“O Cônsul de Bordéus” é protagonizado por Vítor Norte, no papel de Aristides de Sousa Mendes, um diplomata português que, à revelia de Oliveira Salazar, atribuiu cerca de trinta mil vistos a refugiados perseguidos pelo regime nazi em 1940. No primeiro dia de filmagens, gravou-se a cena em que o “cônsul” Vítor Norte comanda uma coluna de carros em que seguem os refugiados, numa tentativa de fuga de França até Portugal. “Como não foi possível passar fronteira de Irun [entre França e Espanha], uma vez que já lá tinha chegado a comunicação de que o cônsul tinha sido destituído e, como tal, os vistos que passara para os refugiados já não eram válidos, Aristides de Sousa Mendes teve de optar por outra fronteira, onde não havia telefones e onde, como tal, aquela comunicação ainda não tinha chegado”, explicou Francisco Manso. [...].
Aristides de Sousa Mendes foi um herói, uma personalidade mundial, e este filme é o mínimo que podemos fazer para evocar a sua memória”, disse o realizador Francisco Manso. O filme cruza a história real de Aristides de Sousa Mendes com a ficção de um refugiado, que no futuro se tornará um reputado maestro. O argumento é assinado pelo escritor António Torrado e por João Nunes e co-realizado por Francisco Manso e João Correa, realizador português radicado há mais de 40 anos na Bélgica e secretário-geral da Aliança Mundial do Cinema. Segundo José Mazeda, o filme entrará nos circuitos comerciais dos países de língua espanhola e francesa, admitindo-se ainda a hipótese de vir a ser feita uma versão em língua inglesa. Aristides de Sousa Mendes morreu em 1954 e só anos depois da sua morte é que foi reconhecido, não só a nível internacional, mas também pela República Portuguesa.
In Jornal Público de 21 de Outubro de 2009