Tudo vai bem quando vai bem. A vida reserva-nos toda a sorte de circunstâncias e acasos. Problemas são o princípio activo da curso da vida. Trabalhar às vezes soa como uma prisão de segurança máxima da qual ficamos sonhando e planeando fugir. Angustiamo-nos por saber que isso não é simples. A corrida pelo pão de cada dia há muito tempo que não busca apenas o pão de cada dia. Se o fosse seria mais simples, acho. Mas, não. O básico da vida moderna, ou pós-moderna, como queiram, evoca muito mais do que a singela cesta básica. Ninguém jamais diz que o objectivo da vida se resume a não passar fome, ter o que vestir e onde morar. Isso na verdade é um luxo que milhares apenas experimentam em fantasias da alma adormecida no breu da miséria que vivem. Engraçado - ou triste, no caso - reflectir nisso. Ter o que comer, o que vestir e onde morar configura luxo para uma parcela considerável e gritante da humanidade. Sinto-me mal quando penso nisso. Eu tenho o que comer hoje, tenho o que vestir hoje e onde morar hoje. E penso que nada mais me é necessário, ao menos na óptica dos Evangelhos. Em tempos de "unção da prosperidade" conformar-se com esses três quesitos é impensável, impraticável e abominável. Às vezes pego-me a mim próprio a analisar como tenho levado a minha vida; o que tem ocupado a minha mente, as minhas ansiedades, os meus intentos, os meus planos, os meus desejos e outras coisas do género. É constrangedor perceber que, enquanto me declaro crente, cristão, servo, discípulo de Cristo, a minha busca se resume a correr atrás de dinheiro. Acordo cedo para trabalhar, contra a vontade do meu horário biológico que jamais se acostumou com essa violência à minha mente e ao meu corpo - todos estes anos, desde criança, despertando cedinho para estudar, não foram capazes de forjar tal disciplina. Então trabalho, trabalho, trabalho... no meio disso tudo, claro, há relações sociais, convívio e tudo o que isso traz à tona - vide início dessa divagação. O trabalho e o lucro são suficientes para prover o que comer hoje, o que vestir hoje e onde morar hoje. Mas, nasci numa geração onde essas três metas da vida causam sérios problemas aos que as ostentam. Tenho que estudar, trabalhar, estudar, ganhar dinheiro, comprar coisas, adquirir bens: carro, imóvel, móveis, roupas e muitas vezes a lista apenas se vai repetindo. Diga-me você: este não é um mundo selvagem? É uma selva disfarçada de civilização. Há leões soltos por aí que ameaçam devorar-nos. Existem seres peçonhentos em toda parte. Algumas hienas e macacos, muitos insectos... parasitas aos quilos. Muitas, muitas feras famintas de qualquer bom cordeirinho ingénuo e indefeso. O Capitalismo é a lei da selva. É cada um por si e Deus por todos. Será ?! Deus é realmente por todos? Como confiar que tudo vai dar certo e que no fim do dia você estará são e salvo em sua toca ?! Jesus insiste que deixemos toda a ansiedade de lado. Que deixemos cada dia cuidar do seu próprio mal. Reitera que o amanhã não nos pertence - a sociedade capitalista não tem a mínima noção do que seja isso . Confiar é jogar-se do alto da copa de uma árvore? É viver irresponsavelmente crendo que Deus está cuidando de tudo e "nada nos faltará"? Ou confiar em Deus pode ser apenas trabalhar, estudar, correr atrás de tudo como um batalhador, fazer por alcançar as metas que propõe e ficar declarando que é Deus quem está fazendo isso, ou aquilo... ou quando não somos bem sucedidos, não foi da vontade de Deus ou coisa do tipo. Não sei sobre vocês, mas acredito seriamente que confiança em Deus não é brincadeira. É coisa para gente com conteúdo! Falar é fácil, mas confiar, na hora do vamos ver, quando as soluções parecem ser tão fáceis de ver quanto ovnis ziguezaqueando no céu, a coisa fica realmente feia. Como confiar em Deus nesses momentos? Como, de facto, descansar Nele e esperar que tudo coopere para o seu bem? Você realmente confia de verdade? O seu coração está a salvo no meio desta selva perigosa? Ou você simplesmente vive do instinto como todos os outros animais? Confio que no final do dia terei sido poupado? Ensina-me a confiar, Senhor! Ajuda-me na minha falta de confiança...