sábado, 28 de fevereiro de 2009

Ouvir em Silêncio

"Agnus Dei" - Michael W. Smith

O Estranho Amor de Deus

Fico constantemente confuso com a estranha forma como Deus escolhe os seus amigos.

Deus faz algumas escolhas que considero muito engraçadas, ou seja, escolhas que eu não faria necessariamente. Repare, sempre pensei que Deus tinha uma casa enorme em que as pessoas que lhe obedeciam poderiam morar, louvar e ter comunhão com Ele. Do lado de fora ficariam os outros, os que não lhe obedeciam. Eu, é claro, entraria porque sempre fiz a sua vontade, ou pelo menos procurava fazer. Achava que a minha sinceridade podia ser o “passe” para entrar. Mas estava errado.

Deus disse a Moisés em Êxodo 33:19: “Diante de ti farei passar toda a minha bondade, e diante de ti proclamarei o meu nome: O Senhor. Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão.” Dito de outra forma, Deus escolherá os seus amigos e ponto final.

Isto sempre me incomodou. Sou provavelmente tão religioso como qualquer outra pessoa que você possa conhecer . Talvez até mais religioso. Dou aulas de religião num curso de pós-graduação. Coloco-me perante milhares de pessoas e falo sobre assuntos religiosos. Escrevo livros religiosos, faço seminários e programas de rádio religiosos.

Sou muito religioso.

O que me incomoda é que Deus escolhe amar pessoas que não são religiosas, ou que não são tão religiosas quanto eu. Tenho visto que Deus faz, de acordo com o meu julgamento, escolhas estranhas. Ele ama pessoas que eu detesto e tem misericórdia de pessoas pelas quais eu jamais seria capaz de nutrir tal sentimento. Ele move o seu Espírito para além de instituições religiosas e faz amizade com pessoas de quem eu nunca seria amigo.

Whoopi Goldberg, que diz não acreditar em Deus, não é uma das minhas referências como pessoa. Você já assistiu ao filme “Do Cabaret para o Convento” ? É sobre uma mulher, cantora de clubes nocturnos, que está em fuga porque alguns marginais a querem matar. O que faz dessa fuga algo único é o facto de que ela se esconde num convento Católico. A cantora disfarça-se então de freira e torna-se a regente do coral, ensinando as demais freiras a cantar músicas mais animadas e divertidas do que as que geralmente cantavam no convento.

O que chamou a minha atenção nesta história é que, no início do filme, a igreja do convento é velha e composta por pessoas idosas e muito religiosas. A partir do momento em que a cantora/freira começa a dirigir o coral, diversas pessoas marginalizadas (prostitutas, viciados e outras personagens estranhas) começam a frequentar a igreja e a esgotar a sua lotação.

Quando vi esta cena pela primeira vez, comecei a chorar (Quase nunca choro. Sou homem, percebe ?). A minha esposa estava comigo e o seu olhar dizia-me claramente: “Pára com isso! Isto é uma comédia. Não vês que toda a gente no cinema se está a rir por te ver a chorar? Vou-me sentar noutro lugar e fingir que não te conheço.”

No entanto, eu não conseguia deixar de chorar. Quando o filme acabou, questionei Deus sobre a minha reacção peculiar e senti que a sua resposta dizia que o meu choro era sua responsabilidade. Ele estava a falar comigo por intermédio daquela cena.

Resmunguei e disse: “Mas Senhor, logo Whoopi Goldberg ? Não podias ter falado comigo através de Billy Graham ou do papa ?” Não obtive resposta. Tenho muitas vezes o sonho de que estou em casa, enfim, no céu, sentado à mesa do Senhor preparado para as Bodas do Cordeiro. Ali estão também presentes todo o género de pessoas . Lá está o clero, alguns líderes da igreja e até um ou dois pastores tele-evangelistas. Mas quando olho à minha volta, reparo em adúlteros e vejo também mentirosos e ladrões. Antigas prostitutas e prostitutos, cobradores de impostos e bêbedos. Também vejo ex-homosexuais e pessoas que eu conhecia como viciados em sexo. E, francamente, fico chocado.

