sábado, 3 de janeiro de 2009

2009, Ano Internacional da Astronomia

“ Duas coisas satisfazem a mente com crescente admiração e receio:

O céu estrelado por cima de mim e a lei moral dentro de mim”

Immanuel Kant

Eis-nos de volta, já entrados em Janeiro de um novo ano, o de 2009, que assiste também a um acontecimento de relevo: a celebração do Ano Internacional da Astronomia”.

Em 2008 reli “Cosmos”, de Carl Sagan, astrónomo desaparecido em 1996, e voltei a encantar-me com essa leitura. Não é o único livro do vasto portfólio do autor, nem sei mesmo se o mais importante, mas foi o primeiro que comprei da sua autoria, já lá vão uns anos, talvez por ser o mais abrangente na temática tratada dando-me assim a possibilidade de a ela regressar posteriormente com abordagens de âmbito mais “apertado”.

“Cosmos” é um livro “bom” nos seus propósitos mas também nas suas intenções, independentemente da posição do autor face ás questões relacionadas com a fé. A dinâmica da sua escrita traz-me à memória a forma simples e clara da narrativa bíblica da criação e reacende em mim esta necessidade de partilha de posicionamentos sobre assuntos tão importantes como a existência e persistência da vida na directiva que lhe foi dada desde o princípio.

De entre todas as tentativas esboçadas por várias personalidades, de todos os tempos, para a explicação da criação, tal como ela se nos apresenta, salientam-se algumas que rejeito liminarmente por não revestirem quaisquer hipóteses de ciência honesta, mesmo aos olhos de pessoas que, não sendo cientistas, como eu não sou, nem tendo nesse campo qualquer espécie de pretenciosismo, procuram conhecer as diferentes abordagens científicas [ ou que se pretendem apresentar como tal ]. Rejeito porém certos esboços de pseudo-ciência que enfunam no espavento da arrogância intelectual ou num forçado hermetismo tantas vezes mistificador da falta de profundidade, rigor e alcance da irrefutável prova.

Gerald Schroeder, em “Deus e a Ciência” [ed. Europa América, 1999], afirma «que o Universo está sintonizado com a vida desde o início. No Génesis, a vida aparece ao terceiro dia, pela primeira vez. Mas a palavra criação não é mencionada. É dito : “a terra trouxe vida”. «A terra já tinha em si mesma as propriedades necessárias para a vida florescer ».

Ainda que a comparação possa não ser a mais indicada, mesmo assim não resisto a fazê-la : era como se a terra já estivesse povoada de “células estaminais vegetais” com capacidade para poderem fazer aparecer uma vida que não poderia existir sem que estivessem observadas determinadas condições, nomeadamente as verificadas no segundo dia da criação com a separação das águas e, o mais que provável aparecimento das primeiras chuvas sobre a terra, que fariam “explodir”, para a sua superfície, toda a vida vegetal, sendo que nada disto invalida ou põe em causa a infinita sabedoria de Deus no acto criativo.

Longe do transformismo teológico-evolucionista do paleontólogo Jesuíta Francês Pierre Teilhard de Chardin, que procurava a harmonização da realidade criacionista com a teoria da evolução das espécies, facto em que não era o primeiro pois já séculos antes Tomaz de Aquino, Agostinho e Maimónides, entre outros, tinham tentado algum tipo de aproximações, nomeadamente, este último, à lógica Aristotélica, encontro-me no entanto em sintonia com tudo o que é hoje observável no universo através das diferentes disciplinas científicas que ao seu estudo se dedicam, nomeadamente a astronomia, na linha da ciência séria, cujos desenvolvimentos e avanços confronto, a cada momento, com o relato bíblico da criação.

Moisés Maimónides – filósofo e médico medieval de origem Judaica, nascido em 1135, e que exercia na cidade de Córdoba em Espanha, tinha, em minha opinião, razão, quando afirmou que “os conflitos entre a Bíblia e a Ciência surgem de uma falta de conhecimento científico ou de um conhecimento defeituoso da Bíblia [Gerald Schroeder – “Deus e a Ciência” ].

