sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Bíblia, a Mãe da Nossa Desunião ou o Exemplo que vem do Brasil

É tão fácil enumerar o que nos separa. É tão difícil distinguir o que nos une. Aliás, há algo capaz de nos unir? O que temos hoje: unidade ou uniformidade? Não podemos confundir o "samba de uma nota só" da igreja com unidade, nem continuar buscando uma espiritualidade em série onde conhecendo um, se conhece todos. Essa fábrica maluca da celestialidade precisa acabar. Por enquanto, o que tem "unido" grande parte da igreja é um tal de Mamon, conhece? É a vitória financeira. A bênção monetária. A unção bancária. Do (P)Edir Macedo ao Malacheia, a gente se une em torno da obesidade dos bolsos. É a abençoada R$ealidade evangelicalista do momento. É poderosa a acapacidade que essa teologia dos metralhas tem para unir. Definitivamente não somos unidos em Cristo. O Cristo de alguns é completamente outro. O Cristo que conheço, aquele do Novo Testamento, era pobre! Pior, ele tinha a irritante mania de andar com os desprezados. Ele nunca foi entrevistado pela "Caras" da época. Ele nunca deu uma "voltinha" na liteira de Herodes. Ele era absurdamente clandestino na história do luxo. Rapaz perigoso, era odiado pelos endinheirados da época. Diferente de hoje, não?Ironicamente, a Bíblia virou a mãe da nossa desunião! Qualquer "debate" e ela vira marca de legitimidade. Inmetro divino! Com isso, a Bíblia está, ao mesmo tempo, a favor e contra. A luz fica piscando... No Brasil há tantas Bíblias que me atrevo a prever (sem querer tomar o lugar do Cerullo) as próximas edições, seguindo a linha do bizarro: A Bíblia do Demiurgo. A Bíblia do preguiçoso (essa é legal, já vem com os textos devidamente distorcidos). A Bíblia do neopentecostal (vem com invencionices para os doze meses do ano). Imagine como seriam as ilustrações das capas rsrs!Acredito que uma das coisas capaz de nos unir hoje é a dor! Mesmo nos movimentos mais bizarros, há pessoas com dores sinceras. Pessoas que realmente sofrem. Por elas é que escrevo. Na blogosfera cristã um número demasiado de feridos lamenta todos os dias. Escrevo em dor. Graças a Deus que a Bíblia - a genuína - nos garante a presença do Consolador, aquele que consola-a-dor. Essa unidade do gemido pode produzir algo bom: a busca por um genuíno avivamento! Algo que nos devolva o quebrantamento e o senso da Presença Santa de Deus.Clamemos por um avivamento! Um despertar da alma para o senso do pecado. Uma busca por resgatar a verdade nos púlpitos e nas ruas. Um retorno às Escrituras e à oração. Não um avivamentismo midiático viciado em multidão, mas um avivamento no melhor sentido da palavra "trazer de volta à vida". Quando o avivamento for nossa busca, estaremos caminhando a passos largos na estrada da unidade. Que nossas dores encontrem ressonância uns nos outros, gerando o milagre da mutualidade, do abraço, do pertencer numa sociedade da indiferença. Unidos no avivamento genuíno, a pergunta muda: há algo capaz de destruir nossa unidade?
Alan Brizotti
Via Genizah