Então, nesse meu sonho, ouço uma voz vinda do trono e palavras que me são dirigidas. É a voz Deus, que me pergunta: “ Como é que achas que pudeste vir para aqui ?”. Julgo que Ele está a brincar comigo, mas não tenho a certeza. Geralmente acordo antes de descobrir.

Costumava pensar que o amor de Deus poderia ser logicamente explicado e mensurado. Agora compreendo que o amor de Deus é muito mais profundo do que podemos tentar imaginar.

Houve um tempo em que eu tinha a certeza que podia explicar e defender Deus. Descobri, no entanto, que Ele está além de qualquer explicação e que não precisa de defensores. Ele estava muito bem antes de eu chegar, e ficará muito bem depois de eu me ir embora. Mas, por alguma razão, este grande, assustador e confuso Deus, que escolhe amigos estranhos, resolveu amar-me . Vejo o seu amor em tudo, sem excepção. A questão não é: “Onde está o amor de Deus?”, mas sim “Onde não está o amor de Deus?”.

Por Steve Brown In Cristianismo Hoje

Adaptado ao português usado em Portugal por Ab-Integro

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

2009 - Um Ano Astronómico

TELESCÓPIOS DE NORTE A SUL DO PAÍS
A iniciativa, segundo o Diário de Notícias, na sua edição de ontem, 26 de Fevereiro, 2009, "visa sensibilizar para o impacto que as observações de Galileu tiveram".
O Programa "E Agora eu sou Galileu" vai distribuir Telescópios ao público de norte a sul do País, amanhã e depois, para recriar as primeiras observações do astrónomo Galileu, ocorridas há 400 anos. No âmbito do Ano Internacional da Astronomia, "a iniciativa visa sensibilizar para o impacto que essas observações tiveram para a ciência" e é destinada ao público em geral. "pedimos a todas as pessoas que têm um telescópio que apoiem a iniciativa, promovendo uma sessão de observação na sua localidade" explica a organização do "E Agora eu Sou Galileu", num comunidado enviado à Lusa" .
In "Diário de Notícias" de 26 de Fevereiro de 2009

Finalmente um Português na Casa Branca !

Finalmente vamos ter um português na Casa Branca, em Washigton, U.S.A.!

Embora os Estados Unidos da América sempre tenham estado na rota da imigração portuguesa e os portugueses se tenham integrado muito bem naquele país, pese embora formando, genericamente, comunidades mais ou menos fechadas, nunca nenhum natural cá do rectângulo se tinha conseguido guindar a um lugar de tão grande relevo: a Casa Branca ! Sim, estamos agora em posição privilegiada para, a qualquer momento, fazer chegar a nossa opinião sobre o mundo e o curso do mesmo à presidência Norte-Americana; basta que informemos o “patrício” acerca das nossas pretensões e, estamos certos, que, de imediato, ele, com a abordagem facilitada que terá em relação a Barack Obama, lhe saltará imediatamente para o colo, ou mesmo roçar-se-lhe-á nas pernas, dando-lhe conta da nossa opinião, conselho, ou mesmo daquele pequeno pedido que precisamos ver satisfeito. Coisas a que, aliás, os nossos amigos americanos estão já suficientemente habituados, de há longos anos a esta parte, no seu relacionamento com o país Tuga; pelo menos no que toca a “trazer-nos ao colo” ou mesmo permitir que nos “rocemos” pelas suas pernas na expectativa de uma qualquer “carícia” económica que de lá venha, já que, de política, nem vale a pena falarmos… nesse campo o número conta e, o nosso número não conta para os “States”… aí só mesmo com uma mãozinha de Lula da Silva (abraço para ti meu irmão Brasileiro).

