Embora a pobreza seja um fenómeno universal e permanente, transversal a todas as sociedades, há que enfrentá-la e combatê-la.
Nalgumas ditaduras procura-se esconder e negar as chagas sociais que poderiam, em tese, questionar as virtudes de tais regimes políticos e das ideologias que os sustentam. É assim que, nessas paragens, se costumam negar fenómenos como a prostituição, a mendicidade e a pobreza. Noutros locais minimiza-se a dureza desta realidade, em nome da boa imagem dos governantes, já que ninguém quer ser conotado com o insucesso da sua governação.
Este ano de 2010 foi proclamado como o Ano Europeu da Luta Contra a Pobreza e Exclusão Social. As estimativas apontam para dois milhões de pobres em Portugal, cerca de dezoito por cento da população, número que duplicaria imediatamente sem as ajudas do Estado. Um inquérito Eurobarómetro revelava recentemente que 62 por cento dos portugueses diziam ter alguma dificuldade em viver com o rendimento doméstico mensal, enquanto 15 por cento consideravam ser difícil.
A nível europeu, quase noventa por cento dos cidadãos afirmam ser necessária e urgente a acção dos governos nacionais contra a pobreza.
Mas o Estado não pode restringir-se a uma acção assistencialista. Tem obrigação de promover um movimento no sentido de estimular os cidadãos mais desfavorecidos a sair para fora das bolsas de pobreza.
Como fazê-lo?
Através de uma educação capaz, de um ensino superior ligado às empresas e virado para as necessidades do país, de uma formação profissional verdadeiramente qualificadora e adequada, da promoção de uma economia saudável e forte, que não esteja dependente das empresas, das obras, dos subsídios ou dos favores do Estado. Através de uma Justiça que passe finalmente a funcionar, de modo a permitir aos investidores, nacionais e estrangeiros, apostar em novos projectos. E sobretudo através da promoção de uma mentalidade que valorize o trabalho, o mérito e a competência, assim como de uma atitude de cidadania.
Tudo isto será muito mais importante do que o folclore das iniciativas a que assistiremos, ao longo deste ano, a propósito do tema.
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Por Brissos Lino *** Via "A Ovelha Perdida"