sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Igreja Versão 2.0 - Upgrade da Fé

A igreja versão 2.0 é guiada por modelos empresariais, construídos sobre fundamentos psicológicos e sociológicos, em vez de ser guiada por um modelo bíblico a partir de Cristo como o Bom Pastor.
Não somente Deus e os cristãos, mas a igreja também, têm passado por um upgrade na sua natureza, mas, à semelhança dos efeitos do upgrade de um famoso sistema operacional para os seus utilizadores, os resultados deste upgrade eclesiástico têm trazido enormes prejuízos ao reino de Deus, pois a igreja que temos hoje distancia-se em larga escala dos seus objectivos bíblicos.
Neste upgrade temos igrejas organizando-se com requintes empresariais a ponto de chegar a propor honorários pastorais a partir de um índice de produtividade, como se lidar com vidas pudesse ser quantificado e mensurado. A comunhão é substituída pela produção, a igreja como corpo vivo de Cristo transforma-se numa "mailing list", o mundo perdido em clientela ou mercado, a conversão em adesão, as bênçãos em produtos simbólicos ou bens religiosos, a fidelidade a Deus em satisfação ou bem estar pessoal, os pastores em empreendedores, a celebração e o culto em show e performance.
A igreja versão 2.0 realça sistemas de organização em vez de se focar na comunidade, uma filosofia fabril procurando atingir performances de produtividade em lugar do investimento em vidas e no processo de crescimento pessoal. Focaliza-se na tesouraria e nas obras materiais que podem ser realizadas, em vez de investir em vidas, em vocações.
Pessoas são trocadas por programas, relacionamentos por tarefas que precisam ser cumpridas; o encorajamento e o provisionamento de vidas é substituído pela produtividade para que os propósitos sejam alcançados custe o que custar. Os relatórios são repletos de números, estatísticas, actividades, em vez de mostrar como estão sendo alimentadas as vidas. As vidas como modelo e promotoras da própria publicidade do evangelho e da igreja são substituídas pela promoção e marketing voltados para a produção de demandas e necessidades. A amizade e convivência, que deveriam gerar avenidas de comunicação, são trocadas por índices de produtividade.
Assim, o gerente-pastor tem de tratar as pessoas como objectos, como mão de obra, meios para atingir fins, ficar preocupado com o funcionamento de estruturas e sistemas em vez de cuidar de vidas e buscar o encorajamento do rebanho. O pastoreio, que originalmente é um ministério orientado para vidas, tem agora de ser orientado para o management. O pastor, que deve conhecer as pessoas pelo nome, buscando o seu crescimento, deve tratá-las como bens de produção orientadas para programas que têm que ser cumpridos.
A igreja versão 2.0 é guiada por modelos empresariais, construídos sobre fundamentos psicológicos e sociológicos, em vez de ser guiada por um modelo bíblico a partir de Cristo como o Bom Pastor. A igreja foi transformada em actividade e isso tornou-se um fim em si mesmo.
Não pense que estou desejando eliminar o senso de organização ou mesmo de realização para a igreja. Afinal a igreja é organismo e todo o organismo deve ser organizado, mas a organização não é um fim em si mesma.
Lourenço Stelio Rega
Fonte: Revista Eclesia