Permito-me daqui, e desde já, um conselho ao nosso “patrício”: se a coisa não resultar com Barack, corre a fazer lobby familiar com Michelle, Malia e Sasha. O presidente Americano não vai resistir ao apelo familiar. Meu amigo e “patrício” “cão d`água português”, qualquer que seja o teu nome - pelos vistos ainda não está escolhido, e suspeito que não terás o prazer de ser chamado por algo que tenha a ver com a língua portuguesa, tipo "Silva", "Lopes", "Santos", ou algo assim, transliterado, naturalmente, para a "língua" canina - temos, todos, os olhos postos em ti; sabemos que não nos vais desiludir… E é por isso que não podemos deixar passar esta oportunidade de dar um safanão na nossa vida económica e social, que começa a roçar a depressão ( andamos todos, literalmente, com o rabo entre as pernas ), e depois só as farmácias e os neo-pentecostais, ou outros ditos "evangélicos" sem vergonha na cara, e carácter abaixo dos teus irmãos , ganham com a crise...

Tens alguns milhões de portugueses, e eventualmente muitos milhões de brasileiros, falantes do português, na expectativa de que desempenhes bem o teu papel… Que honres a tua raça, que não nos deixes ficar mal no retrato ( é o mínimo que se pode pedir a um “rafeiro” que ladre em português – se é que ainda não esqueceste a tua ancestral portugalidade).

Já que, pelos vistos, com a nossa proverbial “esperteza” ( há quem lhe chame por cá “xico-espertismo” ), de há séculos, não conseguimos sair da “cepa-torta”, que sejas tu, meu amigo, “cão d`água português", a dar-nos uma mãozinha, ( oopss, desculpa, queria dizer patinha – não foi por mal…). E não venhas dizer que não podes, que a tua “magistratura” não vai tanto por aí…, etc ( desculpas habituais de politico português recém-chegado e instalado no Parlamento Europeu ) pois nós não aceitamos isso. Estamos fartos de gente, com moral "abaixo de cão " - peço desculpa, não é para te ofender. Ladra, salta, pula, uiva, dá latidos, geme, chora, rebola no chão, mostra aquela “cara de cão triste” a que nenhum humano resiste, e verás que consegues dar-nos uma mãozinha ( desculpa lá outra vez, eu queria mesmo era dizer patinha… É a força do hábito, não vale a pena eriçares-te comigo…).

Meu amigo, “cão d`água português”, nem imaginas a ansiedade que por cá vai. O nosso coração quase nos salta do peito só de pensar que será apenas uma questão de tempo até que nos ajudes a sair da difícil e constrangedora situação económica e social em que caímos. - já lhe chamam o culminar da "década perdida" para Portugal . Tens saído em tudo o que é imprensa, rádio e televisão… Por favor, agora que és famoso, não nos abandones, contamos contigo. É só aproveitar e "surfares" a onda...

Não te esqueças também de, nas tuas acções de sensibilização ao presidente, no que respeita à nossa realidade, e especialmente naqueles momentos, quando fores pela trela à mão de Obama, dar um valente esticão na mesma para que ele vá atrás de ti até aos famosos arraiais portugueses que por aí abundam. Vais ver que, se a tua melhor estratégia tiver falhado lá na White House, essa de puxar a trela, no momento oportuno, é inapelável . ( Mas por favor não estiques demais pois podes atirar a América ao chão e aí vais ter que te haver com o pessoal da CIA, que não é para brincadeiras e muito menos aceita que um presidente seja atirado ao chão por qualquer cão, mesmo tratando-se de um humilde "rafeiro português" , incapaz de tratar mal alguém, ainda para mais ao nosso estimado e ansiosamente aguardado Barack. Safas-te de Guantânamo, mas não de uns quantos "mimos" da secreta ). É só Obama sentir o cheiro a sardinha assada e zás, fica fisgado à primeira tricadela ( lembra-te de lhe recomendar que deve ser comida, a sardinha assada, sobre o pão/broa, e besuntados bem os dedos a “descascar” a dita, para depois os poder lamber - é assim que se deve comer uma sardinha, se formos bons portugueses, ou nos pretendermos iniciar em tal arte... Já agora não te esqueças de aconselhar o presidente a não acompanhar o pitéu com Coca Cola... sabes do que estou a falar, não é... Há por aí uns compatriotas capazes de te darem uma ajuda com outros néctares bem mais ajustados ao momento. Mas cuidado, não deixes que ninguém abuse dos ditos, que não são propriamente o mesmo que Cola e que, mais gases menos gases, podem colocar o homem a dançar um vira minhoto, ou um corridinho Algarvio num ápice... e tu vais ser responsabilizado por eventuais figuras ridículas que o teu futuro dono possa fazer em público. Nós não desejamos que isso aconteça, até pela grande estima que temos por Barack Obama e, porque já vimos, anteriormente, que Bush abusou um bocadinho em algumas ocasiões, e depois deu no que deu...

