Após décadas de campanha liderada por um desertor da Wehrmacht, o Parlamento prepara-se para ilibar condenados por tribunais militares por dizerem 'não' ao Terceiro Reich.
Ludwig Baumann, de 87 anos, prepara-se para ser, amanhã, testemunha privilegiada da decisão do Parlamento alemão: reabilitar aqueles que, durante a II Guerra Mundial, recusaram fazer parte das forças de Hitler ou que as afrontaram. São os "traidores de guerra" que os nazis condenaram e cujo nome a Alemanha democrática não limpou. A sua reabilitação acontece após os esforços de Baumann, ao longo de décadas.
"Pensávamos que depois da guerra, o que tínhamos feito seria apreciado, mas apenas fomos insultados como cobardes, criminosos e traidores", disse Baumann à imprensa. E adiantou: "E fomos ameaçados".
Este desertor da Wehrmacht, em 1942, quando se encontrava em Bordéus (França ocupada), afirmou ainda que "muitos de nós - os poucos que sobreviveram - tiveram um fim amargo e humilhante. Ninguém estava do nosso lado". [...]
Continuar a Ler Aqui no Diário de Notícias de 07 de Setembro de 2009
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70 anos depois de ter começado e 64 após ter terminado, a 2ª Guerra Mundial ainda continua a ser um tema fracturante na Alemanha democrática e Unificada dos nossos dias. Será que devia ?
As coisas poucas vezes são o que nós desejamos que elas sejam. E o ser humano é assim. Os tratados de paz mudam circunstâncias exteriores, não o coração. É por isso que ao fim de 70 anos as raízes de amargura subsistem na Alemanha.
Jacinto Lourenço