segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Sabedoria é Mais Excelente que a Estultícia


A Bíblia diz, no capítulo dois do  livro de Eclesiastes, que "a sabedoria é mais excelente que a estultícia, quanto a luz é mais excelente que as trevas", diz também, no mesmo capítulo dois,  que "ao homem que é bom diante dEle dá Deus sabedoria, conhecimento e alegria".

Que a sabedoria é realmente um desiderato de todos os homens e mulheres, é um facto, como também é um facto que, embora desejem,  poucos  alcançam a medida de sabedoria percebida em Eclesiastes. É que sabedoria requer conhecimento e este implica esforço e dedicação à compreensão de tudo o que enforma o mundo em que vivemos.

Percebemos com isto que o mundo dos homens seria ainda hoje um penoso calvário de luta pela sobrevivência humana se muitos dos que nos antecederam em vida não se tivessem aplicado ao conhecimento aturado no sentido de alcançarem a sabedoria. Mas há uma outra variavel que Eclesiastes introduz e que têm a ver com o facto de que a sabedoria é um dom de Deus para  os homens bons. Mas afinal que homem é bom perante Deus, para que alcance a sabedoria e o conhecimento diante dEle ? Entende-se  como "bom", na leitura de Eclesiastes, não apenas aquele que alcança muito conhecimento, muito sucesso profissional, muita capacidade humana neste ou naquele sector da vida apenas porque estudou muito. Aliás, homens sábios e bons existiram, e existem em todas as culturas e geografias, em todos os tempos, sem que para isso tenha sido necessário atingirem qualquer patamar de sucesso social. Um homem, ou uma mulher, "bons" e "sábios", são aqueles que se conhecem a si próprios, à sua  natureza humana, aos seus anseios e  limites  e têm, dos seus semelhantes e do mundo dos homens e das coisas um conhecimento equivalente e proporcional ao que têm de si próprios sem que tenha sido necessário,  porventura,  aprender tudo isso numa qualquer universidade. 

Eclesiastes diz também que a alegria do homem está relacionada com a sabedoria e o conhecimento.

O homem sábio conhece-se em todas as suas dimensões. Nos tempos que correm os meios de comunicação enchem-se de palavras, frases, estudos, textos, comunicações  de homens e mulheres, pretensamente sábios, que se deitam a adivinhar e a debitar o futuro da humanidade como se fossem donos de uma bola de cristal. As suas análises fazem-se em todas as vertentes. O conhecimento acumulado e explanado é muito. Era suposto então que todos nós, com tantos "sábios" a dizerem-nos o que vai ser da humanidade, fossemos, no mínimo, muito mais felizes por sabermos tanta coisa que vemos, ouvimos e lemos.

Contrariamente ao expectável não é assim. E Porquê ?!

O homem moderno tem acumulado conhecimento sobre conhecimento mas isso não lhe tem permitido coroar de sabedoria a sua vida por aí além. Qualquer animal do campo, doméstico ou selvagem é capaz de dar lições de sabedoria ao homem moderno. É só olharmos para a forma como se conduzem e procuram viver, numa boa parte dos casos, as suas curtas vidas. 

É que, para sermos felizes temos que nos entender em todas as dimensões e, ao homem moderno, tem-lhe faltado olhar e perceber a sua dimensão e filiação divina; sem isso, por muito "bom" que se seja, nunca se está completo, nem nunca se pode perceber, por inteiro, o mundo dos homens e das coisas. Sem o espírito divino em nós nunca estaremos reconciliados com a autenticidade do projecto maior que nos está cometido, nem estaremos irmanados neste destino comum que nos juntou aqui à face da terra, homens de todas as cores, raças e culturas. Sabedoria e felicidade serão então, de acordo com a Palavra de Deus, um dom ao alcance apenas dos que realizam esta globalidade em si mesmos dentro de uma totalidade física e espiritual. Só isso nos pode trazer a felicidade, porque só isso nos voltará a integrar dentro dos planos de Deus e  porque só assim poderemos  perceber o mundo, os homens e as coisas que nos acontecem. 


Jacinto Lourenço