Bem sei que não és muito fã do cheiro e do sabor de tal petisco, muito menos assado, mas faz isso por nós, os teus “patrícios” Tugas.

É verdade, já agora não de esqueças da tijelinha de caldo verde para toda a família. Se estiveres em dificuldade para concretizar tudo o que te aconselho, pede aí ajuda a um Xerife português, que os há por aí igualmente tão bons como os nativos, ou a um presidente de Câmara que fale "americano" com um ligeiro sotaque transmontano, minhoto, alentejano ou mesmo beirão ou algarvio. É tudo gente nossa, gente de confiança, gente boa. Como vês, meu amigo cão, não estás sozinho a torcer por nós. Valha-nos pelo menos a universalidade da alma portuguesa, que nos tem levado longe, ainda que nunca tivéssemos sabido tirar, pelo menos até agora, muito partido disso. Mas nunca será tarde para começar…

Se precisares, mandamos-te daqui um rancho folclórico para dançar aí nos jardins da residência. Tudo aquilo que queiras e nós pudermos, dispõe, embora eu suspeite, meu amigo, de que nesta missão, estás um pouco isolado…

P.S. Peço-te, encarecidamente, que não abuses da brincadeira aí pelos salões, pois podes partir algum jarrão da China, daqueles que o Nixon de lá tenha trazido. Bem sabes o que os humanos costumam fazer aos cães nessas circuntâncias: “já p`rá barraca!”. E aí, contigo fechado numa mísera barraca, sem poderes “exercer” por casa, à vontade, lá se vão os nossos planos e as esperanças da “nação” (para além da reprovação e censura, de todas a raças canídeas tugas, a que te vais sujeitar ).

Não te esqueças também do asseio, é muito importante. Um cão, na América, não se pode dar às mesmas liberdades de um cão em Portugal ( sim, porque, por aqui, as autoridades não ligam a coisas bem mais importantes, quanto mais a isso…). Essa, meu amigo, será só a primeira “liberdade” que vais perder … Mas esquece o que perdes pela visão das compensações que terás para ti próprio e para todos nós.

Envio-te, em anexo, umas fotografias dos teus primos para que nunca olvides a família portuguesa.

Devia deixar-te beijos e abraços, mas seria invulgar um humano despedir-se dessa forma de um canídeo. Lambidelas, hum... também não me estou a ver… Deixo-te muitas festinhas e carinhos, especialmente por seres o primeiro português a pisar os tapetes da Casa Branca, o que prova que ainda conseguimos fazer muita coisa bem; pena que não consigamos concentrar-nos nos nossos melhores valores e virtudes para assim evitarmos estar agora a pedir-te favores “políticos”….

Qualquer coisa, ladra!

Ah, e tem cuidado, há por aí, pelos States, muitos comedores de "cachorros"...

Teu “patrício”

Ler mais também em texto do Diário de Notícias aqui

Ler sobre "cão d`água português" In Wikipedia

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Um deus que não é Deus

Existe um deus que não é Deus. O único com força para enfrentar a Deus. Esse deus não vive em alguma dimensão cósmica ou ponto do universo. Seu oratório é a mente humana. Ele é um deus familiar, pois vive nos espelhos da alma humana. Mesquinho, cobra desempenhos impossíveis. Inclemente, castiga as inadequações dos fracos com fúria. Ofendido por uma pessoa, dizima gerações inteiras. Imprevisível, age com um humor indetectável.

Existe um deus que não é Deus. Capaz de ofuscar o próprio Deus, misturou-se em todas as religiões. Sanguinário, exige sacrifício para estender a sua compaixão. Impassivo, privilegia os eleitos e condena o resto. Indiferente, descarta a prece da criança quando não se encaixa em seus propósitos. Distante, volta as costas para os miseráveis em nome da coerência.

