quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Os novos místicos

"Montadoras americanas se agarram à fé

Bispo de grande igreja dos EUA leva carros das fábricas GM, Ford e Chrysler para o púlpito e conclama fiéis a orar pela liberação de pacote de ajuda ao setor; mobilização religiosa une diversas crenças pedindo o socorro divino à indústria automotiva

A possível quebra das três maiores montadoras de automóveis dos Estados Unidos não está preocupando apenas o governo e os milhões de trabalhadores cujos empregos estão direta ou indiretamente ligados ao setor. No último domingo, o bispo Charles Ellis, dirigente do Templo da Grande Graça, a maior igreja pentecostal de Detroit, cidade considerada a capital do automóvel nos EUA, conclamou seus fiéis a orarem para que o Congresso americano libere o pacote de ajuda no valor de US$ 34 bilhões, que seriam destinados ao saneamento das companhias Ford, General Motors e Chrysler, severamente afetadas pela crise. A medida é considerada a única saída para evitar o colapso do bilionário mercado americano do automóvel. Para que o ato de fé tivesse o maior impacto possível, Ellis, que é conhecido como um religioso mais que chegado à mídia, levou para o púlpito da igreja três utilitários fabricados pelas montadoras – um Ford Escape, Chrysler Aspen e um Chevy Tahoe, da GM. Os veículos foram doados por concessionárias de Detroit.(...) O desespero com a situação é tão grande que, na semana passada, 11 líderes religiosos, representando cristãos, judeus e muçulmanos, se uniram em um ato ecumênico para pedir a ajuda divina à indústria automotiva. O ato foi comandado por Adam Maida, arcebispo católico de Detroit, que escreveu uma carta de quatro páginas sobre a situação, dizendo que “no momento mais escuro do ano, proclamamos que Cristo é nossa luz e nossa esperança”."
In "Cristianismo Hoje" Há algo que me preocupa, e que se prende com a inversão de valores e padrões que constato na actualidade do mundo dito "cristão evangélico". Já nos tinhamos habituado há muito a olhar para algumas tradições católicas, relativamente à distribuição de bençãos e água benta sobre animais, rebanhos, cortejos, casas, e toda a sorte de bens materiais, pensáveis e impensáveis, e cujo objectivo é trazer bons augúrios aos proprietários ou utilizadores dos mesmos para que a vida lhes corra bem. Tal costume mantém-se, até aos nossos dias, em especial nas zonas mais interiores e menos desenvolvidas, nomeadamente de Portugal, enraizado em ancestrais práticas pagãs e místicas. Parece-me, afinal, que agora as coisas se invertem, sendo os cristãos evangélicos ( supostamente , e pelos vistos apenas supostamente... mais esclarecidos quanto ao conhecimento da Bíblia Sagrada) a pegar em práticas pagãs que, pelo exemplo do artigo acima citado, os católicos estão a deixar. Registe-se, com agrado o acto e as palavras do arcebispo católico de Detroit ao colocar apenas em Cristo a sua esperança e confiança para a crise que assola todos os sectores da sociedade, entre os quais a indústria automóvel Americana. Sem dúvida um belo exemplo para combater misticismos e paganismos mascarados de boas intenções, aceca das quais, diz o povo, e bem, "está o inferno cheio", mesmo que venham dos ditos "evangélicos". Talvez seja por estas coisas que me identifique mais, a cada dia que passa, com o Cristo dos evangelhos, e menos com este tipo de "evangélicos". Sou cristão e pronto! Jacinto Lourenço