terça-feira, 31 de janeiro de 2012

No Tempo em que as Gargalhadas eram Livres


Deixei  partir um, quase vazio, que ia directo ao meu destino. Fiquei aborrecido porque se tivesse chegado à gare 2 minutos antes teria conseguido apanhar aquele comboio, onde arranjaria um lugar sentado. Esses dois minutos resultaram em ter que fazer a curta viagem toda em pé, encostado desconfortavelmente na coxia.

Viajo pouco de comboio, mas lembro-me bem de que, quando viajava mais, por razões profissionais, cada viagem era quase como que uma festa ou um momento de puro relaxamento. Grupos de passageiros que se conheciam há muito apenas por se cruzarem todos os dias, na mesma composição, no mesmo horário, de manhã ou à tarde.  Estranhava-se e indagava-se se algum falhava mais do que um dia ou dois. Sabia-se sempre quando iam de férias os que connosco partilhavam o espaço alegre do comboio.

Lia-se a última obra adquirida ao círculo de leitores em suaves prestações mensais. Capas bem forradas para que não se desbotasse a gravura que havia de enquadrar, lombada bem direitinha, a decoração da estante da sala. Debatiam-se as últimas do futebol, os golos falhados, os erros do árbitro cuja mãe era sempre a vítima mais à mão, as picardias habituais que acabavam sempre numas boas e sonoras gargalhadas. O comboio, do que me recordo, era um momento de  descontraido convívio até à estação de destino de cada um. Nunca se viajava em solidão, nem mesmo quem ia sózinho.

Após ter dado um pequeno e inadvertido encontrão, com a minha pasta de ombro, à jovem senhora que ocupava o lugar  próximo do meu encosto ocasional na coxia, pedi desculpas,  mas não me livrei de um olhar enfastiado e reprovador como se tivesse cometido gravíssima falha não merecedora de perdão. Acomodei-me, tirei da mala "O Ano da Morte de Ricardo Reis", que tenho andado a reler em breves soluços ocasionais, dei-me conta do rolo no estômago que o dr. Ricardo Reis carregava enquanto subia nervosamente a Rua do Alecrim  afim de  comparecer na sede da polícia política depois de ter sido intimado por uma contra-fé recebida no hotel Bragança. Olhei por sobre a cabeça dos meus companheiros de viagem ocasionais. A composição estava cheia no final da tarde de ontem. Parecia até que todos os passageiros caminhavam com Ricardo Reis,  rua do alecrim acima, desconfiados de um percurso em que nada de bom os aguardava. Rostos fechados; semblantes carregados. Nem o regresso a casa consegue deslaçar a opressão sobre quem terminou um dia de fadiga profissional. Os gadgets ocupam e retiram os espaços de convivialidade de outros tempos. Silêncio quase absoluto apenas entrecortado pelo ténue ruido do "pouca-terra" da moderna composição. Cada passageiro carrega o peso do mundo sobre si.

Senti nostalgia das minhas boas  e curtas viagens de comboio onde as vozes quase troavam e as gargalhadas  eram soltas e subversivas. Não havia gadgets. Apenas um ou outro livro aberto e o jornal da manhã, maioritariamente desportivo. Outros tempos, sem dúvida, quando não havia troika, nem governos neo-liberais a roubar os sorrisos, mesmo se só as gargalhadas eram livres.


Jacinto Lourenço  

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O Passado genético Árabe dos Europeus.

( Asentamento atribuido ao 'Homo sapiens' em Oman )

O caminho percorrido durante a  longa viagem de 60.000 anos que trouxe o homem desde África até ao resto do mundo passou  por território Árabe, onde fez uma primeira paragem,  antes de continuar a expandir-se. Assim se depreende das análises genéticas realizadas por uma equipa de investigadores portugueses, britânicos e de diversos países árabes, publicadas esta semana na revista "American Journal of Human Genetics". Os cientistas, dirigidos pela portuguesa Luisa Pereira, da universidade do Porto, sequenciaram o genoma mitocondrial completo de 85 indivíduos do sudoeste asiático comparando-o com o de 300 europeus[...]


Ler texto integral AQUI, em castelhano, no jornal El Mundo

sábado, 28 de janeiro de 2012

Finalmente descoberta a Razão porque Cristóvão Colombo Descobriu a América...



Cristóvão Colombo pôde descobrir a América, apenas porque ERA SOLTEIRO.