Existe um deus que não é Deus. É possível encontrá-lo nos paços sacerdotais, nas leis canônicas, nas teologias que o sistematizaram. Ele vingou na religião e a cúrias já mapearam as suas ações. Sem bondade, ele defende a virtude. Sem graça, faz apologia da verdade. Os cristão sabem que ele existe; já provaram o fel de sua justiça na Inquisição. O homem-bomba de hoje testemunha o seu furor para os muçulmanos. Ele aparece em cada campanha de oração pentecostal para mostrar como é difícil ganhar o seu favor.

Existe um deus que não é Deus. Ele é uma divindade que não suporta ver Jesus almoçando com pecadores, bebendo vinho perto de mulheres suspeitas, elogiando pagãos ou prometendo o Paraíso para gatunos. Esse deus precisa desaparecer, pois é um ídolo malvado. E só com a sua morte nascerá o Salvador.

Soli Deo Gloria.

Por Ricardo Gondim In Blogue de Ricardo Gondim

Texto mantido no português usado no Brasil

Batman e a Teologia do Medo

A arma mais eficiente de Batman não está guardada no seu traje, nem no seu carro, nem na caverna onde aperfeiçoa as suas técnicas de luta. Também não é de outro planeta, presente de algum alienígena, e nem foi desenvolvida nas modernas indústrias de Bruce Wayne. É resultado de muito estudo, e sem essa arma Batman não seria o mito que conhecemos.

Ela é tão eficiente que compensa a falta de capacidades extra-humanas e é mesmo usada até contra os aliados do herói, opinião unânime entre os guionistas das histórias do personagem. Basta qualquer um aproximar-se do homem-morcego para sofrer os efeitos dela.

A arma mais eficiente de Batman é o medo.

“Criminosos são supersticioso e covardes; então o meu disfarce deve ser capaz de levar terror aos seus corações; eu devo apresentar-me como uma criatura da noite, negra, terrível (...) Eu devo tornar-me um morcergo.”

Esta frase clássica do herói está na sua origem. É assim que Bruce Wayne justifica a sua decisão pelo traje do homem-morcego. Movendo-se pela escuridão, com habilidade alcançada por um treino intenso, Batman surpreende os marginais. Quando os encontra, se ainda estiverem conscientes, não vão conseguir esconder nada. Nem dinheiro, nem drogas, nem a mais sigilosa informação. Não é preciso ser rápido, nem selvagem.

Frequentemente, o cavaleiro das trevas não diz nada. O medo invade o ambiente assim que sua presença é notada. Tem sido assim desde que ele começou o seu caminho, como está registado na história “Ano Um”:

“O traje funciona melhor do que eu esperava; eles ficam estarrecidos e dão-me todo o tempo do mundo”.

Parece que Batman faz escola, no cristianismo. Usar essa mesma arma também é uma habilidade que alguns líderes religiosos vêm desenvolvendo, à altura do herói da banda desenhada. Do alto dos púlpitos(…), plantam o medo no coração dos cristãos.

Encontram terreno fértil, assim como Batman, nos corações supersticiosos, que se movem longe das leis – da lei de Deus e da lei dos homens – e nas mentes pouco informadas. Ao contrário do herói, à luz do dia, sem qualquer vergonha, pregam a “ilusão santa”. É obedecer, cumprir, seguir, ofertar, cantar – para ganhar, crescer, alcançar, curar. Uma coisa está sempre dependente da outra.

“Não recebeu a benção? Tome cuidado, examine a sua vida! Tem aí um pecado não confessado!” “Você continua a tropeçar por causa do pecado? Continue a brincar com Deus, um dia Ele perde a paciência consigo!”

“Deus está de olho em si, no que é que você está a fazer?”

“O diabo está ao seu redor, no seu trabalho, na sua casa, até aqui na nossa igreja!”

“Não veio à igreja para ir ao cinema? Um dia Deus vai cobrar-te isso!”

Tudo isto pode ser verdadeiro.

