ou mesmo beirão ou algarvio. É tudo gente nossa, gente de confiança, gente boa. Como vês, meu amigo cão, não estás sozinho a torcer por nós. Valha-nos pelo menos a universalidade da alma portuguesa, que nos tem levado longe, ainda que nunca tivéssemos sabido tirar, pelo menos até agora, muito partido disso. Mas nunca será tarde para começar…
Se precisares, mandamos-te daqui um rancho folclórico para dançar aí nos jardins da residência. Tudo aquilo que queiras e nós pudermos, dispõe, embora eu suspeite, meu amigo, de que nesta missão, estás um pouco isolado…
P.S. Peço-te, encarecidamente, que não abuses da brincadeira aí pelos salões, pois podes partir algum jarrão da China, daqueles que o Nixon de lá tenha trazido. Bem sabes o que os humanos costumam fazer aos cães nessas circuntâncias: “já p`rá barraca!”. E aí, contigo fechado numa mísera barraca, sem poderes “exercer” por casa, à vontade, lá se vão os nossos planos e as esperanças da “nação” (para além da reprovação e censura, de todas a raças canídeas tugas, a que te vais sujeitar ).
Não te esqueças também do asseio, é muito importante. Um cão, na América, não se pode dar às mesmas liberdades de um cão em Portugal ( sim, porque, por aqui, as autoridades não ligam a coisas bem mais importantes, quanto mais a isso…). Essa, meu amigo, será só a primeira “liberdade” que vais perder … Mas esquece o que perdes pela visão das compensações que terás para ti próprio e para todos nós.
Envio-te, em anexo, umas fotografias dos teus primos para que nunca olvides a família portuguesa.
Devia deixar-te beijos e abraços, mas seria invulgar um humano despedir-se dessa forma de um canídeo. Lambidelas, hum... também não me estou a ver… Deixo-te muitas festinhas e carinhos, especialmente por seres o primeiro português a pisar os tapetes da Casa Branca, o que prova que ainda conseguimos fazer muita coisa bem; pena que não consigamos concentrar-nos nos nossos melhores valores e virtudes para assim evitarmos estar agora a pedir-te favores “políticos”….
Qualquer coisa, ladra!