Se Cristóvão Colombo tivesse tido esposa, teria ouvido:


- E porque é que tens que ir?
- E porque é que não mandam outro?
- Vês tudo redondo! Estás louco ou és parvo?
- Não conheces nem a minha família e já vais descobrir o novo mundo!
- E vão viajar só homens? Achas que sou estúpida?
- Porque é que eu não posso ir, se tu és o chefe?
- Desgraçado.. já não sabes o que inventar para estar fora de casa !
- Se saíres por essa porta, vou-me embora para a casa da minha mãe!
- E quem é essa tal Maria..? Que Pinta..?! De que Santa estás a falar?! Que Nina...?
- Vai passear macacos !
- Tinhas tudo planeado, maldito! Vais encontrar-te com umas índias!
- Vais-me enganar?
- A Rainha Isabel vai vender as jóias dela para poderes viajar? Dás-me cá um gozo!...
- Achas-me parva ou quê?
- O que tens com essa velha? Andas com a velha?
- TU...? Não vais é a lugar nenhum !
- Não vai acontecer nada se o mundo continuar plano. O quê? Não te vistas...!!!
- Tu não vais!!!


Definitivamente...... ERA SOLTEIRO !!!


Fonte: Por Terras de Sefarad

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ladrão que Rouba Ladrão...

O Inconfessado Passado Nazi de algumas Importantes e "inocentes" empresas Alemãs...



Já se sabia, várias grandes empresas colaboraram, com maior ou menor entusiasmo, com o 3º reich.

A IG Farben (que incluia a BASF, a Hoescht e a Bayer - esta patenteou em 1898 a heroína como antitússico para crianças, sem efeitos colaterais...) foi a maior doadora da campanha eleitoral de Hitler, produziu o ziklon B usado nas câmaras de gás e tinha uma avença anual com as SS, contra o fornecimento de prisioneiros (83.000) para trabalharam na sua fábrica de Auschwitz.

Também a Daimler-Benz apoiou os nazis, obtendo em troca reduções fiscais, contratos para a produção de armas e trabalhadores forçados.

O mesmo se passou com a BMW, com o pormenor do seu fundador, Helmut Quandt (os seus netos controlam hoja a empresa), se ter filiado no NSDAP em 1933 e ter recebido de Hitler, 4 anos depois, o impronunciável título de Werhwirtschaftsführer (líder da economia do Armamento).

Curiosa é a entusiasta colaboração de certo estilista, que se filiou em 1931 no partido nacional-socialista dos trabalhadores alemães, e que na década anterior (ainda Hitler liderava um grupúsculo bávaro) criou as espartanas fardas dos 'camisas castanhas', a claque para-militar do partido, das SS e da juventude nazi. Não destoando, pela sua fábrica passaram 140 trabalhadores forçados polacos ('angariados' pela gestapo) e 40 prisioneiros de guerra franceses - o que dá algum requinte à griffe...

A sua graça, Hugo Ferdinand Boss
 
 
Fonte: A Rês Pública

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Tempo é Tempo. Dinheiro é Dinheiro


Tempo é tempo; dinheiro é dinheiroFaz sentido guardar dinheiro para um futuro mais tranquilo, mas guardar tempo é impossível. Repense como você utiliza seu tempo.

Tempo é dinheiro. Quantas vezes já ouvimos isso? E quantas vezes acreditamos em tal afirmação? Ultimamente, estou em uma fase do tipo “sem tempo para nada”: a caixa de entrada de e-mails virou uma avalanche de ansiedade, não consigo falar com todos que quero e nem dar retorno como gostaria. Há ainda os telefonemas, as chamadas pelo Facebook, as mensagens por Twitter...

Tamanho excesso de atividades me fez pensar um pouco mais sobre o tempo. Em primeiro lugar, deixemos claro: acreditar que tempo é dinheiro é uma baboseira que só serve para manter a insanidade da relação humana com o passar do dito cujo. Aceitar que tempo é dinheiro implica reconhecer no tempo as mesmas características do dinheiro e trazer para sua utilização as mesmas culpas judaico-cristãs no trato com o chamado vil metal. A sociedade moderna considera que o gasto do dinheiro tem de ser excessivamente ponderado – então, seu desperdício deve ser sumariamente condenado. Se tempo é dinheiro, o mesmo seria verdade com o gasto do tempo. No entanto, existe uma grande diferença entre os dois.

O dinheiro pode ser armazenado, e podemos controlar seu fluxo. Já o tempo é um fluir contínuo e incontrolável – ele será gasto, quer queiramos ou não. Se aceitarmos que tempo é dinheiro, a simples decisão equivocada de optar por uma rota com mais trânsito nos traria uma ansiedade insuportável, pois então estaríamos perdendo uns trocados enquanto parados no engarrafamento. A escolha de um projeto, curso ou atividade que não dê grandes retornos, então, seria o mesmo que torrar uma pequena fortuna. Mas temos de nos lembrar que o tempo não teria parado de acordo com nossas escolhas mais acertadas: ele teria passado de qualquer jeito e, de uma forma ou outra, teríamos de usá-lo para alguma coisa. Além disso, aprendemos com as nossas experiências. Utilizar o tempo em algo que não dê o resultado que esperamos é bem diferente que empregar dinheiro em algo errado ou inútil.