O temor de Deus aparece na Bíblia desde o Éden: “Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me'” (Gênesis 3:10). Ao longo do Velho Testamento, o Senhor deixou claros os motivos pelos quais o devíamos respeitar.

Alguns, por falta de temor, sofreram. É verdade, o povo tinha medo de Deus. Até que Ele resolveu mostrar de que forma gostaria de se relacionar connosco. E o professor, o Mestre, foi o próprio Filho. Porque ninguém sabe mais a respeito de um Pai, que o filho que conviveu com Ele desde o princípio.

E o que o Filho nos ensinou é que a nossa relação com Deus não deve ser orientada pelo medo. O respeito e temor em relação ao Criador, face ao reconhecimento da sua grandeza e justiça, é um dever cristão. Porém viver como se a mão poderosa de Deus nos aguardasse atrás da porta, pronta a esmagar-nos, e não houvesse solução alguma, é desprezar o sacrifício da cruz. O cristão tem que viver em santidade por amor a Deus, e não pelo medo da sua condenação.

Quando Jesus deu a vida por nós, pondo fim a qualquer intermediação entre o ser humano e o Criador, também nos deu a possibilidade de nos aproximarmos diariamente de uma fonte de perdão e amor.

Se você já foi a uma piscina, deve ter verificado que em alguns lugares só é possível entrar na água depois de caminhar por um tanque rasteiro, para os pés, ou mesmo passar por um duche, para o corpo. É aí que somos sumariamente lavados de alguma sujidade, para que não se contamine a água da piscina.

A “teologia do medo” vive de pregar, enfaticamente, que os nossos corpos vão sujar a água, e esquece-se de defender a “lavagem” a que nos é oferecido para mergulharmos em profudidade na vida.

“No amor não há medo, antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo envolve castigo; e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor” (I João 4:18).

Temos que trocar o medo pelo amor. O medo está directamente com o castigo e a culpa. E a culpa, às vezes, esconde uma frustração pessoal de não se alcançar uma perfeição religiosa.

Será que Deus não sabe que jamais seremos perfeitos? Será que nós não sabemos que é impossível alcançar um padrão de santidade, sem jamais errar? Será que o medo nos faz esquecer a benção que há em receber o perdão de Deus?

“Pastor, não consegui, eu pequei novamente”, disse a mulher, assim que entrou no gabinete. Trazia um rosto de medo e arrependimento, e aguardava uma repreensão. O pastor respondeu com amor: “Glória a Deus, porque você reconheceu isso; e saiba que não vai ser última vez que tropeçou, mas tantas quantas as vezes que ainda precisar, pode contar com o amor de Deus para perdoar e dar-lhe uma segunda oportunidade . Não tenha medo”.

In “Deus no gibi”

Colaboração: Francisco Salerno Neto

Via Pavablog

Adaptado ao português usado em Portugal por Ab-Integro

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O Céu Pode Esperar

A terra prometida não está em nenhuma latitude ou longitude específica.

Há já algum tempo que deixei de relacionar a salvação com a ida para o céu depois da morte. Na minha consciência religiosa, a noção de céu como um lugar reservado aos que foram declarados justos no tribunal de Deus foi ultrapassada. Hoje essa noção é apenas uma metáfora possível e legítima, especialmente para quem observa superficialmente a teologia Paulina. Mas o caminho “terra-tribunal-céu” é apenas uma forma de representar a relação entre Deus e o ser humano, concretamente no que se refere ao destino eterno deste último. Mas há outras metáforas relacionando o Senhor e os homens, além das figuras de juiz e réu – como, por exemplo, rei e súbditos; general e soldados; senhor e escravos; mestre e discípulos. Das figuras bíblicas, a predilecta de Jesus era Pai e Filho. Foi assim que Ele nos ensinou a evocar e invocar o nome de Deus: Abba. Logo, podemos compreender que a salvação é a “formação” da pessoa de Jesus Cristo em cada ser humano, de modo que todos sejam conforme à imagem do unigénito Filho de Deus. O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, deve ser transformado à imagem de Jesus Cristo, “o qual é imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criação, pois foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse” (Colossenses 1:15,19). Nesse sentido, a salvação pode ser compreendida como processo de “humanização”, que Joshua Heschel entendia como “superação da condição humana”, ou mais precisamente, como “cristificação”, uma vez que este “humano em plenitude” é como Cristo, participante da natureza de Deus, conforme II Pedro 1.4.

