O índice de evangélicos no Brasil tem aumentado a cada censo. Atualmente, os evangélicos estão conseguindo espaço no âmbito católico, uma vez que os sem-religião também têm aumentado continuamente. A quem diga que esta tendência evangélica não conseguirá continuar assim e terá que ir buscar adeptos entre os sem-religião ou mesmo entre religiões não-cristãs.
Mas e se continuarmos do jeito que estamos... Se os evangélicos um dia ultrapassarem os percentuais de católicos no Brasil, o que mudaria? Reginaldo Prandi tenta responder a esta pergunta no final de seu artigo eletrónico Converter indivíduos, mudar culturas:
Suponhamos, por fim, que o crescimento das religiões evangélicas as leve a suplantar o catolicismo em número de seguidores. O evangelicalismo se tornaria a religião da maioria, o catolicismo, de uma minoria. Se isso acontecesse, a cultura brasileira se tornaria evangélica? Dificilmente. O evangelicalismo seria a religião de indivíduos convertidos, um a um, e não a religião que funda uma nação e fornece elementos formadores de sua cultura. O processo histórico dessa mudança seria diferente daquele que forjou a cultura católica na América. Nesse futuro hipotético, cuja factibilidade não está aqui em discussão, a condição dada para que o protestantismo superasse o catolicismo teria implicado, primeiro, a secularização do Estado – já completada no presente –, e depois, a secularização da cultura – que se encontra em andamento. Porque é com a secularização que os indivíduos tornam-se livres para escolher uma religião diferente daquela em que nasceram. Então, quando tudo isso estivesse se completando, por mais cheias que estivessem igrejas, templos, terreiros, a cultura já se encontraria esvaziada de religião. Não haveria a substituição de uma religião por outra. No limite, por muitas outras, não apenas por uma.
Via Blogue Nani e a Teologia