“Para um bébé, a dependência é tudo; qualquer outra pessoa tem de atender suas próprias necessidades ou a criança irá morrer. Os pais passam a noite toda acordados, limpam o vómito, ensinam a usar o vaso sanitário e realizam outras actividades rotineiras, tudo devido ao amor, pois percebem a dependência da criança. Mas tal padrão de procedimento não pode continuar indefinidamente. Uma águia sacode o ninho para obrigar seus filhotes a voar; uma mãe cobre o seio para desmamar o filho.Nenhum pai sadio deseja que um filho seja permanentemente dependente. E, de igual forma, um pai não fica levando a filha num carrinho de bébé, de um lado para o outro, a vida inteira, mas ensina-a a andar, sabendo que um dia ela poderá ir embora. Os bons pais encaminham seus filhos da dependência rumo à liberdade.Os amantes, entretanto, revertem este modelo. Um amante possui liberdade, e no entanto escolhe abrir mão dela. “Sujeitando-vos uns aos outros”, diz a Bíblia, e qualquer casal pode lhe dizer que essa é uma descrição apropriada do processo de viver dia a dia em harmonia. Num casamento saudável, um dos cônjuges submete-se voluntariamente aos desejos do outro, por amor. Num casamento problemático, a submissão torna-se parte de uma luta pelo poder, um cabo-de-guerra entre egos em competição. A diferença entre esses dois relacionamentos mostra, creio eu, o que Deus procura em sua longa história com a raça humana. Ele não deseja o amor dependente, desamparado, de uma criança que não tem escolha alguma, mas o amor amadurecido, espontaneamente dado, de um amante.Deus nunca obteve esse amor amadurecido por parte da nação de Israel. O registo bíblico mostra Deus estimulando a jovem nação em direcção à maturidade: no dia em que Israel marchou entrando na Terra Prometida, cessou o maná. Deus providenciaria uma nova terra; agora era responsabilidade dos israelitas cultivarem o seu próprio alimento. Numa reacção tipicamente infantil, Israel imediatamente começou a adorar os deuses da fertilidade. Deus desejava uma amante; em vez disso, obteve uma criança raquítica.”
Philip Yancey em Decepcionado com Deus
Via Laion Monteiro