Outro ponto a se considerar é que, se tempo é dinheiro, faz todo o sentido guardarmos tempo para o futuro. Ou seja, deveríamos fazer uma previdência privada de tempo, deixando de utilizá-lo agora para dispor dele no futuro. Só que , como tempo não é dinheiro e nem pode ser armazenado, essa poupança é inteiramente inútil . Mesmo assim, quantas pessoas deixam as férias sempre para depois? E aquela viagem dos sonhos? “Ah! Quando eu me aposentar”, respondem alguns. E por que não reduzir o ritmo absurdo de trabalho? “Ah, porque temos de aproveitar o momento”, diriam outros.

Nada mais néscio, para usar uma linguagem bíblica. Em primeiro lugar, há o risco de morrermos sem termos conseguido nos aposentar. Porém, mesmo que alcancemos a velhice, talvez já não tenhamos condições físicas para executar os projetos tantas vezes postergados. Mais uma vez, temos de lembrar que o tempo flui como um rio; não há como armazená-lo para uso posterior. Então, por que não empreender agora mesmo a viagem sonhada ou começar imediatamente aquele curso que tanto queremos fazer? Faz sentido guardar dinheiro para um futuro mais tranquilo, mas guardar tempo é impossível.

Finalmente, vale lembrar que tempo e dinheiro são tão diferentes que as pessoas com mais tempo são justamente aquelas mais pobres, e os mais ricos são os que menos têm tempo. Se tempo fosse dinheiro e vice-versa, mendigos e desempregados não hesitariam em trocar tempo por dinheiro, enquanto altos executivos, milionários e líderes mundiais não pensariam duas vezes para comprar tempo.

Sim, o tempo é uma riqueza, dada por Deus em quantidades individuais a cada um de nós. Mas ele não pode ser vendido ou comprado. Portanto, repense como você utiliza seu tempo e deixe de acreditar que ele é dinheiro. E não se sinta culpado pelos momentos em que você não faz nada. Você não está jogando dinheiro fora; apenas usando o seu tempo de uma forma que lhe agrada e lhe dá prazer. E mesmo aquele tempo aparentemente perdido no trânsito, na internet lenta ou atendendo a operadora de telemarketing não é dinheiro jogado fora. É tempo que poderia ser usado para outras coisas, é verdade; mas procure usar este tempo para refletir e pensar em vez de apenas ficar irritado com a fictícia perda financeira porque tempo seria dinheiro. Como disse um dos maiores poetas brasileiros, “o tempo não para”. E tomarmos consciência disto é uma grande libertação.

 
Fonte: Carlos Carrenho in Cristianismo Hoje

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Afinal, quem são os Portugueses...?!



Um estudo sobre os homens da Península Ibérica "recentemente publicado", sugere que o antepassado de muitos portugueses terá sido um judeu ou um muçulmano do Norte de África (berbere). Convertido ao cristianismo ou forçado (esse antepassado) fundiu-se  na população geral e abandonou a sua fé e cultura originais, para depois acabar por esquecê-las. Em média, os homens ibéricos apresentam no seu ADN cerca de 20 % de ascendência judia e 11 % africana.


Ana Gerschenfeld


Jornal Público - Dez. 2008


Via Por Terras de Sefarad

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Estarão os Dez Mandamentos Ultrapassados ?



... A revista alemã Stern publicou um dossier subordinado à pergunta: "Os dez mandamentos estão ultrapassados ?" . Significativamente, políticos como o actual ministro federal das finanças, Wofgang Schäuble, realizadores como Wim Wenders, filósofos como Peter Sloterdijk, declararam que eles continuam vivos e actuais. De facto, quem negará a actualidade e preceitos como  "Não farás imagens de Deus" [...], "Não matarás", "Não cometerás adultério", "Amarás os filhos e respeitarás os pais", "Não roubarás", "Não viverás à custa dos outros",  "Serás justo com todos", [...].

Referindo-se-lhes como um compêndio da sabedoria humana, acumulada ao longo de séculos, o grande escritor Thomas Mann disse que eles são "manifestação fundamental e rocha da decência humana", "o ABC da conduta humana".


Anselmo Borges in  "Deus e o sentido da existência", pág. 65, Gradiva, 2011

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A Europa do Século XX e o Congresso de Viena do Século XIX ou de como Finalmente aparece um Alemão que Começa a Olhar para Além do Umbigo da Alemanha !


O social-democrata alemão Martin Schulz foi hoje eleito Presidente do Parlamento Europeu, mas é seguramente o primeiro a afirmar num discurso inaugural que "o fracasso da União Europeia é um cenário realista".

Schulz, de 56 anos e eurodeputado há 18, fez uma violenta crítica ao atual sistema de funcionamento da UE, considerando que "as cimeiras de crise" sucedem-se há meses, mas "são tomadas à porta fechada por chefes de Governo".

"A política europeia está novamente numa situação que se acreditava estar há muito ultrapassada e que traz à memória a época do Congresso de Viena do século XIX", declarou. "Nessa altura a máxima era impor à viva força os interesses nacionais sem qualquer controlo democrático".