Continuando a citar Schroeder, este afirma que “se as leis da natureza não são constantes, se são moldadas de alguma [qualquer] forma [aleatória], então a ciência é inútil. A consistência da natureza é o princípio básico de toda a investigação científica (…) . A superficialidade é o fracasso de todos os esforços. Se confiássemos nas observações casuais da natureza, ainda acreditávamos que o sol gira à volta da terra. Esta é a percepção que obtemos dia a dia, do nascer até ao pôr-do-sol. (…) Os segredos da natureza nem sempre são revelados por uma leitura literal da natureza”. Tal como nos textos bíblicos , aliás, em que uma das melhores regras de hermenêutica pede que a Bíblia se interprete a si própria, toda a ciência terá esta mesma responsabilidade: interpretar-se a si própria nos resultados alcançados. As contribuições de Johannes Kepler [ “astrólogo” – assim eram designados na antiguidade os actuais astrónomos ou astrofísicos ], alemão, nascido em 1571, protestante e estudante de teologia no início da sua vida académica, foram, segundo diz Carl Sagan em “Cosmos”, "de grande importância" para a compreensão das leis físicas que regem todo o universo, à semelhança da importância que teve também Galileu para essa mesma compreensão há precisamente 400 anos atrás. Diz ainda Sagan que Kepler, sendo o último astrólogo científico, foi o primeiro astrofísico da história. À semelhança de Galileu, condenado pela igreja católica pela defesa e insistência na teoria heliocêntrica, não seria fácil para Kepler fazer aceitar a sua tese de que, para além do sol se encontrar estático, os planetas circundavam-no em rotas elípticas e não em círculos perfeitos, sendo que isso derivava precisamente da atracção que a "nossa" estrela exerce sobre os corpos que o rodeiam nos seus movimentos de translacção, ao contrário do que era defendido pelos sábios "tradicionalistas", aceites nos circulos da igreja, “convictos de que um Deus perfeito nunca iria colocar os planetas a realizar órbitas em círculos imperfeitos” [ Carl Sagan in “Cosmos” ] . Para além de se ter dedicado ao estudo de diversas ciências que lhe permitiram olhar os planetas numa outra perspectiva, Kepler, enquanto cristão convicto da sua fé, concluia que Deus exercia uma influência no universo que ia muito para além de simplesmente se ocupar a aplicar a ira divina e a exigir sacrifícios. Quando em 1543, antes portanto de Kepler e Galileu, um clérigo católico Polaco de nome Nicolau Copérnico entregou ao mundo as suas convicções acerca do movimento heliocêntrico dos planetas, que punha desde logo em causa todo o conhecimento trazido à luz por Cláudio Ptolomeu e que durou cerca de mil anos, o mundo religioso e científico de então abanou. Não esqueçamos que Ptolomeu bebera muito em Aristóteles e na ideia dos quatro elementos, água, fogo, ar e terra, que dominavam, segundo a escola Aristotélica, os comportamentos dos seres , pelo que algumas bizarrias que Ptolomeu sustentava vinham nessa linha. “Ptolomeu acreditava que não só os comportamentos eram influenciados pelos planetas e estrelas mas também que as questões de estatura, tez, nacionalidade e até deformações físicas congénitas eram determinadas pelas estrelas” [ Carl Sagan – “Cosmos” ] . Em conformidade com as ideias Ptolomaicas, não existiria espaço para nenhuma alteração incutida, pelo meio, aos seres vivos. Coisas simples, como por exemplo, o tipo de alimentação, que tem influência nas alterações morfológicas das gerações, ou o clima, que exerce uma tremenda pressão sobre as condições em que nos movemos alterando o modo de vida e desafiando os limites de adaptabilidade dos seres vivos ao mesmo e que fazem surgir em diferentes latitudes geográficas fortes clivagens morfológicas e fisionómicas, entre outras, seriam impensáveis na perspectiva Ptolomaica. Mas se tais observações nos transmitem a certeza de que o meio exerçe este tipo de constrangimentos, também nos afiançam, em absoluto, que o mesmo, por si só, nunca contrariará os princípios básicos que presidiram à criação de Deus. Um esquimó, um negro, um branco ou um pele-vermelha serão sempre e só seres humanos, porventura morfologicamente diferentes, mas em quem se reconhecerá sempre a marca da criação divina e a sua comum “genética espiritual”. A sua composição celular, o seu metabolismo, os seus órgãos, que trabalham de forma sincrónica e ordenada, com objectivos claros , precisos e identificáveis, o seu espírito como a sua alma, manifestarão igualmente, em qualquer ser humano, de qualquer raça, a Glória de Deus, pela precisão que revelam bem como pela sua procura pela compatibilização, coordenação e harmonização em prol de um objectivo comum que se mantém inalterado desde o primeiro momento da criação. Jamais evoluirão para algo próximo de um ser vivo diferente, ou qualquer outra solução que saia da Regência criativa. Tal como uma cebola nunca deixará de ser uma cebola, ou uma batata jamais se transformará noutra coisa que não seja uma batata! Poderão existir cebolas e batatas de diferentes tamanhos e com nuances no sabor de cada uma , mas serão sempre e só isso: batatas e cebolas! Temos que admitir igualmente que o conhecimento do Cosmos e da vida não seria hoje o mesmo sem a “passadeira vemelha” que Ptolomeu lançou à ciência e sem algumas ideias naturalistas que Darwin nos deixou [quanto mais não seja, pela discussão que permitiram e pela possibilidade que trouxeram aos cristãos de, também aqui, no campo da ciência, afirmarem a sua fé]. Mas admitiremos igualmente que as ideias, a quase roçarem o determinismo, de um e de outro, deram origem a um misticismo e falsa ciência que se prolongaram até ao século XXl. Identifica-se também a centelha determinista, ainda que numa outra dimensão, na teoria do determinismo de Marquis de Laplace [1740-1827] que não deixava escolha à verdadeira ciência ao dizer que a química e a física fixavam determinantemente o resultado de todos os actos causativos.

