Sempre haverá esperança. Enquanto houver inconformados neste mundo haverá esperança. Se por outro lado prevalecer a introjeção do status quo, não resta nada, a não ser o lamento de quem busca a beleza da vida.
Estou decidido a buscar Deus nos lugares inesperados, posto que na pomposa cidade templária de Jerusalém existe a forma, mas na estrebaria fétida de Belém existe a essência. E se na face do estereótipo da religião existe a perversidade da implacável acusação, nas lágrimas da prostituta que beija os pés do Mestre existe a graça. É assim, uma vez que a totalidade do que é belo (e analisando o belo como um efeito), tem uma causa: o Deus das belezas infindáveis - Causa primeira.Todo dom perfeito vem do pai das luzes, e neste negócio não há monopólio. O dom é tão livre quão livre é o doador da vida eterna, e quem quiser detê-lo é tão louco quanto o que diz possuir autoridade sobre a luz do sol. E por estar demasiadamente exposto as insanidades dos que se dizem detentores do exclusivo poder divino, que anseio desesperadamente o vinho novo em odres novos. Os odres da minha existência estão rachados, resultado de exaustivos goles dos empobrecidos vinhos da religião.
Quero experimentar a vertigem da liberdade, quero amar com profunda devoção o Deus encarnado no meigo rabi da Galileia, e livrar minha alma de uma vez por todas da falsa imagem que criei de uma divindade mesquinha e limitada. Como disse o filósofo Blaise Pascal; "Deus fez o homem a sua semelhança e o homem, em retribuição criou fez Deus à sua imagem". Ora, Deus nos fez belos sendo ele a Beleza por essencialidade, e nós o tornamos de uma tal feiura tiranizada. Um deus feio que detesta a liberdade da expressão da pura arte e nos impede de viver a transcendentalização de nossas misérias.
Que nosso propósito seja conhecer e prosseguir em conhecer o Deus de todas as belezas e divinidade das coisas belas, contemplando nelas os arquétipos de um mundo chamado Nova Jerusalém, cidade do Autor da vida, posto que a velha caducou.
Daniel Grubba