Para Schulz, a Europa do pós-guerra baseou-se no princípio contrário, de que a UE não é "um jogo de soma zero, em que um tem de perder para que outro ganhe. Ou ganhamos todos ou perdemos todos", afirmou, realçando que o chamado método comunitário "não é um conceito técnico mas o espírito da União Europeia".

Declaração de guerra
O novo presidente da única instituição da União eleita fez também uma declaração de guerra a quem quer diminuir o papel do Parlamento.

"Declaro guerra, aqui e agora, a quem pensa que é possível ter mais Europa com menos parlamentarismo", disse, depois de explanar a sua ideia da evolução da situação na Europa.

"Nos últimos dois anos, mudou não apenas a visão dos problemas, mas também o modo como estes são tratados. A realização de cimeiras, a multiplicação de encontros de chefes de Governo e a grande atenção a estes atribuída excluem dos processos de decisão o único órgão eleito por escrutínio direto, o Parlamento Europeu", declarou.[...]


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Encontro ( inédito de J.T.Parreira )


















Não troco o Amado

por um Querubim
mesmo que ao voar
me faltem asas, não troco os seus cabelos
molhados entre os espinhos
pelas cascatas de luz
do Querubim
Mesmo quando vou
ao seu encontro e me pese a cruz.




14/1/2012

(C) J.T.Parreira


Publicado in  A Ovelha Perdida

Estou no Tacho...Não me chateiem, Porque eu Agora Estou no Tacho...



Fonte : Henricartoon

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Naufrágio...












Para Onde Vamos ?


...programa de ajustamento em que o país foi forçado a mergulhar está a empobrecer a nação, a destruir as empresas com falta de crédito, a aumentar o desemprego, a afastar os trabalhadores jovens e qualificados, a contaminar a moral pública com o ressentimento e a intriga, típicas das casas onde o pão escasseia. A S&P disse o que é óbvio: a estratégia absurda da "austeridade expansiva", de que espanhóis, italianos e outros também são vítimas, foi feita a pensar no interesse dos credores. O interesse dos países endividados, mas sobretudo o interesse da União Europeia, e da própria economia mundial não foi tido nem achado. Dia 13 o eixo Paris-Berlim quebrou-se. O Reno vai voltar a correr impetuoso. A luta pela alteração da política do BCE vai acentuar-se. Nada de bom se pode esperar de um Sarkózy desesperado, e de uma Merkel aterrorizada na sua ilha, que se afunda carregada com as poupanças de europeus em fuga para sítio nenhum. A Europa poderia ter um futuro. Federalismo, com prosperidade. União política, com confiança. Em vez disso está mais perto da implosão, da pobreza, e das baionetas. Os mercados não são o inimigo. A estupidez política, sim. Mas como poderemos vencer uma força contra a qual, como escreveu Schiller, até os deuses lutam em vão?


Viriato Soromenho Marques in Diário de Notícias Online

sábado, 14 de janeiro de 2012

Secularização e Destino da Europa



...Václav Havel, um dos europeus mais lúcidos do século XX, preveniu: "Pela primeira vez na História, assistimos ao desenvolvimento de uma civilização deliberadamente ateia. Deve alarmar-nos". "A transcendência é a única alternativa à extinção." E o agnóstico M. Gauchet disse: "O que ameaça a democracia, hoje, é o vazio, a futilidade, o esquecimento, a facilidade, o curto prazo, a superficialidade. As religiões, e o cristianismo em particular, têm o sentido do essencial, do trágico, do mistério da aventura humana, coisas que a democracia facilmente ignora. Elas podem ser decisivas para a democracia."[...]


Anselmo Borges in Diário de Notícias Online

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Problema de um Judeu...



Um judeu chega à casa do rabino e, aflito, lhe diz:

- Rabino, minha mulher não me deixa viver! Ela me ofende, me maltrata, me humilha!

O rabino responde:

- Guetir (Divorcia-te).

E o judeu:

...- Rabino, como vou me divorciar se eu gosto tanto dela, sou maluco por ela ?

O rabino responde:

- Guetirnicht (Não te divorcies!).

Ao cabo de uma semana, volta o judeu:

- Rabino, já não posso mais viver com ela. Ela não quer que eu estude, me insulta, me faz passar vergonhas diante dos amigos!

O rabino responde:

- Guetir (Divorcia-te).

- Rabino, como vou me divorciar? E o que dirão meus pais, restante família, meus amigos e conhecidos?

O rabino responde:

- Guetirnicht" (Não te divorcies!).

Passadas algumas semanas, o homem volta ao Rabino:

- Rabino, ela não quer fazer peixe para o Shabat! Não quer fazer amor comigo! Como posso viver desta maneira?

O rabino já danado, disse então:

- Converta-se ao cristianismo.

- Rabino, como me dizes tal coisa se sou um judeu piedoso, cumpridor de todos os preceitos da Torá! Por que tenho de me converter ao cristianismo?

