sábado, 17 de outubro de 2009

Uma Igreja Preparada Intelectualmente

O período histórico em que a Igreja Cristã se mostrou mais saudável, sem dúvida, foi o período registado no livro de Actos e, justamente por isso, é desse período que devemos buscar o modelo de Igreja mais apropriado. Mas ao compararmos as práticas dessa Igreja de 2000 anos atrás com a Igreja contemporânea, a diferença é gritante. A Igreja preocupa-se muito no porquê de não alcançarmos os mesmos resultados da Igreja de Actos, mas a nossa preocupação deveria ser menos em atingir os mesmos resultados da Igreja de Actos e mais com o modelo de Igreja que agrada a Deus, o modelo que Actos nos ensina. Não devemos focar a nossa atenção no fim, mas sim no meio. Os capítulos 17, 18 e 19 do livro de Actos revelam um príncipio declaradamente ignorado nos nossos dias – a importância de liderança intelectual na Igreja. O grande responsável pela expansão do Cristianismo naqueles dias, o Apóstolo Paulo, era uma referência não só espiritual, mas também intelectual. Enquanto nós tendemos a mistificar por demais a pregação das boas novas, vemos que Paulo usava de toda a sua habilidade intelectual para, literalmente, persuadir as pessoas a crerem em Jesus Cristo (At 17.4). Porque não deveríamos fazer o mesmo? Paulo era um homem altamente intelectual que não perdia uma oportunidade de arrazoar com os gentios acerca das Escrituras (Act 17.1) ou de enfrentar com argumentos, os filósofos da época (Act 17.18), inclusive citando poetas pagãos por pelo menos três vezes em seus escritos (Act 17.28, 1Co15.33, Tt 1.12) e ainda ensinando na Escola de Filosofia de Tirano (Act 19.9). Outro que merece menção pela sua habilidade de persuasão e oratória é Apolo que usava as suas habilidades naturais para convencer os judeus, por meio das Escrituras, que o Cristo é Jesus (Act 18.28). Em cinco ocasiões, apenas nesses três capítulos de Actos, são usadas as palavras "persuadir" (Act 17.4, 18.4, 19.8), "convencer" (Act 18.28) e "arrazoar" (Act 17.2). Tais palavras referem-se essencialmente ao uso do intelecto. É notória a diferença entre como a Igreja de Actos encarava a importância do intelecto e como nós hoje a encaramos [...]. A Igreja nunca vai influenciar positivamente a cultura enquanto desprezar o valor do pensamento, que é o que realmente move a cultura. O sociólogo John G. Gager apontou que apesar de a Igreja primitiva ter sido um movimento minoritário que enfrentou o desprezo e marginalização cultural e intelectual, ela só manteve a unidade interna e o testemunho corajoso por causa do papel dos intelectuais e apologistas Cristãos da época. A Igreja sabia quem eram os seus intelectuais e apologistas e isso dava-lhe confiança e força para enfrentaram a marginalização da sociedade. Hoje, a situação não é diferente, a Igreja Evangélica é ridicularizada pela sociedade, mas com a triste diferença que não temos uma liderança intelectual para nos apoiar. Se quisermos vencer devemos preparar-nos para a batalha. Uma batalha que não é travada nas ruas, mas sim nas Universidades do país de onde saem os futuros lideres. [...]
Vitor Pereira