A hipocrisia é o acto de fingir ter crenças, virtudes e sentimentos que a pessoa na verdade não possui. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis, ambas com o mesmo significado etimológico: Actor. Somos óptimos actores. Fingimos ser pessoas que não somos, ter virtudes e sentimentos que amiúde não temos, e esforçamo-nos para crer naquilo que, muitas vezes, não cremos. Dizemos amar quando não amamos, sorrimos para manter as aparências, quando na verdade temos o coração dilacerado. E aqueles que dizem ser verdadeiros, na maioria dos casos, apenas são actores melhores, com mais experiência e ensaio. Toda essa desgraça está tão arraigada em nós que já não é possível divisar a acção e a pessoa: Somos hipócritas, e fim de papo. Fechamos os olhos durante o louvor para parecer espirituais. Dizemos sentir a presença de Deus quando na maioria das vezes o que sentimos é apenas emoção. Damos o dízimo só para agradar ao pastor. Somos hipócritas quando vendemos milagres; somos hipócritas quando refutamos os feirantes da fé, só para fazer pose de santinhos para a plateia. Somos hipócritas quando não perdoamos, e somos duas vezes filhos do inferno quando perdoamos só para nos sentirmos superiores. Somos santinhos de pau carunchoso, isso sim. E neste ponto do discurso eu poderia dizer que estou cansado de hipocrisia e que nós, como homens e mulheres de Deus, deveríamos tirar a máscara e revelar ao mundo quem nós somos de facto, mas isso transformaria este discurso num discurso hipócrita, pois “quem deseja tirar a máscara e sair do armário? ” Mais vale um hipócrita assumido do que um sincero morto. Sim, porque se revelássemos a nossa verdadeira face e intenções, os nossos melhores amigos se mostrariam os seus desafectos, os nossos casamentos ruiriam, os nossos filhos odiaria-nos-iam, as comunidades dissolver-se-iam e seriamos condenados ao ostracismo social. Correríamos até, risco de morte! Portanto, não sejamos hipócritas ao ponto de dizer que desejamos não ser hipócritas! Reconheçamos nossa hipocrisia e peçamos perdão a Deus . Desejar eu não desejo, mas como cristão tenho o dever de ser verdadeiro, portanto, esforçar-me-ei para ser sincero, encher-me-ei de valor e confessarei a todos os leitores deste blog: Eu sou um grande hipócrita, um verdadeiro facínora, um grande pecador, dono de uma mente devassa e calculista, de inclinações malditas (Como se você já não soubesse). E que assinem por baixo, todos os hipócritas, devassos, bandidos, salafrários, sacripantas, facínoras, debochados, bandoleiros, mentirosos, impúdicos, que são tão pecadores que ninguém, excepto Deus, pode livrá-los dos portões do inferno.
Quem não se acha um hipócrita que atire a primeira pedra...
Leonardo Gonçalves
Fonte: Púlpito cristão
Via PavaBlog