- Porque pelo menos assim, você vai chatear o padre, e não a mim.



 Solange Szwarcbarg via Por Terras de Sefarad 

Suposta Carta de Abraham Lincoln ao Professor do seu Filho




Caro professor,

Ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que para cada vilão há um herói, que para cada egoísta há também um líder dedicado; ensine-lhe por favor que para cada inimigo haverá também um amigo; ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada; ensine-o a perder, mas também a saber gozar a vitória; afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso; faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros no céu, as flores no campo, os montes e os vales.

Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa; ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.

Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.

Ensine-o a ouvir todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho; ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.

Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só, contra todos, se ele achar que tem razão.

Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço; deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.

Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.

Eu sei que estou pedindo muito, mas veja o que pode fazer, caro professor.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Os Pobres, a Erva e o Banqueiro...

 
Certa tarde, um famoso banqueiro ia para casa na sua "limousine" quando viu dois homens à beira da estrada, a comer erva. Ordenou ao seu motorista que parasse e, saindo, perguntou a um deles: - porque estão a comer erva...? - Não temos dinheiro para comida, - disse o pobre homem - por isso temos que comer erva. -... Bem, então venham à minha casa e eu lhes darei de comer - disse o banqueiro. - Obrigado, mas tenho mulher e dois filhos comigo, estão ali, debaixo daquela árvore. - Que venham também - disse novamente o banqueiro. E, voltando-se para o outro homem, disse: - O senhor também pode vir. O homem, com uma voz muito sumida disse-lhe:  -mas senhor, eu também tenho esposa e seis filhos comigo! - Pois que venham também - respondeu o banqueiro. E entraram todos no enorme e luxuoso carro. Uma vez a caminho, um dos homens olhou timidamente para o banqueiro e disse: - o senhor é muito bom... Obrigado por nos levar a todos! O banqueiro respondeu: - meu caro, não tenham vergonha, fico muito feliz por fazê-lo! Vão ficar encantados com a minha casa... A erva está com mais de 20 cm de altura!   Moral da história: "Quando achares que um banqueiro (ou banco) está a ajudar-te, não te iludas, pensa um pouco antes de aceitares qualquer acordo..."
 
 
Via Facebook através de João Rogaciano

Fiquei a Gostar deste parlamentar Europeu. Olhos nos Olhos disse o que tinha para Dizer, sem Medos !



Via Facebook  através de Ricardo Cardoso

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A Dor Identitária de Ser Português


Todos  sabemos de que sem a compreensão e aceitação do passado, do nosso passado, dificilmente conseguiremos projectar o futuro. Guimarães, mesmo não sendo consensual, é assumida como o “berço” da nossa nacionalidade. Aceita-se ( ou não ) que daí se gizaram os planos de D.Teresa e depois D. Afonso Henriques, seu filho e primeiro rei de Portugal, para o alargamento do reino. Do mal o menos, que nessa altura ainda se faziam planos e o reino tinha objectivos, mesmo que esses não passassem, principalmente, pelos interesses colectivos da nação mas sim pelos do rei e de alguns cavaleiros, enquanto senhores feudais. O que nos deve preocupar, actualmente, como nação, já não é a conquista territorial mas antes   a incerteza e dúvida  da sobrevivência e do futuro, e não estou apenas a falar do futuro de um povo com uma identidade orgulhosamente vincada, mas sim da dúvida em haver viabilidade na manutenção dos fundamentos básicos dessa identidade.

Arrisca-se Portugal a   que daqui por mais alguns anos nenhum cidadão, por cá ter nascido,  queira sustentar na sua identidade tamanho estigma, o de ostentar no seu passaporte a nacionalidade de um país que o rejeita, mas que recorrente e obstinadamente o mandou "pastar" para outras paragens, de preferência bem longe daqui da península.                       

Pelos vistos, temos aprendido muito pouco com a nossa própria história; e a nossa história, ao contrário do que os anais da generalidade dos reis nos falam, é feita mais de momentos menos bons do que de momentos felizes, do ponto de vista colectivo. Mas sobrevivemos e mantivemos, apesar de tudo, a nossa identidade. E é por isso que nos dói, ainda mais, constatarmos que, precisamente agora, quando mais precisávamos de uma identidade colectiva menos nos queiram  fazer acreditar nela.

Que Portugal se tenha perdido, irremediavelmente, enquanto unidade política e territorial soberana, na justa medida em que perdeu as oportunidades de desenvolvimento social e económico que lhe têm sido abertas,  eu percebo muito bem, porque sei exactamente como, quem fez perder e quando e onde se perdeu Portugal. Mas que nos queiram agora fazer crer que nós, portugueses, os dez milhões, ( descontadas as sanguessugas políticas e económicas que se vestem de bandeiras costuradas à pressa ) estamos também perdidos de Portugal enquanto nação, isso não aceito, porque eu, e todos os outros portugueses, os que podem ostentar esse nome sem necessidade de ir à televisão fazer dele proclamação, carregamos às costas este país, o mais velho da Europa,  se atendermos às fronteiras em que nos encerramos  há  mais de nove séculos.

