quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O Sonho Americano, 200 Anos Atrás

Hoje 12 de Fevereiro de 2009, faz 200 anos que nasceu Abraham Lincoln, na pequena povoação de Hodgenville, pertencente ao estado do Kentucky, Estados Unidos da América. O homem que se notabilizou como 16º presidente dos E.U.A., cargo para o qual foi eleito em Março de 1861, haveria de ficar na história por dois factos do maior relevo: enquanto chefe supremo da nação americana, venceu a guerra da secessão contra os estados do sul, declarada por 11 deles, e que ameaçava conduzir à divisão geográfica do país, e aboliu também a escravatura, que era o grande suporte económico da agricultura sulista, latifundiária, de então.

Lincoln esteve na presidência dos E.U.A até Abril 1865, sendo assassinado a 15 desse mesmo mês. Foi o primeiro presidente do partido republicano a ser eleito para o cargo no qual seria sucedido por Andrew Johnsen.

Curiosamente, Charles Darwin, de quem já falámos neste blogue e a quem voltaremos em breve, nasceu exactamente no mesmo dia e ano que Abraham Lincoln, este, porém, sobreviver-lhe-ia mais 17 anos.

O actual presidente dos E.U.América, Barack Obama, citou várias vezes, ao longo da campanha para a presidência americana, este seu antecessor de há dois séculos atrás no mesmo cargo. Momentos diferentes, mas desafios enormes e intensos para ambos. Se Lincoln, procurava que a América não se desintegrasse, Obama procura restaurar um país, ainda meio incrédulo com o que lhe está a acontecer. A nível mundial, o desafio que o segundo tem pela frente é sem dúvida ciclópico. Acredito que “colar os cacos” globais seja tarefa bem menos interessante do que construir um país, mas não menos emergente e a necessitar de excelência, inteligência, fé e respeito pelos valores essenciais e primordiais de todos os seres humanos, não apenas de alguns, como até agora. Obama precisa também da Graça de Deus, sem dúvida.

De um ponto de vista sociológico, pode dizer-se que Barack Obama é resultado de uma vitória da política social e humanista que Abraham Lincoln desenhou e levou à prática há 200 anos, mesmo que, pelo meio, a história da América se tenha manchado com muito do seu próprio sangue , quase sempre negro, quase sempre estupidamente vertido às mãos de quem supõe poder sobrepor a paleta das cores à importância de um ser humano. Se Lincoln pudesse ter estado na tomada de posse de Obama, estou certo de que ele próprio seguraria, f irme, a Bíblia, para que o actual presidente Americano sobre ela jurasse, a mesma Bíblia que Abraham Lincoln utilizou na sua investidura como 16º presidente dos E.U.A. em 1861.

Assinale-se ainda que , hoje, 12 de Fevereiro, vai a leilão, através da Christie`s de Nova Yorque, o discurso que Lincoln proferiu aquando da segunda vitória eleitoral . O manuscrito é avaliado por cerca de três milhões de euros. Está caracterizado como um dos discursos mais relevantes do 16º presidente por ter sido utilizado num contexto de fragmentação do país. Através dele Lincoln chamava a nação à unidade.