O determinismo punha de parte qualquer intervenção divina na sua criação. Era como se o criador estivesse proibido de mexer no que criara. “Ainda hoje, são poucos os cientistas que aceitam o conceito de um Deus que intervém na nossa vida diária “violando” as próprias leis da natureza que Ele criou”, diz Gerald Schroeder.

Pois é: ficaríamos “entregues” ao determinismo se não tivessem sido encontrados alguns princípios físicos e mecânicos que permitem constatar que “causas idênticas não produzem sempre efeitos idênticos” [G.Schroeder – “Deus e a Ciência”]. A mecânica quântica permite observar que, dentro dos limites da natureza criada por Deus existe uma confirmada tendência que abre espaço para que algum efeito sujeito a uma causa rígida possa ter um rumo diferente.

Voltando a Schroeder, ele afirma que “ a mecânica quântica alterou o nosso conhecimento da natureza. (…) Os “milagres” de um Deus pessoal tornam-se (…) observáveis do ponto de vista científico nos laboratórios de física”.

A isto, os cientistas [alguns] incapazes de reconhecer a soberania de Deus sobre a sua criação, preferem responder mistificadamente que ”a mecânica quântica revelou que apenas há acontecimentos sem causas suficientes. Isto é: "acontecimentos que podem ser observados mas não explicados por condições precedentes” ... [G. Schroeder“Deus e a Ciência” ]