Mas nove séculos podem não chegar para fazer grande um país, uma nação.  Eu concordo  com alguns historiadores, que defendem nunca ter o país passado por um verdadeiro feudalismo como a generalidade da Europa, na idade média.  Mas acho também que o que tivemos foi mais, e sempre,  um “feudalismo” tardio,  feroz , mascarado de neoliberalismo facínora, nos últimos decénios , e que canibalizou, nos derradeiros 20 ou 30 anos, literalmente, o que a a Europa desenvolvida enviou para Portugal, facto que nos   levou  ao tapete da história onde agora nos  encontramos   para sermos  pisados por todos os que sempre desacreditaram e desdenharam  de que, só por si,  a história  faria uma nação apenas  porque já lhe deu 900 anos.  E o pior é que provavelmente têm razão.

Infelizmente a  história, em Portugal, foi sempre  o prado onde o gado feudal pastou o povo, mesmo se isso se fez com a suposta validação democrática desde o 25 de Abril de 1974.

O que me falta saber é se, como povo, merecemos ou não isto, carregar um país que não nos quer nem nos deseja se não pode  estar permanentemente a mirar-nos os miseráveis bolsos coçados do uso. Ou  se queremos continuar a, "carneiramente", deixar que nos pastem...

Enquanto isso afunda-se o povo na sua dor identitária, sempre a desejar que Alcácer Quibir lhe resgate as perdas de sonhados impérios.

Jacinto Lourenço






segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O Povo como Instrumento...


...Há também os que adoram o povo e combatem por ele mas pouco mais o julgam do que um meio; a meta a atingir é o domínio do mesmo povo por que parecem sacrificar-se; bate-lhes no peito um coração de altos senhores; se vieram parar a este lado da batalha foi porque os acidentes os repeliram das trincheiras opostas ou aqui viram maneira mais segura de satisfazer o vão desejo de mandar; nestes não encontraremos a frase preciosa, a afectada sensibilidade, o retoque literário; preferem o estilo de barricada; mas, como nos outros, é o som do oco tambor retórico o último que se ouve.

Só um grupo reduzido defende o povo e o deseja elevar sem ter por ele nenhuma espécie de paixão; em primeiro lugar, porque logo reprimiriam dentro em si todo o movimento que percebessem nascido de impulsos sentimentais; em segundo lugar, porque tal atitude os impediria de ver as soluções claras e justas que acima de tudo procuram alcançar; e, finalmente, porque lhes é impossível permanecer em êxtase diante do que é culturalmente pobre, artisticamente grosseiro, eivado dos muitos defeitos que trazem consigo a dependência e a miséria em que sempre o têm colocado os que mais o cantam, o admiram e o protegem.

Interessa-nos o povo porque nele se apresenta um feixe de problemas que solicitam a inteligência e a vontade; um problema de justiça económica, um problema de justiça política, um problema de equilíbrio social, um problema de ascensão à cultura, e de ascensão o mais rápida possível da massa enorme até hoje tão abandonada e desprezada; logo que eles se resolvam terminarão cuidados e interesses; como se apaga o cálculo que serviu para revelar um valor; temos por ideal construir e firmar o reino do bem; se houve benefício para o povo, só veio por acréscimo; não é essa, de modo algum, a nossa última tenção.



Agostinho da Silva, in Considerações
 
 
Via Citador

domingo, 8 de janeiro de 2012

Cristo Reina !




...Para mim, crer que Jesus está reinando significa que, quando reflito nas verdades do mundo — com todas as complexidades imprevisíveis da rotina internacional, as afirmações e controvérsias e os posicionamentos e arrogâncias do poder militar e da dominação económica —, preciso constantemente me perguntar como e onde vejo sinais do reino de Deus em Cristo no meio  disto tudo.

Contudo, não será uma tarefa difícil no meio do nosso mundo louco e desordenado?

Provavelmente não mais difícil do que teria sido nos dias dos profetas, quando a Assíria, a Babilónia e a Pérsia pareciam governar o mundo. Ou nos dias de Jesus e dos apóstolos, quando o Império Romano dominava o mundo sendo a única superpotência, impondo a sua vontade por meio de uma mistura ambígua de superioridade militar implacável, interesse económico e boas realizações. Pouca coisa mudou. Porém, no meio de toda esta ambiguidade, somos chamados a afirmar que “nosso Deus reina, Jesus é o Senhor (e não César ou seus sucessores)!”. Nisso ponho a minha confiança e esperança.[...]


Christopher J. H. Wright in Revista Ultimato

sábado, 7 de janeiro de 2012

Ninguém pode Servir a dois senhores...


