As contribuições de Johannes Kepler, ( “astrólogo” – assim eram designados na antiguidade os actuais astrónomos ou astrofísicos ), Alemão nascido em 1571, protestante e estudante de teologia no início da sua vida académica, foram, segundo diz Carl Sagan em “Cosmos” “…de grande audácia e de importância fundamental…” para a compreensão das leis físicas que regem todo o universo, à semelhança da importância que teve também Galileu para essa mesma compreensão. Diz ainda Sagan que Kepler, sendo o último astrólogo científico, foi o primeiro astrofísico da história. Tal como aconteceu com Galileu, condenado pela igreja católica pela defesa e insistência na teoria heliocêntrica, não seria fácil para Kepler fazer aceitar a sua tese de que, para além do sol se encontrar estático, os planetas circundavam-no em rotas elípticas e não em círculos perfeitos, como era defendido pelos tradicionalistas ( “convictos de que um Deus perfeito nunca iria colocar os planetas a realizar órbitas em círculos imperfeitos”…- Carl Sagan in “Cosmos” ), sendo que isso derivava precisamente da atracção que a nossa estrela exerce sobre os corpos que o rodeiam nos seus movimentos de translacção.
Para além de se ter dedicado ao estudo de diversas ciências que lhe permitiram olhar os planetas numa outra perspectiva, Kepler era um cristão convicto que achava que Deus exercia o seu poder criativo e influência em todo o universo, para além de simplesmente se ocupar a aplicar a ira divina e a exigir sacrifícios, como pretendia a igreja do seu tempo.