A igreja ortodoxa é omnipresente na Grécia que visitámos ( ilhas de Kos e Nissyros ).
Procuramos, ao longo dos caminhos e locais que percorremos, algum sinal de pluralidade religiosa. Mas nada. Não existe a mais ténue ou leve sombra de uma qualquer outra igreja ou comunidade cristã que não seja Ortodoxa Grega.
Mesmo numa pequena e diminuta povoação, como Mandraky, “capital” de Nissyros, existem, no mínimo, três capelas ortodoxas e até um convento e museu religiosos a atestarem a vitalidade desta corrente cristã na pequena ilha. Numa delas, somos mesmos levados, por uma guia grega que acompanhava o grupo turístico composto por várias nacionalidades europeias, do centro e sul da Europa, em que eu e a minha esposa nos integrávamos, a ouvir a interminável história da pintura e decoração do interior da capela e das suas conotações locais e gerais sobre a ancestralidade da mesma. De caminho aproveitou para dar uma "lição" acerca do cisma que deu origem ao cristianismo de matriz ortodoxa, explicando ainda a grande virtude do ortodoxismo face ao catolicismo: "a igreja ortodoxa não decora as capelas com imagens de escultura por isso constituir uma prática pagã. de adoração de ídolos". Mas, entretanto, trata de as substituir por imagens pintadas... igualmente. adoradas pelos devotos ortodoxos... ( vá lá perceber-se a diferença...?! ) Por essa altura, apenas alguns, como eu, continuavam a resistir ao seu francês pastoso, porque a quase totalidade das pessoas do grupo já se haviam retirado, sem nenhuma preocupação de não se fazerem notados a “dar às de vila diogo”, transmitindo dessa forma à paciente e indolente guia que as cores do Egeu, e as ruelas apertadas entre casas pintadas de branco imaculado vincadas pelas rectilíneas barras azuladas de portas e janelas, lhes interessavam muito mais e davam, quiçá, fotos igualmente muito mais bonitas para mostrar aos amigos no regresso às respectivas lides nacionais a mais ou menos quilómetros de distância.
Jacinto Lourenço