...O problema reside, como explicou indirectamente J. M. Keynes, na sua Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, na segurança. Os seres humanos têm medo do futuro e precisam de assegurá-lo. Tradicionalmente, essa missão estava confiada à religião. Agora, a segurança vem do dinheiro. De facto, o dinheiro abre todas as portas e compra tudo. Dá prestígio e é aquele meio que dá acesso a todos os meios - no limite, asseguraria a própria imortalidade. Ele é omnipotente como um Deus.

Por isso, González Faus diz que a legenda das notas de dólar (in God we trust) significa na realidade: in "this" God we trust ("neste" Deus, o Dinheiro, confiamos). Mas, de facto, o que deveria trazer-nos segurança trouxe-nos, como se vê, no quadro de um neoliberalismo à solta, uma insegurança global, que pode levar ao desastre.

Anselmo Borges in Diário de Notícias Online

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Pois Claro meu caro Eça, sempre a Espreitar o Futuro, não é ?!



...Hoje, que tanto se fala em crise, quem não vê que, por toda a Europa, uma crise financeira está minando as nacionalidades ? É disso que há-de vir a dissolução. Quando os meios faltarem e um dia se perderem as fortunas nacionais, o regime estabelecido cairá para deixar o campo livre aao novo mundo económico.

Esta crise que Portugal sente na sua fortuna, sente-a igualmente a Espanha, a Itália, a Áustria, etc.
O que virá, não se sabe; que há-de vir alguma coisa é verdade; se a felicidade social, se apenas o elemento duma nova dissolução, se a grandeza e a justiça, se o desalento e a decadência, isso quem o sabe ? [...]


Eça de Queiroz, textos do Distrito de Évora, 1867

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Estes homens são o Povo !


Há no mundo uma raça de homens com instintos sagrados e luminosos, com divinas bondades do coração, com uma inteligência serena e lúcida, com dedicações profundas, cheias de amor pelo trabalho e de adoração pelo bem, que sofrem, que se lamentam em vão.
Estes homens são o povo.

Estes homens estão sob o peso do calor e do sol, transidos pelas chuvas, roídos do frio, descalços, mal nutridos; lavram a terra, revolvem-na, gastam a sua vida, a sua força, para criar o pão, o alimento de todos.
Estes são o povo, e são os que nos alimentam.
Estes homens vivem nas fábricas, pálidos, doentes, sem família, sem doces noites, sem um olhar amigo que os console, sem ter repouso do corpo e a expansão da alma, e fabricam o linho, o pano, a seda, os estofos.
Estes homens são o povo, e são os que nos vestem.

Estes homens vivem debaixo das minas, sem o sol e as doçuras consoladoras da natureza, respirando mal, comendo pouco, sempre na véspera da morte, rotos, sujos, curvados, e extraem o metal, o minério, o cobre, o ferro, e toda a matéria das indústrias.
Estes homens são o povo, e são os que nos enriquecem.

Estes homens, nos tempos de lutas e de crises, tomam as velhas armas da Pátria, e vão, dormindo mal, com marchas terríveis, à neve, à chuva, ao frio, nos calores pesados, combater e morrer longe dos filhos e das mães, sem ventura, esquecidos, para que nós conservemos o nosso descanso opulento.
Estes homens são o povo, e são os que nos defendem. Estes homens formam as equipagens dos navios, são lenhadores, guardadores de gado, servos mal retribuidos e desprezados.
Estes homens são os que nos servem.

E o mundo oficial, opulento, soberano, o que faz a estes que o vestem, que o alimentam, que o enriquecem, que o defendem, que o servem ?
Primeiro, despreza-os; não pensa neles, não vela por eles, trata-os como se tratam os bois; deixa-lhes apenas uma pequena porção dos seus trabalhos dolorosos; não lhes melhora a sorte, cerca-os de obstáculos e de dificuldades; forma-lhes em redor uma servidão que os prende e uma miséria que os esmaga; não lhes dá protecção; e, terrível coisa, não os instrui: deixa-lhes morrer a alma.
É por isso que os que têm coração e alma, e amam a justiça, devem lutar e combater pelo povo. E ainda que não sejam escutados, têm na amizade dele uma consolação suprema.


Eça de Queiroz, Textos do Distrito de Évora, 1876

Em relação a Cavaco Silva, Quase nunca tive Dúvidas...




Via A Ovelha Perdida

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Que País é este ?


