terça-feira, 2 de junho de 2009

The hunter was hunted !

A escocesa Susan Boyle, de 47 anos que ficou famosa depois de participar no concurso britânico «Britain s Got Talent», foi internada de urgência num hospital psiquiátrico com um esgotamento, depois de ter participado no sábado, na final do concurso. Segundo o jornal britânico «The Sun», Piers Morgan, um dos membros do júri, já tinha declarado que Boyle passou a semana que antecedeu a final com insónias e mau estar, referindo que estava esgotada «física e mentalmente».Também, segundo o mesmo jornal, os empregados do hotel em que a escocesa estava hospedada, relataram que Boyle estaria a agir de forma estranha desde a final, no sábado passado.Susan Boyle, dona de casa, considerada favorita no concurso de talentos, ficou em segundo lugar sendo vencida pelo grupo de dança urbana «Diversity». No dia seguinte à final foi internada de urgência na clínica Priory de Londres.«Depois da disputa de sábado, Susan está esgotada e emocionalmente abalada», afirma um comunicado da empresa produtora do «Britain s Got Talent», TalkbackThames.
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Quando uma pacata e recatada cidadã de meia idade, aparência e vivência aparentemente humilde, originária de uma igualmente recatada e humilde vila escocesa, decide mostrar publicamente, os dotes "canoros", não estará ( ou estará? ) à espera de, na sequência da sua prestação, ser "cilindrada" por meio mundo, em busca da devassa, não só da sua voz mas de tudo o que à cidadã Boyle diga respeito, até ao mais íntimo do seu ser.
Susan Boyle, estava habituada a ver estas coisas pela televisão. Quiçá, seria ela própria uma observadora atenta dos modos de vida dos famosos que desfilavam, diariamente, à frente dos seus olhos, nas trinta ou quarenta polegadas do televisor lá de casa, e que "matavam" os seus monótonos minutos de desempregada.
Susan teve tempo para pensar em tudo menos naquilo que a esperava. E o resultado foi "odioso" para ela : The hunter was hunted.
Não aguentou a pressão do estrelato súbito. Milhões de olhos na devassa do seu corpo. Da sua roupa. Dos seus gestos. Das suas robustas sobrancelhas. Do seu ar de "patinho feio" desajeitado a pisar o palco. Da sua vida.
À primeira parecia até fácil. Foi canja para Susan. Rendeu-se à lisonja, ao aplauso do público e do mundo desejoso e sequioso de consumir novos ídolos. À segunda, a humilde Boyle "arreou". A carga foi grande de mais. Quis fugir; não a deixaram. Era vencer ou morrer na praia.
Tivesse Susan uma carinha laroca e uns anos e quilos a menos, e o "filme" teria tido outro protagonista na final. Assim, ganhou um grupo de trapezistas de quem já ninguém irá falar daqui por um mês ou dois, na melhor das hipóteses.
Para Susan Boyle, depois do psiquiatra, resta-lhe regressar à pacatez do seu sofá, frente à sua televisão, seguindo, de novo, a "novela" da vida dos famosos, dos quais ela já não fará parte.
Boa, Susan, deste uma lição de humidade e bom senso aos emproados do júri e aos maldosos que se riram e te assobiaram na plateia do teatro, na inocência da tua primeira vez. Estava a torcer por ti; fundamentalmente para que "aguentasses" psicologicamente. Fica para a próxima. Ou talvez não !
Não te preocupes. O importante é recompores a tua saúde. O resto, a vida de famosos, são peanuts, quando comparado com o valor intrínseco que possuis e deste mostra aos urbanos de Londres.
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Jacinto Lourenço