Como em tudo na vida, a boa ciência é a que procura explicar-se até a si própria e tem a capacidade de deixar sempre uma porta aberta para a compreensão daquilo que ainda pertence aos desígnios de Deus. O Salmista dizia : “…Tu me cercaste e puseste sobre mim a tua mão. Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir. Para onde irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também; se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua dextra me susterá. Se disser: decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à minha volta. Nem ainda as trevas me escondem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa. Pois possuis-te o meu interior; entreteceste-me no ventre de minha mãe” . [ in Bíblia/livro de Salmos 139:5-13]

Entre 1616 e 1835 a obra de Nicolau Copérnico esteve encerrada numa gaveta da igreja católica até que fosse expurgada dos “seus erros” pelo lápis azul dos censores eclesiásticos. E não se pense que foram só os católicos retrógrados que proibiram Copérnico de divulgar os seus ensinamentos, preferindo entretanto dar razão a Ptolomeu. Martinho Lutero, o "pai" da reforma protestante, também zurziu nas ideias Copernianas.

“ A confrontação destas duas concepções do cosmos – uma centrada na terra e outra centrada no sol – atingiu o seu clímax nos séculos XVl e XVll, na pessoa de um homem que, tal como Ptolomeu, era astrólogo e astrónomo. Viveu numa época em que o espírito humano estava agrilhoado e a mente acorrentada; em que as opiniões eclesiásticas sobre os assuntos científicos, velhas de dois milénios, eram consideradas de maior confiança do que as descobertas contemporâneas realizadas com técnicas de que os antigos não dispunham; em que o desvio sobre os assuntos teológicos mais misteriosos, relativamente às preferências doxológicas dominantes, católicas ou protestantes, era punido com a humilhação, impostos, tortura, exílio ou morte.(…) A ciência estava ainda desprovida da ideia de que subjacentes aos fenómenos da natureza, podiam estar as leis da física. Foi a luta corajosa de Johannes Kepler que desencadeou a revolução científica moderna” . [Carl Sagan – “Cosmos”]

Para Kepler, o poder criador do universo estava em Deus, e a única forma de explicar os seus mistérios era “ler” o pensamento de Deus.

Ptolomeu [embora com erros desculpáveis face ao desenvolvimento científico do seu tempo], Copérnico, Galileu, Kepler e Newton, e mesmo Galeno na área médica séculos atrás, entre outros, abriram os olhos da humanidade para esta realidade que a Bíblia já revelara há milhares de anos : a natureza é afinal regida por leis matemáticas e físicas simples e à prova de qualquer observação, mesmo a da ciência da chamada “pós-modernidade”, e em cujos meandros se pode constatar e sentir a operação de Deus, acima de qualquer lei criada, no campo terrestre ou celeste. Pessoalmente acredito que tem sido esta operação divina que tem salvaguardado a terra e os seus habitantes de serem largados por completo ao destino por eles escolhido e à rigidez das leis físicas por eles reclamada. Este é o domínio da misericórdia do meu Deus. E essa misericórdia, diz a Bíblia, é “a causa de não sermos consumidos”.

Na actualidade adensam-se nuvens negras de preocupação sobre a humanidade, o planeta, e o próprio universo que partilhamos. Surgem previsões de que até final do corrente século o incremento do aquecimento global do planeta Terra irá ser de entre 2º a 4,5º C., por via da emissão, para a atmosfera, de gases com efeito de estufa e de que, para além de outras consequências extremamente graves, esse aquecimento acarretará uma subida do nível médio das águas do mar em um metro, facto que levará ao desaparecimento de largas faixas costeiras, com o mar a ir literalmente terra adentro. Um país como as Maldivas [ capital em Malé ], formado por inumeráveis pequenas ilhas, desaparecerá por completo. Os seus responsáveis políticos, conscientes disso, já estão actualmente a trabalhar em soluções para a deslocalização das suas populações, inclusive promovendo a compra de terrenos em países vizinhos, para aí as transferirem no futuro próximo.

