Estou nos Estados Unidos desde anteontem. Viajei por três estados, várias horas de avião, outras tantas de carro e muita gente precisando de consolo e abraço. Ou, como diria a minha esposa, colo! Nesse pouco tempo, eu que, conhecendo a solidão e luta da vida missionária - daquele tipo que nos leva pra longe da zona de conforto: casa, família, cultura, língua, temperos... - sei da importância desse ministério negligenciado por quem deveria estar "do outro lado da corda", sustentando e apoiando essa parte do batalhão da fé. São brasileiros, deverão estar pensando vocês, os que estão por essa banda da terra e carenciados de apoio e ânimo. Nada mais óbvio, se imaginarmos que apesar de tanto falarmos e ouvirmos sobre missões, ainda não aprendemos a cuidar dos que enviamos um dia, mandando alguém (pensam muitos), fazer algo em nosso lugar... mas não. Passei o dia hoje até com americano (que viajou quase 3 horas para estar comigo), também missionário de volta à terra-mãe, cercado de lutas e desafios de um reenvio a outro campo distante e difícil (no alto dos seus 67 anos!!!). Me lembrei de Paulo, a escrever aos amigos, às igrejas distantes e ligadas à ele: "lembrem-se das minhas cadeias (algemas, prisões, limitações e provações)...".O super-herói bíblico, o homem das revelações, dos arrebatamentos e discernimentos dos céus enfrentava as provações de maneira extraordinariamente convicta, sustentado pelo poder do alto, mas não tinha problemas em confessar a sua necessidade de ânimo vindo da terra, dos seus, em forma de cartas, visitas... Sinto que temos sido espirituais demais e pouco, mas muito pouco práticos. No "vamos-ver", Paulo pedia consolo de gente de carne-e-osso. Um abraço, não de penas de anjos, mas de iguais. Cansado também eu, provei hoje do quão bom e agradável é estarmos juntos. E recebermos consolação uns dos outros, mesmo no confessar das nossas lutas travadas e lágrimas derramadas na solidão dos nossos campos de semeadura, sem ter propriamente no bolso, soluções fáceis para os problemas dos outros. Só o estarmos juntos já nos valeu.Quando ler esse post, lembre-se (se der!!!), dos amados que você conhece e que um dia disseram sim a Deus e se foram. E ore por eles, para que Deus os console os encha de ânimo, de coragem e da lembrança que os que os enviaram, ainda estão com eles.E se possível, faça-os saber disso.Você pode não saber, mas isso vai produzir neles um bem tremendo.Um abração e obrigado. E desculpem-me pelo sumiço.
Via Rubinho Pirola