A família começa com o amor de um casal. Logo no início da Bíblia, podemos ler claramente: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”.
Espera-se que ao amor sejam acrescentados companheirismo, paciência, respeito e dedicação ao outro. As dificuldades do casal servem para fortalecer esses sentimentos, cultivados ao longo do tempo...
Mas então porque as pessoas têm tanta dificuldade em manter a relação matrimonial? Talvez porque não se veja o casamento como uma parceria, mas como uma dependência.
Numa relação há inúmeras trocas: de afecto, de gentilezas e até mesmo de impaciência. O casal tem que saber identificar seus desejos e também suas limitações, procurando contornar situações de stress, cansaço e desânimo.
E talvez esteja nesta falta de percepção do outro que alguns casamentos – dentro e fora da igreja – se desmancham como castelos de areia. Na primeira onda mais forte, cada um corre para o seu lado.
Quando somos dependentes dos outros, não temos uma relação que se transforma com o tempo. Um sempre pede e o outro sempre atende, e ninguém se preocupa com o facto de que a relação está sendo construída sobre desejos e não sobre o amor. Quando o dependente achar que não está sendo devidamente atendido e o provedor pensar que está sendo explorado, a relação termina.
Não que este tipo de relação seja exclusiva de nossa época. Casais assim sempre existiram. O problema é que nosso individualismo está justificando cada vez mais o fim do casamento. Se não tenho o que quero dentro da relação, não preciso me preocupar em consertar o que está errado ou em ver o lado do outro, basta que haja a separação. E quem pede divórcio uma vez, pede duas, três vezes e assim por diante.
Fora o individualismo, ainda temos que enfrentar o poder do entretenimento. Hoje em dia, parece que o casamento tem que divertir as pessoas: você se casa para ter uma companhia para sair, ir dançar, viajar. Quando não há mais diversão, não há porque continuar juntos. É como brincar de casinha e parar a brincadeira quando se cansa dela.
Então, vamos parar de brincar e encarar o casamento como deve ser. “Digno de honra entre todos seja o matrimónio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros”.