-Há certas coisas no evangelho que não temos interesse em conhecer. De entre elas, a mais negligenciada pela nossa soberba humana é a soberania de Deus no que concerne à salvação. Um Deus que determina tudo, que faz as coisas segundo a sua vontade e que é o responsável directo pela minha salvação é, sem dúvida, um Deus inconveniente. Bom mesmo é um Deus que me salva a depender das minhas atitudes, da minha bondade, da minha pretensa santidade. Esse Deus fantoche que é manipulado pelas minhas acções e que não faz nada sem antes me consultar é simplesmente perfeito. O ser “autónomo” nunca quis prestar contas a Deus. “Seja feita a minha vontade”, “rezamos” inconscientemente, enquanto manipulamos a divindade segundo os nossos “bons” propósitos.
-Contudo, quer o homem queira, quer não, tem que reconhecer que a salvação é obra de Deus. Ninguém, absolutamente ninguém, virá a Jesus, a menos que o pai o conceda (Jo 6.44). O homem natural, morto em delitos e pecados (Ef 2.1), não tem nenhum interesse em adorar a Deus, e isso continuará assim, a menos que Deus mude a sua vontade. Ele está espiritualmente morto, e na sua morte, não pode aproximar-se daquele que é a Vida. Desfigurado pelo pecado, o rosto pálido, sombrio, a tez sem vida, o corpo em decomposição, alastrando o cheiro podre da sua exaustão, assim é o homem sem Deus. Como Lázaro na sua tumba fria, o homem morto nada pode fazer por si mesmo.
-Michael Jackson, mega-astro da musica POP, faleceu na última quinta-feira. Fãs de todo o mundo amontoam-se para ver o defunto e prestar-lhe a última homenagem. Alguns escreveram cartas, outros enviaram presentes, mas todos buscaram uma maneira de honrar o cantor. E até sexta-feira, data em que o cantor será sepultado, muita água ainda vai correr por debaixo das pontes, e muita gente vai querer ovacionar Michael pela última vez. Mas finda a homenagem, cada um volta para a sua rotina e é como se nada tivesse acontecido. Ninguém vai querer levar o Michael (morto) para casa. Pobre defunto abandonado, à mercê das minhocas e dos insectos necrófilos.
-Deus morreu por você, meu caro amigo, quando você estava morto (Ef 2.1, Rm 5.8). Ele deu o seu mais estimado bem em troca daquilo que ninguém queria. Ele se doou pelo ser mais indesejado! Que Deus é esse que ama os mortos? Um Deus necrófilo, que se apaixonou por nós quando na alma traziamos o decomposto e fétido cheiro de podridão, e substituiu esse cheiro de morte pelo bom perfume de Cristo (2Co 2.15), deve ser estimado acima de todas as coisas.
-Michael Jackson morreu, e embora hoje viva na mente e corações dos seus fãs, a morte encarregar-se-á de apagar a sua memória da Terra. Passarão os anos e o que hoje é uma lembrança forte, viva, latente, se transformará numa vaga recordação de umas poucas mentes, caducas e confusas com o passar dos anos. Mas nós, os que estivemos mortos e hoje vivemos, viveremos para sempre na mente e no Reino de Deus.
Por Leonardo Gonçalves
Via Púlpito Cristão