Região mais importante de recifes de coral pode desaparecer até ao final deste século
Esta zona representa 75 por cento das espécies
Até ao final deste século o planeta pode perder a sua região mais importante de recifes de coral, com 75 por cento das espécies de coral do mundo, alertou hoje a WWF. A subida da temperatura, a poluição e a sobre-pesca ameaçam esta “Amazónia marinha”, que compreende a Indonésia, Filipinas, Malásia, Papuásia-Nova Guiné, Ilhas Salomão e Timor-Leste.
Ocupa apenas um por cento da superfície do planeta mas o chamado Triângulo de Coral é a casa para 30 por cento de todos os recifes de coral do mundo e para 76 por cento do número das espécies de coral conhecidas. “É a base da vida de 100 milhões de pessoas”, lembra a organização num relatório elaborado a partir de 300 artigos científicos sobre as zonas costeiras, recifes e mares da região. O documento foi apresentado hoje na Conferência Mundial dos Oceanos, em Manado, Indonésia.
“Ainda não nos apercebemos da rapidez com que este sistema está a mudar”, comentou Ove Hoegh-Guldberg, da Universidade de Queensland e coordenador do estudo, citado pela BBC online. Segundo a WWF, 40 por cento dos recifes e mangais do Triângulo de Coral já desapareceu. “Alterámos a forma como o planeta funciona em termos de correntes [oceânicas] e isto com apenas um aumento de 0,7ºC em termos de temperatura”, acrescentou. “O que vai acontecer com um aumento de 2ºC?”
“Até ao final do século vamos assistir à perda desta riqueza à medida que aumenta a temperatura dos oceanos, a acidez e o nível do mar e que os ambientes costeiros ficam mais fragilizados. Como resultado assistiremos ao aumento da pobreza, à diminuição da segurança alimentar e a migrações para áreas urbanas”, comentou em comunicado divulgado pela WWF.
O estudo estima que a capacidade dos recifes de coral de suportarem as populações caia 80 por cento.
“Dezenas de milhões de pessoas serão forçadas a abandonar as zonas costeiras e rurais devido à perda das suas casas, dos alimentos e dos rendimentos”, acrescentou. Austrália e Nova Zelândia deverão ser os novos destinos destas populações.
Mas a “catástrofe” poderá ser evitada se forem tomadas medidas climáticas globais e iniciativas regionais para combater a poluição e a sobre-exploração pesqueira, sublinha a WWF.
Esta semana, a Indonésia recebe a Conferência Mundial dos Oceanos porque, denuncia, os oceanos não têm sido incluídos nas negociações climáticas internacionais. Jacarta quer que os mares tenham um maior papel na conferência das Nações Unidas em Copenhaga, em Dezembro.
In jornal Público de 13 de Maio de 2009