quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Saudade do Tempo

Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da lingua portuguesa e também na música popular. "Saudade", só conhecida no galaico-português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, distância e amor. A palavra vem do latim"solitas, solitatis", na forma arcaica de "soedade, soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e "saudar". Pois é, em Agosto comemorarei vinte e três anos que fui salvo por Cristo Jesus. Lembro com saudade, aqueles dias, isto porque o evangelho pregado era muito diferente do que se prega hoje. Naqueles dias não havia apóstolos, não tínhamos ano apostólico, ninguém decretava nada, o louvor não era extravagante, não existiam bispas peruas, muito menos carnet Gideão. Naquele tempo as canções não eram repetitivas, ninguém cantava para o diabo, nem tampouco era levita do Senhor. Os territórios não eram demarcados com urina, não existia a unção do leão, e ninguém trocava o anjo da guarda. Naqueles dias o Evangelho não era judaizante, não se tocava shofar no culto, nem tampouco existiam réplicas da arca e do tabernáculo nas Igrejas de Cristo. Naquele tempo ninguém andava com cajado na mão, não existia a unção do riso, muito menos galo que profetiza, nem tampouco sapatinho de fogo. Não se faziam mapas espirituais, não existia culto do descarrego, terapia do amor e cartomantes espirituais. Naquele tempo não se usava sal grosso para espantar mau olhado, não se ungiam objectos inanimados, nem tampouco se sincretizava o evangelho do meu Salvador. Naqueles dias não se manipulavam anjos, não se comercializava a fé, não se vendiam indulgências. Naquele tempo não se vendiam utensílios milagrosos de Israel, não se subia a montes milagrosos, não se comercializava espadas matadoras de gigantes, nem tampouco os milagres eram trocados por sete reais. Naqueles dias o evangelho não era chamado de gospel, os cantores eram adoradores e não artistas de Deus, não existiam fãs, clubes, boites gospel ou festas dos sinais. Caro leitor, confesso que nunca poderia imaginar que um dia iria sentir saudades da época que me converti.
Renato Vargens