O social-democrata alemão Martin Schulz foi hoje eleito Presidente do Parlamento Europeu, mas é seguramente o primeiro a afirmar num discurso inaugural que "o fracasso da União Europeia é um cenário realista".
Schulz, de 56 anos e eurodeputado há 18, fez uma violenta crítica ao atual sistema de funcionamento da UE, considerando que "as cimeiras de crise" sucedem-se há meses, mas "são tomadas à porta fechada por chefes de Governo".
"A política europeia está novamente numa situação que se acreditava estar há muito ultrapassada e que traz à memória a época do Congresso de Viena do século XIX", declarou. "Nessa altura a máxima era impor à viva força os interesses nacionais sem qualquer controlo democrático".
Para Schulz, a Europa do pós-guerra baseou-se no princípio contrário, de que a UE não é "um jogo de soma zero, em que um tem de perder para que outro ganhe. Ou ganhamos todos ou perdemos todos", afirmou, realçando que o chamado método comunitário "não é um conceito técnico mas o espírito da União Europeia".
Declaração de guerra
O novo presidente da única instituição da União eleita fez também uma declaração de guerra a quem quer diminuir o papel do Parlamento.
"Declaro guerra, aqui e agora, a quem pensa que é possível ter mais Europa com menos parlamentarismo", disse, depois de explanar a sua ideia da evolução da situação na Europa.
"Nos últimos dois anos, mudou não apenas a visão dos problemas, mas também o modo como estes são tratados. A realização de cimeiras, a multiplicação de encontros de chefes de Governo e a grande atenção a estes atribuída excluem dos processos de decisão o único órgão eleito por escrutínio direto, o Parlamento Europeu", declarou.[...]
Fonte: Expresso Online