terça-feira, 2 de agosto de 2011

Crónica de uma Morte Anunciada


Diz-me a comunicação social que Amy Winehouse morreu devido a uma overdose e que esse desfecho seria mais ou menos previsível devido ao estilo de vida que escolhera para si própria.
Só comecei a ouvir falar de Winehouse à coisa de 3 para 4 anos. Não sou grande melómano, como é bom de ver, caso contrário já teria ouvido falar da cantora há mais tempo. O conhecimento com que fiquei dela é aliás mais focado no seu comportamento, no ambiente dentro e fora dos concertos, do que propriamente na sua música. Lamento profundamente que aos vinte e sete anos de idade  ela tenha partido da vida imaginando que o melhor que esta teria para lhe oferecer se resumia   apenas a drogas e alcool. O seu percurso parece-me saido de uma escolha pessoal, mais do que de influências externas, por muito peso que estas possam eventualmente ter tido nas suas opções.

Não pretendo aqui trazer lições de duvidoso moralismo, até porque a ideia que me ficou após a sua morte, pela postura dos seus amigos e familiares  foi precisamente a de que esta seria uma morte esperada e anunciada. Mas não posso deixar de registar que  um ser humano, no auge de uma vida jovem, plena de fama e  sucesso profissional não encontre nada melhor para escolher do que as drogas e o alcool. Que estranha forma de vida, diz a letra de um fado. Que estranha forma de viver uma vida.

Não sei se no caso de Amy Winehouse se pode aplicar aquela velha máxima de que "uma pessoa é ela e as suas circunstâncias" ; quero acreditar que não. Não há nenhuma circunstância  que nos possa obrigar ao estilo de vida da cantora em causa, especialmente quando se sabe onde ele nos pode levar. É por isso que me parece que Amy Winehouse fez uma escolha voluntária e isso pode ser ainda mais intrigante; porquê essa escolha ?!

Independentemente das escolhas dos famosos ( boas ou más ), não podemos iludir o facto de que elas terão influência nas gerações suas contemporâneas. Mas não podemos deixar de procurar também, enquanto cristãos, de mostrar que há escolhas que nos levarão sempre por caminhos potencialmente perigosos, mesmo se vivemos num mundo em que tudo é relativizavel, até a morte.

Amy faz parte de um grupo mais ou menos restrito de cantores e músicos famosos que trilhou o mesmo caminho minado, um caminho largo onde tudo é consentido, até a morte calculada, e isso só significa que o culto da fama e do sucesso não pode substituir-se ao culto da vida. A vida é uma oportunidade única que nos foi oferecida e que deve ser vivida usufruindo em pleno da felicidade e responsabilidade existente em cada minuto da mesma.


Jacinto Lourenço