terça-feira, 24 de novembro de 2009

A Matemática da Graça

Quando Jesus contou a parábola dos trabalhadores da vinha, os ouvintes presentes sabiam que estavam diante de um ensino revolucionário, uma verdadeira subversão de valores. O raboni de Nazaré, sem dar qualquer explicação aos doutores da lei, alterou completamente a mesma parábola dos trabalhadores que era contada pelos mestres judaicos de seu tempo. O jovem galileu estava na verdade, diante do olhar dos grandes rabinos e também de seus discípulos criados no judaísmo palestino, fazendo algo inimaginável para os padrões religiosos vigentes, escandaloso para ser mais exato. A parábola dos trabalhadores contada pelos contemporâneos de Jesus, registrado no Talmude, falava de um trabalhador que foi contratado no fim do último turno (17:00), e durante apenas uma hora de serviço, trabalhou mais do que todos os outros, e por isso, tornou-se digno de receber o salário integral que foi acordado com aqueles que trabalharam o dia todo debaixo do sol escaldante. Os rabinos estavam querendo dizer que “o balanço final de Deus não se realiza na forma de liberalidade generosa, mas através da exata correspondência entre trabalho e salário”. Jesus não concordava com este pensamento matemático espiritual que tornava Deus um rígido contabilista, um deus que pesa em sua balança os atos bons e maus e retribui conforme o merecimento de cada um. E foi por isso que contrapôs esta idéia de causa e efeito em sua parábola, não enfatizando o esforço dos últimos trabalhadores. Ao contrário disso, Jesus coloca na boca dos que aguentaram o sol intenso e a fadiga do dia inteiro, a insatisfação com o salário recebido, pois pensavam que mereciam mais que os preguiçosos que pouco trabalharam - "quando os primeiros vieram, pensaram que receberiam mais" (Mt 20 : 10). Jesus afirmou categoricamente que o Deus de toda a graça, deu a todos exatamente a mesma quantia. Philip Yancey, no ensaio intitulado "A nova matemática da graça" comenta este ensinamento revolucionário dizendo: "Nós recebemos a graça como um dom de Deus, e não por alguma coisas que tenhamos dado duro para ganhar. No reino da não-graça, alguns trabalhadores merecem mais do que outros; no reino da graça a palavra merecer nem mesmo se utiliza". Nós recebemos a graça como uma dádiva, e não por alguma coisa que tenhamos dado duro para ganhar, e este foi o ponto que Jesus deixou claro na parábola do trabalhador. Sim, esta matemática da graça é escandalosa, fere nosso orgulho e senso de justiça própria, mas quando entendemos que absolutamente ninguém é capaz de satisfazer as exigências de Deus para uma vida perfeita, então podemos nos prostar e agradecer o dom imerecido que recebemos sem qualquer esforço de nossa parte.
. Por Daniel Grubba . Via Soli Deo Gloria