segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A Nostalgia do meu Agosto



Hoje é segunda-feira de um novo mês de Agosto. Já passaram pela minha vida mais Agostos do que eu gostaria que tivessem passado, mas apesar disso, não enjeito nenhum dos que por mim passaram.
Há alguns anos atrás, Agosto surgia no calendário como mês de férias por excelência, sempre um mês de férias seguidas. As empresas fechavam portas, o parque escolar idem dando oportunidade a trabalhadores, famílias e portugueses em geral a usufruir de um mês inteirinho longe das actividades de um ano de trabalho. Praia, campo, aldeia, destinos mais próximos ou mais distantes, tudo era uma surpresa e uma vertigem constante de novas aventuras e descobertas de verão mesmo se não havia dinheiro para restaurantes e menos ainda para viagens ao estrangeiro, isso já era para gente de outro estatuto num tempo em que à classe média se dava o nome de pobres e os outros, os que podiam ir para o estrangeiro, eram os ricos.

Confrontado com o meu Agosto de 2011, constato como perdi entretanto qualidade de vida. Em lugar da praia no Algarve e alojamento num parque de campismo ou em apartamento, estou confinado à necessidade de aplicar a maior parte do mês numas obras de reconfiguração do espaço livre da casa da aldeia. Poupa-se na mão de obra mas gasta-se o físico que deveria estar a recompor-se algures numa praia algarvia. Sei que lá mais para a frente surgirão outras compensações alternativas à praia que não tive em Agosto. Por estranho que pareça, sinto a nostalgia do cheiro das águas cálidas do sul onde não rumarei este ano mesmo se nos últimos anos os ares do sul algarvio não eram muito consensuais para mim. Talvez porque sempre me habituei a ir de carro cheio ( somos uma família de cinco lá em casa ) e isso já deixou de acontecer de há dois ou três anos para cá; Ou talvez porque as férias a dois precisem ser repensadas e ajustadas a uma realidade familiar diferente e a um Agosto que já não tem a mesma graça do Agosto de 30 dias seguidos de há uns anos atrás, ou porventura porque as férias em Agosto já não têm o mesmo sabor de quando éramos todos mais felizes nas águas quentes do pós-levante algarvio.

Jacinto Lourenço