A salvação em Jesus, portanto, é muito menos ir para determinado lugar, do que tornar-se um tipo de pessoa. O que importa é a transformação do indivíduo, para que a “imago Dei” lhe seja restaurada, não mais à semelhança de Adão, mas do Cristo de Deus. Tal compreensão confere sentido à existência, não apenas de direcção, mas de significado. Quem acorda na segunda-feira, a pensar no céu após a morte tende a desenvolver a fé expectante (que espera o porvir), enquanto que aquele que se levanta da cama desejando ser como Cristo, está mais próximo da fé enactante, ou seja, fé em acção, que está comprometida com o “vir a ser”.

O processo pelo qual Deus nos convida a vir a ser como Cristo pode deduzir-se de quatro eventos paradigmáticos que, por sua vez, sugerem quatro estágios da peregrinação espiritual. O primeiro está contido no chamamento de Adão após o seu acesso ao fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, seguido da fuga. Conforme Génesis 3:9, Deus passeia pelo jardim e chama-o, dizendo: “Adão, onde estás?” Evidentemente, o Senhor não queria descobrir a localização geográfica de Adão. A Sua pergunta era um chamamento à responsabilidade. Adão aparece, mas ainda assim “escondido” atrás da sua mulher, e ambos se “escondidos” atrás da serpente. Um passo no processo de humanização é o acolhimento da responsabilidade – e a consequente dignidade que o direito de viver e existir impõe a todo ser humano. O segundo evento é a chamada de Abraão: “Sai da tua terra e da casa de teu pai, do meio da tua parentela, para uma terra que eu te mostrarei” (Gênesis 12:1-3). O rabino Bonder observa que nessa vocação não há endereço, só chamamento: “Não se trata de uma trajectória para um lugar, mas sim de um caminho para si. “Lech Lechá” – assim convoca Deus a Abraão –, “vai em busca de ti”, até a terra que eu te mostrarei. O destino é o próprio meio. Simbolismo da própria vida – à qual nos apegamos como se fosse a terra, a posse maior. Na fala divina, o objecto não é a terra, é o caminhar, é o ir”. Mais um passo na direcção da “cristificação”; é o seguimento de Jesus, “Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens”, que exige deixar tudo o mais (Mateus 4.18-20).

O terceiro evento é o momento em que Deus pergunta pelo nome de Jacob, narrado em Gênesis 32:27. A expressão “Qual é o teu nome?” quer saber da identidade real, em detrimento da identidade idealizada, projectada ou assumida. Enquanto a personagem não for desmascarada, a pessoa à imagem de Deus e do seu Cristo não encontrarão espaço. Finalmente, ouvimos Deus dizer a Moisés: “Tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que estás é terra santa” (Êxodo 3.5). Bonder explica novamente: “A descoberta final de qualquer peregrino, de qualquer andarilho que caminha para si mesmo, é de que somos fundamentalistas. Esses fundamentos são os sapatos com os quais caminhamos pela vida. Esta relação tão ambígua entre o calçado e o caminhante, entre o fundamento e a essência, ou entre a sola e o solo, é o território por onde se dirige Abraão. Esta terra prometida não está em nenhuma latitude e longitude específica. Trata-se de uma viagem não geográfica. A vulnerabilidade maior está nos fundamentos, nas crenças básicas que carregamos na nossa identidade”.

É também imprescindível dar um passo no processo de “humanização-cristificação”, abandonar as teorias e entregar-se ao mistério sagrado. De nada vale ser “doutor da Lei”; importa renascer: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (João 3.3).

Por René Kivitz in Cristianismo Hoje

Adaptado ao português usado em Portugal por Ab-Integro

10 Ideias para Você se Sentir Muito Bem

1. Dedique 10 minutos todos os dias para pensar em SI, na sua maneira ser e estar na vida, exercitando o seu auto-conhecimento, procurando fragilidades e redescobrir forças e talentos há muito não usados.

