Os teólogos da prosperidade costumam relacionar pobreza material com maldição. Pobreza é maldição, e por implicação todo o pobre é maldito. Um deles chegou a afirmar "a única vez em que as pessoas foram pobres na Bíblia foi quando estiveram sob uma maldição" .
Para nós que vivemos numa sociedade que organiza a sua economia segundo o sistema capitalista, este discurso não chega a ser nenhuma novidade, posto que apenas os mais fortes se destacam num mercado concorrencial. Os pobres? Segundo o sistema económico vigente, são fracos e merecem a pobreza como salário; 30 milhões morrem de fome ao ano porque não são bons o suficiente para vencer os seus concorrentes directos. Quem são estes mortos miseráveis? Segundo a religião do mercado, são os "sacrifícios necessários" para o desenvolvimento e progresso económico.
É evidente que esta necrófila lógica de mercado e a teologia da prosperidade andam de mãos dadas. Para a primeira um pobre é um fraco, para a segunda um maldito. Por isto está na hora de passar a criticar não apenas os pressupostos teológicos desta teologia burguesa, mas a sua absoluta falta de humanidade para com os pobres, oprimidos e miseráveis da terra.
«Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não são os ricos os que vos oprimem e os que vos arrastam aos tribunais?» Tiago 2.5-6
Será que existe alguma vantagem em ser pobre? O pobre pode ser considerado um bem-aventurado? O que faz os pobres merecerem a preocupação de Deus? Achei algo interessante num livro de Phillip Yancey. Vejamos algumas vantagens:
Os pobres sabem que têm necessidade de redenção;
Os pobres reconhecem, não apenas a sua dependência de Deus e de gente poderosa como também interdependência uns dos outros;
Os pobres depositam a sua confiança não nas coisas, mas nas pessoas;
Os pobres não têm um senso exagerado quanto à sua própria importância;
Os pobres esperam pouco da competição e muito da cooperação;
Os pobres conseguem distinguir entre a necessidade e o luxo;
Os pobres podem esperar, porque adquiriram uma espécie de paciência obstinada;
Os temores dos pobres são mais realistas e menos exagerados;
Quando os pobres ouvem o evangelho, ele soa como boas novas e não como uma ameaça ou repreensão;
Os pobres podem reagir ao apelo do evangelho com um certo abandono e com grande verticalidade porque têm tão pouco a perder e estão prontos para tudo.
«Então, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus...Mas ai de vós que sois ricos! porque já recebestes a vossa consolação.» Lucas 6.20 e 24
Por Daniel Grubba
In Soli Deo Gloria
Via Púlpito Cristão