sábado, 14 de março de 2009

“Quo Vadis”, Vaticano ?

Bento XVI diz-se ferido com as críticas

Papa escreve aos bispos a explicar por que levantou excomunhão de bispo que nega Holocausto

Bento XVI escreveu aos bispos para lhes explicar o porquê da sua decisão de levantar a excomunhão aos prelados integristas ordenados por monsenhor Marcel Lefèbvre, incluindo um que nega que tenha existido o Holocausto. A carta, que será publicada amanhã, mostra um Papa ferido com as críticas de que o seu gesto foi alvo. Um vaticanista italiano, Andrea Tornielli, que afirma ter tido acesso à carta, publicou parte do conteúdo dessa carta no seu blogue, Sacri Palazzi. Bento XVI afirma-se ferido pela “veemência” dos reparos que lhe fizeram por ter levantado a excomunhão que pesava sobre quatro bispos lefebvristas, ao mesmo tempo que ignorava as declarações negacionistas do bispo Richard Williamson - feitas quase ao memso tempo. Depois de num primeiro tempo ter recusado a existência da mensagem, o Vaticano reconheceu por fim a sua existência. O texto integral será tornado público às 11h00 de Lisboa. “Fiquei entristecido com o facto de os próprios católicos que, melhor do que ninguém, deviam saber como são as coisas, me terem atacado com uma hostilidade pronta para o ataque”, refere o Papa no texto que lhe é atribuído. Depois agradece aos seus “amigos judeus” a ajuda que deram para resolver o “mal-entendido” e recompor o que chama de uma “atmosfera de amizade e confiança”.

Reconhecendo embora que o “alcance e os limites” da sua decisão não foram tão bem explicados como se impunha, Bento XVI diz noutro momento que agiu “tendo no coração a unidade dos crentes” e para evitar que os integristas do grupo fundado por Lefèbvre, que não aceitava o Concílio Vaticano II – “491 padres, 215 seminaristas, 117 religiosos, 164 religiosas e milhares de fiéis” – ficassem “à deriva, longe da Igreja”. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, citado pelo jornal "The New York Times", recusou fazer qualquer comentário à carta enquanto ela não for oficialmente publicada.

Jornal Público de 11 de Março de 2009

******************************************

Lá explicar, Bento XVI explicou, só que há muita coisa que muita gente não compreendeu, nomeadamente a razão porque Ratzinger não recuou, num caso em concreto, o do bispo Richard Williamson, depois das afirmações deste, defendendo a inexistência do holocausto; uma ofensa à humanidade! Como se não bastasse, este mesmo senhor, dito “bispo”, teve novo comportamento pouco próprio, face às suas responsabilidades religiosas, quando tentou agredir jornalistas, que o procuravam abordar, na chegada ao aeroporto de Londres, após a sua expulsão da Argentina.

Mas como se tudo isso não bastasse, sabe-se agora que o Vaticano não é uma “pessoa de bem” ( o que não é grande novidade ), pois tentou, em primeira análise, omitir a existência da carta do papa, em que este procurava justificar-se da atitude tomada na reintegração dos bispos “Lefèbvristas”. Isto é: o Vaticano sabia da existência da carta mas mentiu dizendo que não sabia… Depois... bom, depois teve que admitir a verdade irrefutável, por a tal carta já ter sido, em parte , publicada pelo Blogue referido no texto do Público...

Enfim, a mentira, sempre ouvimos, tem as pernas curtas e, provavelmente trôpegas, tratando-se dos senhores bispos da cúria. Com pernas assim, apetece perguntar:

“Quo Vadis” , Vaticano?

Ab-Integro