“ Logo tu és Rei ?”, perguntou o governador romano a Jesus, ao que este respondeu: “tu dizes que eu sou Rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Disse-lhe Pilatos: que é a verdade?”. Entendemos, pela sua resposta, que Pilatos achava que tudo era relativizável, inclusive a “Verdade”. Que tudo podia ser relativizado conforme a abordagem que fosse feita a qualquer tema ou questão. Este é, sem dúvida, o pior preconceito. O preconceito em relação à Verdade. Jesus disse: “Eu sou a verdade”, e esta afirmação/realidade tem um peso esmagador na vida de qualquer que se afirma cristão. É por este prisma, da verdade, que a nossa vida tem que ser conduzida. Avaliar, julgar, sentir, olhar, estar, falar, rir, pensar, partilhar, ir, ficar, etc, só pelo olhar de Deus se tornam verdade , porque Ele é a Verdade. Não uma verdade. Não qualquer verdade. Não a minha verdade. Não a sua verdade. Não a verdade das maiorias ou minorias, não a verdade como a queremos ou desejamos, não a de ontem ou a de hoje, mas a verdade de toda a eternidade, “de geração em geração”.
O preconceito mata a verdade quando pretende que ela dependa de tradições, obediências inflexíveis e cegas, convenções que impedem que olhemos apenas através do olhar de Deus.
A Verdade não é intercambiável, intermutável, adaptável, moldável, qual plasticina nas mãos de adultos a fingir serem crianças, construindo e desconstruindo verdades ao ritmo dos seus interesses particulares.
Cairão todas as mentiras que a nossa “arqueologia mental” sustenta. Um homem ou mulher que está em Cristo, não pode ser preconceituoso em relação a nada que se lhe apresente pela frente. Jesus nunca utilizou o preconceito para julgar pessoas ou situações. Ele via pelo Crivo da verdade e da misericórdia de Deus.
A verdade é que todos nós somos falhos, mesmo quando julgamos não ser.
”…Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro a atirar a pedra sobre ela (…) quando ouviram isso, saíram um a um , a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficaram só Jesus e a mulher, que estava no meio. (…) e Jesus, não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? (…) ninguém Senhor.(…). Nem eu também te condeno; vai e não peques mais.”
A verdade não tem sempre a razão do seu lado, especialmente quando vem com os bolsos cheios de pedras.
Jacinto Lourenço