2. Aplique 5 minutos todos os dias para se soltar, deixar sair a criança que há em si (brinque com seus filhos, cante, desenhe figurinhas, escreva um poema a seu conjugue ou a seus filhos, ou outras actividades semelhantes).

3. Reserve uma hora por dia (à noite, por exemplo) para LER um bom livro ou VER um bom filme ou programa de TV (isto implica que não fique a ver telenovela ou programas feitos para grangear audiências).

4. Páre 10 vezes por dia para fechar os olhos e descansar sua visão durante um minuto. Se for chefe ou empresário, convide seus colaboradores a aplicar essa técnica para relaxar os olhos e o pensamento (com olhos fechados, o cérebro gera mais ondas eléctricas alfa que o ajudam a descansar).

5. Por cada 2 horas de trabalho consecutivas faça uma pausa de 10 minutos. Saia de seu lugar, vá conversar com um colega, olhe pela janela, deixe que a sua visão se estenda pela paisagem. Se puder, saia para a rua, dê um pequeno passeio descontraído. Seu stress desce e fica pronto para mais uma etapa de 2 horas. A sua produtividade vai aumentar. E vai ganhar tempo e saúde!

6. Por cada hora de trabalho na secretária ou no computador páre para distender seus braços e músculos do pescoço; evitará muitas dores nas costas, enxaquecas e pressão.

7. Seja um pessoa legal! Diga BOM DIA com entusiasmo e um sorriso. Diga a toda a gente que se cruzar com você, até estranhos. Faça-o com elegância e moderação para que sua saudação seja aceite como gesto de simpatia! As suas emoções vão ficar mais serenas e se sentirá feliz por saudar vivamente as outras pessoas.

8. Definitivamente, se ainda não o fez, cuide de sua dieta. Obrigue-se a ingerir alimentos variados e saudáveis. Diga NÃO a comida salgada ou muito doce. Beba água ou sucos naturais. Seu corpo e sua mente vão desintoxicar e aumentar sua capacidade de resolução de problemas. Sua saúde geral vai também aumentar.

9. Respire bem! Faça exercício todo o ano, pratique jogging, marcha ou frequente um ginásio. Duas ou três vezes por dia faça exercícios suaves de inspiração e expiração para aumentar sua vivacidade. O cérebro necessita que você respire bem. É vital!

10. Pratique sua educação emocional e social. Dedique-se a causas em que você e os outros possam beneficiar do contacto. Participe em foruns, inscreva-se num clube cultural, exercite a amizade com quem gostar.

Por Nelson S. Lima

( Centro de Estudos Augusto Cury )

In www.centroaugustocury.com

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Cristianismo Mascarado

Máscaras

Sempre que coloco uma máscara para encobrir minha realidade fingindo ser o que não sou,

faço-o para atrair as pessoas. Mas logo descubro que somente atraio outros mascarados, afastando as pessoas devido a um estorvo: a máscara.

Faço-o para evitar que os outros vejam minhas fraquezas, mas logo descubro que por não verem a minha humanidade, as pessoas não podem me amar pelo o que sou e sim pela máscara.

Faço-o para preservar minhas amizades, mas logo descubro que quando perco um amigo, por ter sido autêntico, ele realmente não era amigo meu, e sim amigo da máscara.

Faço-o para evitar magoar alguém e por diplomacia, mas logo descubro que é a máscara o que mais magoa as pessoas de quem quero me aproximar.

Faço-o com a certeza de que é o melhor que tenho a fazer para ser amado; mas logo descubro o triste paradoxo: o que mais desejo conseguir com minhas máscaras é precisamente o que com elas eu impeço que aconteça.

Gilbert Brenson-Lazán*

*(…)Este texto excepcional do psicólogo norte-americano Gilbert Brenson-Lazán, serve tanto como parábola (e repreensão) para a vida cristã de alguns, como cai como uma luva nesta época de carnaval.

In Blogue Poesia Evangélica Via Confeitaria Cristã