Basta alguns minutos na TV ou na rádio e ele aparece. Sempre com ofertas irresistíveis. Não teme mostrar a sua fraqueza, nem o seu desespero por companhia. A sua meta é livrar-nos dos problemas da nossa existência. Ele ama dinheiro e sacrifícios, não teme revelar a sua face neoliberalista, e proclama, com paixão, os seus caminhos que nos levam à obtenção de todos os nossos desejos. É capitalista e usa bem a estrutura dos mercados. Ama os fortes na fé, os que decretam “sentenças”, todavia detesta os duvidosos. No seu arsenal possui toda a sorte de objectos milagrosos. Ele, na verdade, parece-se com um grande supermercado: você escolhe o que precisa, coloca no carro, paga na caixa o respectivo preço e vai à sua vida.
O deus da lâmpada mágica é assim. Ele ludibria, enfeitiça, e mais; usa os nomes e atributos do verdadeiro Deus. Incrível é ver a sua força a ser proclamada por homens e mulheres, em geral líderes, que por ingenuidade ou “picaretagem” dão a esta divindade híbrida todo o espaço necessário para pescar e cativar as almas.
A reflexão de Rubem Alves, no seu livro "Religião e Repressão" é extremamente actual. Ele diz:
"Os grupos «evangélicos» de hoje, não se preocupam com o destino da alma depois da morte. As pessoas não são convidadas à conversão para serem "salvas". Elas convertem-se para viver melhor nesta vida. O que interessa é a vida antes da morte, neste mundo. O que se busca é a "benção". Deus é o poder mágico, que, se correctamente manipulado, conserta os estragos que o diabo faz na vida de cada um. Talvez essa seja a razão para o seu sucesso (...) Como disse Dostoiévski, «os homens não estão atrás de Deus, estão atrás do milagre». Deus é o poder que faz a vontade dos homens, se as fórmulas mágicas forem usadas segundo a receita»”.
In Soli Deo Glória Via Pulpito Cristão
Adaptado ao português usado em Portugal por Ab-Integro