A União Europeia diz que, de entre um conjunto de países em dificuldades ou intervencionados, Portugal é aquele em que os pobres são muito mais penalizados que os ricos. Os bombeiros portugueses estão à beira do completo estrangulamento financeiro e muitos já despediram pessoal ou estão a vender as próprias viaturas para resistirem, porque o governo acha que podem transportar doentes não urgentes ( acamados, portadores de dificuldades de locomoção, idosos que não têm meios financeiros nem de deslocação para irem fazer tratamentos aos centros de saúde, doentes oncológicos, etc, etc. ) sem lhes pagar um mínimo que sustente o serviço deste transporte. O responsável do Sindicato Independente dos médicos afirma, peremptoriamente que, daqui por dez anos, quando este ministro da saúde já tiver passado à história, o Serviço Nacional de Saúde será uma caricatura do que é agora e, aquilo que se conseguiu em Portugal, em termos de patamares de sucesso que nos guindaram, em alguns dos melhores  indicadores de saúde,  para os primeiros lugares do mundo, ter-se-á perdido. Enquanto isso, o governo do país continua alegre e contente na sua marcha a levar Portugal e os portugueses para um abismo de subdesenvolvimento social e económico  de onde provavelmente não haverá retorno. Confesso que os responsáveis desta nação me espantam, desde há muitos anos a esta parte, todos os dias,  pela sua capacidade de sublinhar e acentuar o desejo de criar miséria para a maioria e o fausto e a fortuna para  uma outra pequena minoria de cidadãos. Não me revejo nem me identifico com esta gente da política e dos partidos nem com as suas opções miseráveis. Ou não são portugueses, ou são completamente idiotas, para poupar na adjectivação.

Jacinto Lourenço




terça-feira, 3 de janeiro de 2012

No Restaurante...



Fonte: www.picsfun.blogspot.com

Para onde Caminhamos. O exemplo que vem da Argentina.

Um Calendário que não Muda nada...


Provavelmente por me deitar na véspera um pouco mais tarde e, por consequência,   acordar mais tarde do que o habitual no dia seguinte, o primeiro dia do ano não traduz para mim mais do que isso, se descontarmos, é claro, o facto de governo e outras quantas entidades fornecedoras de serviços e alguns bens essenciais à sobrevivência humana escolherem esta data como referência para dispararem aumentos sobre tudo o que mexe. Ou seja, o que quero dizer é que a mudança de calendário e de ano civil a 01 de Janeiro não significa mais do que mudar de dia ou de semana ou de mês como sucederá noutra ocasião qualquer, e confesso que me custa  compreender a aposta que  fazem muitos milhões de pessoas  em festas, regra geral excessivas, nesta data. Mas pronto, o problema deve resumir-se à minha pessoa em particular  já que considero que o ano, para mim, só muda  quando chega cada 21 de Março, que foi quando nasci biologicamente como ser humano,  ou também cada 21 de Novembro quando "nasci de novo" no cada vez mais longínquo ano de 1971.

Mas se há neste corrente ano de 2012 e nesta transição de calendário,  alguma coisa que concite a minha especial atenção ela prende-se com a maldade das medidas que serão  impostas ao povo português. Maldade pela dura injustiça que revestem. Maldade também porque apontam a alvos errados e que, ao contrário de outros na sociedade portuguesa  que escapam para outras paragens logo que desconfiam do aumento da carga fiscal, são estáticos no sentido em que não podem desviar-se da severidade discricionária das medidas governativas. Os políticos sabem isso e é por isso que também usam de complacência para com quem se pode mover e de rigor e mão pesada para quem não pode fugir. Contudo o  que eu acho que  fará com que as medidas governativas aplicadas este ano em Portugal sejam eivadas de maldade e injustiça  não é porque uns escapam e outros não o poderão fazer, mas antes porque muitos dos que contribuiram para a presente crise não pagarão um cêntimo,  e outros, a maioria esmagadora que não tem quaisquer responsabilidades na mesma  irão arcar com a totalidade dos custos dela resultantes.

Muitos  portugueses da classe média que votaram nas últimas eleições ainda não perceberam muito bem o que lhes está a acontecer. Não foi isto que lhes prometeram nas palavrosas campanhas partidárias. Não era isto que esperavam dos seus "queridos líderes".  A mim não me é pedido  pronunciar-me, de forma decisória, sobre a maldade que nos foi imposta; não estou no governo da nação, não sou presidente da república nem integro o tribunal constitucional ou o parlamento - que são as entidades que põem e dispõem cá no "quintal" . Pelos vistos só sou chamado a  sofrer e pagar os desmandos de outros, os que fazem parte dos tais "alvos móveis" ; mas estou certo de que, como noutras ocasiões, se as coisas melhorarem, ou quando melhorarem, iremos olhar para as grandes  empresas  públicas e privadas e constataremos que estes "queridos líderes" que a classe média elegeu para governarem em Portugal estarão todos dependurados, pecaminosamente, em importantes e  bem remunerados cargos dessas empresas. Em resumo: o mundo não muda porque o calendário mudou. O mundo só mudará quando a justiça e a verdade não forem palavras vãs entre os homens nem dependerem de nenhum calendário humano. Haverá um tempo assim, um tempo em que a maldade não será apenas depurada mas erradicada e então a Justiça será um padrão irrevogável e incontornável. Esse é o calendário que nenhuma contagem de tempo poderá fazer mudar.


Jacinto Lourenço