Os cientistas do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas [ IPCC ], organismo do âmbito da ONU e da Organização Meteorológica Mundial, fundado em 1998, afirmaram em Fevereiro de 2007, na cidade de Paris, que daqui a 94 anos, as previsões citadas ter-se-ão concretizado. Se as previsões dos homens do “IPCC” pecam, não é certamente por excesso, mas antes por defeito… Podemos talvez reclamar que 94 anos representam várias gerações e que ainda falta muito tempo …

A carregar ainda mais as cores num quadro de pessimismo, informava-nos o jornal “Diário de Notícias”, na edição digital de 15 de Janeiro de 2008, de que algures num dia qualquer de 2008 metade da população mundial estará a viver em cidades, tendo-se passado de 10 % no ano de 1900 para este número explosivo. A confirmar-se a tendência, nos próximos 20 a 30 anos, o número irá disparar para 70% da população a viver em cidades. Muitas destas cidades, que são já na actualidade ambientalmente insustentáveis, tornar-se-ão, perante isto, também socialmente insustentáveis, acarretando estes factos consequências a vários níveis, que ainda nem sequer imaginamos. Mas quem irá dizer a Chineses, Indianos e outros países emergentes, que terão que deixar de queimar combustíveis fósseis e desistir, portanto, de produzir a riqueza a que os seus povos legitimamente aspiram numa atmosfera económica globalizada ? Será que eles estão dispostos a aceitar apenas o argumento de que o risco de anteciparem os acontecimentos que se prevêm é elevado e pronto ? Com que direito, Norte-Americanos ou Europeus, Japoneses e mesmo Russos o farão, ou pedirão isto, depois de terem colocado a sustentabilidade do planeta à beira do caos ?!

Num tempo de interrogações, aí estamos nós confrontados com as cidades grandes e os problemas que delas emergem: isolacionismo das pessoas, dramas sociais , marginalidade, droga. Desagregação familiar, ausência de amor e compaixão. Padrões éticos, formais e morais, arraigados em códigos de conduta que assentam exclusivamente na capacidade económica de cada um, nas suas perspectivas pessoais, na lei do mais forte, esquecido que foi o tempo dos “ismos” : humanismo, existencialismo, socialismo, comunismo, etc. Enfim, insustentabilidade ambiental , económica, ética, moral, espiritual; em resumo: civilizacional.

Deixo-vos com uma citação interessante da minha releitura de “Cosmos” de Carl Sagan:

“ A terra é um lugar bonito e mais ou menos calmo. As coisas mudam, mas devagar. Pode-se viver uma vida inteira sem se nos deparar uma catástrofe natural mais violenta do que uma tempestade. E por isso tornámo-nos complacentes, despreocupados, desinteressados. Mas na história da natureza, os vestígios são nítidos. Houve mundos devastados. Até nós homens, alcançámos a duvidosa honra técnica de sermos capazes de provocar as nossas próprias catástrofes, tanto intencional como inadvertidamente (…). É tudo uma questão de escala do tempo. Um acontecimento que seria impensável dentro de cem milhões, pode ser inevitável dentro de cem anos. Até mesmo na terra , neste século, se deram estranhos acontecimentos naturais.”

A Bíblia Sagrada, vai mais longe que Sagan e, na narrativa de Génesis, mostra-nos o princípio de todas as coisas mas descreve também o seu epílogo. Contudo, se a narrativa da criação deu origem, e permitiu uma discussão de milénios, na qual participa, ainda hoje, gente séria e menos séria, em todos os quadrantes, o epílogo dessa criação, contido no relato de Apocalipse, não deixará espaço a nova discussão à volta dos mistérios da criação do Universo. Pessoalmente, vejo Cristo como único “passaporte” para um tempo sem tempo em que contemplaremos e experimentaremos a imanência de Deus e o seu poder em todos os actos causativos.

“ A Bíblia é a primeira fonte identificável das grandes descobertas conceptuais da civilização: igualdade perante a lei; inviolabilidade da vida, dignidade individual e comunitária; paz como ideal; amor com base na Justiça” .[ R. Johanson- , History of the jews,Ed. Harper and Row,1987]