Visível com um telescópio de infravermelhos, é formado por material da lua Phoebe. Estende-se por seis milhões de quilómetros.
Os anéis de Saturno, descritos pela primeira vez pelo astrónomo holandês Christiaan Huygens, em 1655, são uma das características mais famosas do sexto planeta do sistema solar. Agora, os astrónomos acabam de descobrir que afinal os anéis não são apenas sete, mas oito. É que a quase seis milhões de quilómetros de distância de Saturno - e ao longo de outros seis milhões - há uma espécie de anel "fantasma", apenas detectável com infravermelhos.
Os especialistas acreditam que o anel de poeira se formou com material oriundo de uma das luas de Saturno, a Phoebe. Tal como ela, está virado a um ângulo de 27 graus em relação aos outros anéis. Além disso, é mais grosso que estes - a sua altura é 20 vezes o diâmetro do planeta. Contudo, a concentração de partículas no seu interior é tão reduzida (20 por quilómetro cúbico) que os astrónomos dizem que mesmo se estivéssemos no anel não reparávamos. Se fosse visível da Terra, teria o dobro do tamanho da Lua cheia.
Segundo os astrónomos, este novo anel pode ajudar a explicar um dos enigmas mais estranhos do nosso sistema solar: porque é que Iapetus, outra das luas de Saturno descoberta pelo italiano Giovanni Cassini, em 1671, apresenta duas cores. A hipótese é que uma das suas faces tenha sido atingida repetidamente pelas partículas do novo anel. "Basicamente a superfície foi lixada pelas minúsculas partículas", disse Anne Verbiscer, da Universidade da Virgínia.
O anel foi descoberto graças ao Spitzer, o telescópio espacial da NASA que se encontra a 107 milhões de quilómetros da Terra, tendo passado despercebido à sonda Cassini-Huygens (lançada em 1997) - que se preparava para fazer um voo rasante à maior lua de Saturno, Titã. "Duvido que este anel pudesse ser visto com a Cassini, o que mostra a importância de ter diferentes instrumentos a trabalhar para o mesmo objectivo", refere a equipa que publica as suas conclusões na Nature.
Infelizmente, os astrónomos vão ter de aguardar pelo lançamento do telescópio James Webb, em 2014, para conseguir mais informações sobre este anel. Isto porque o Spitzer já não tem criogénio e não é possível voltar a olhar para o mesmo sítio.
In Diário de Notícias de 08 de Outubro de 2009