Raramente me acontece iniciar as férias a um Domingo. Aconteceu-me este ano.
Ainda a pensar que vamos apenas descansar e usufruir de um tempo diferente das nossas rotinas ao longo de um ano de trabalho, e aí está: levamos com uma fila de trânsito igualzinha às que habitualmente nos acontecem quando temos que ir todos os dias para o trabalho ; a diferença é que acabámos de entrar de férias.... e isso dá-nos a descontração suficiente para saber retirar dividendos até de uma fila de trânsito. "Calma, ouve a música na RFM, observa o entardecer, fala com a família sobre temas que habitualmente não abordas", etc, etc, são coisas que nos vêm à cabeça. E acho que resulta... Quando damos conta, estamos a chegar a casa , vindos da "inauguração" da nossa época balnear, sem nos termos preocupado com a fila de trânsito mais do que ela merecia, retirando ainda dividendos interessantes, nomeadamente com momentos de descontração que propiciaram conversas que a agitação do dia a dia da vida urbana não permite.
Aprendi assim mais uma lição ( se é que intimamente não a conhecia já ): ver coisas boas no meio de coisas más. Retirar "bónus"pessoais positivos de situações que nos parecem francamente aborrecidas. Chega à minha memória Mateus 6:34; "Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal."
De resto, o Algarve continua a atrair-me, e não necessariamente pela paisagem... apesar de esta, no que respeita ao litoral, se ir alterando, para melhor, de ano para ano.
São as águas cálidas, sim cálidas como já há três para quatro anos não me acontecia; só aqui, no "meu Algarve" , ainda sem grande registo dos atentados que foram feitos à Costa, no Barlavento, eu corro para a água, a tratar de me recompor da falta dela, a temperaturas aceitáveis para a minha "pele de galinha", em latitudes onde o Verão normalmente estagia perto de minha casa. Será por isso que o mapa da geografia humana se inverte no verão em Portugal ? Desconfio que sim.
Nota 20 para o cuidado que as autarquias do Sotavento algarvio estão a colocar nos arranjos e nas acessibilidades às suas praias facilitando, e muito, a vida, a todos os que as procuram, para além, claro, do alindamento da orla marítima, com implantação de espécies arbustivas autóctones. Talvez por isso o número de espanhóis que frequentam as nossas areias finas e brancas de biliões de grãos a fazer lembrar a imensidão de gente resgatada pelo sangue do Cordeiro que povoará o Céu, aumentou exponencialmente. Isso é bom para o país e para a auto-estima dos portugueses. Nem tudo pode ser sempre mau. Ainda bem, porque eu até sou um Português-Iberista convicto.
Por mim, esta invasão espanhola é bem-vinda !
Jacinto Lourenço