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A arqueóloga Israelita, Eilat Mazar, comunicou uma descoberta emocionante, uma prova de que a recente descoberta de fortificações em Jerusalém datam de há 3.000 anos. Com base na idade dos cacos de cerâmica que ela encontrou no local, Mazar acredita que as fortificações foram construídas por Salomão, como descreve o Velho Testamento.Claro que se trata de uma notícia interessante para os Judeus e Cristãos, mas há muito mais envolvido do que se poderia esperar. Como informou a Associated Press (AP), "se a idade do muro está correcta, a descoberta seria uma indicação de que Jerusalém era a casa de um governo central forte, que tinha os recursos materiais e humanos necessários para construir fortificações maciças no século 10 A.C.
"Isso é uma contradição directa das opiniões de alguns estudiosos que acreditam, como a AP relata, "que a monarquia de David [e de Salomão] era em grande parte mítica e que não havia nenhum governo forte naquela época.
"Não admira que Mazar chame ao muro "a construção mais importante que temos dos dias do Primeiro Templo em Israel." E se ela está certa, temos um outro elo na longa cadeia de evidências que demonstra a veracidade histórica da Bíblia.
Como eu disse anteriormente descobertas como estas são dignas de entusiasmo, apesar de necessitarmos de ter cuidado para não exagerarmos. Toda a descoberta arqueológica, histórica, científica que fazemos e que dá razão às Escrituras é uma boa notícia. Lembram-nos que a Bíblia é um registo de pessoas, lugares e eventos reais que, como Dorothy L. Sayers diz, Jesus Cristo “nasceu na história", não na mitologia.
Numa altura em que a veracidade da Bíblia está sob o ataque de todos os lados, estes lembretes são sempre refrigerantes e encorajadores.
No entanto, ao mesmo tempo, a principal fonte das nossas crenças deve continuar a ser a própria Bíblia. Eu fiz deste ponto questão de honra há vários anos atrás, quando os arqueólogos descobriram um ossuário, isto é, uma caixa de ossos rotulado "Tiago ... irmão de Jesus." Até hoje há controvérsia sobre a autenticidade do ossuário.
Mas mesmo que a descoberta de um ossuário ou uma muralha da cidade corrobore o que diz a Bíblia, isso não torna os factos bíblicos mais factuais - simplesmente os confirmam. E como o historiador Paul Johnson (foto ao lado) diz, as evidências que confirmam a exactidão das Escrituras está a escalar - tanto que os cépticos, não os cristãos, devem temer o curso das descobertas científicas.
Mas lembre-se sempre que a Bíblia é a sua própria testemunha credível, independentemente de fontes secundárias a confirmarem ou aparentemente a contradizerem.
Se nos deixarmos absorver demasiadamente por cada descoberta que parece apoiar a Bíblia, corremos o risco de edificar a nossa fé sobre uma fundação nada sólida. E corremos o risco de ficarmos decepcionados e desiludidos se um determinado artefacto for de alguma forma desacreditado.
É melhor edificar a nossa fé sobre a rocha sólida da Palavra de Deus - mesmo que as evidências continuem a escalar, desta vez de um monte de escombros antigos que apontam para a veracidade da Palavra de Deus.
Há vários anos atrás, Paul Johnson fez um discurso notável no Seminário de Dallas denominado "Um Historiador olha para Jesus." É uma das melhores composições sobre a veracidade e exactidão das Escrituras que eu encontrei. ( Chuck Colson )
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Livro, amigo inestimável. Companheiro de horas boas e más, mestre silencioso, confidente, ajudador. Palco de alegrias, tristezas, vitórias, derrotas, tragédias , epopeias. Receptáculo de lágrimas.
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“A questão é simples. A Bíblia é muito fácil de entender. Mas nós, cristãos, somos um bando de vigaristas trapaceiros. Fingimos que não somos capazes de entendê-la porque sabemos muito bem que no minuto em que compreendemos estaremos obrigados a agir em conformidade. Tome qualquer palavra do Novo Testamento e esqueça tudo a não ser o seu comprometimento de agir em conformidade com ela. ‘Meu Deus’, dirá você, ’se eu fizer isso minha vida estará arruinada. Como vou progredir na vida?’. Aqui jaz o verdadeiro lugar da erudição cristã. A erudição cristã é a prodigiosa invenção da igreja para defender-se da Bíblia; para assegurar que continuemos sendo bons cristãos sem que a Bíblia chegue perto demais. Ah, erudição sem preço! O que seria de nós sem você? Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo, De fato, já é coisa terrível estar sozinho com o Novo Testamento.”
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Soren Kierkegaard
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Fonte: Canto do Jo *** Via A Ovelha Perdida
A primeira pergunta referencial sobre os acontecimentos históricos da paixão, morte e sepultamento do Messias, veio de Quem menos se esperaria. Veio do próprio Jesus Cristo ressuscitado.
Tal pergunta está no contexto da interactividade da narrativa lucana ( Luc 24,19) que nos apresenta uma das mais belas passagens pós-ressurreição do Amado.
Essa passagem do Evangelho junta o sobrenatural de uma forma tão singela, tão esbatida num ambiente simples de um encontro de caminheiros no meio das sombras de um provável fim de tarde, tão cheia de nostalgia, tão apelativa da curiosidade do leitor.
A aproximação daquele viajante, longe de distrair os discípulos solitários, mais ainda os comoveu. Começou por lhes tocar na corda da sensibilidade, lhes fazer recontar a história que as suas palavras trocavam entre si, uma história triste sobre o destino de alguém. Nada tinha de simbólico, nada possuía de quotidiano. Parecia ser, também, a história de um herói e sobre a mediocridade dos homens.
À estranheza dos dois discípulos, Cleopas e outro inominado, que caminhavam imersos em tristeza psicológica e, de certo maneira, religiosa, correspondeu uma não menos estranha pergunta:
-«És tu só peregrino em Jerusalém e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias?
-«Quais?», devolve Jesus Cristo a pergunta.
E, antes da resposta dos chamados discípulos de Emaús e da explanação histórica e das Escrituras sobre os acontecimentos, por Quem os conhecia afinal pelo seu lado interior, pelo âmago profético e divino, vejamos o conteúdo que se nos oferece na indagação «Quais?»
«Quais?»
Jesus Cristo está diante da natureza humana. Está perante o que se poderia designar como o momento em que, para aqueles dois discípulos judeus já nada parecia fazer sentido. É dos piores, esse momento, determinado pelas dúvidas que se sucedem e não dão tréguas, pelos sentimentos que correm em tropel.
O desânimo chega porque um sonho, uma expectativa, uma quase certeza se goraram, ou uma fé se perdeu.
Esta indagação «Quais?», porém, não nos remete para o silêncio e a solidão das coisas sem resposta. Pelo contrário, descobre-nos a existência de pontos de vista díspares. E das dimensões opostas da visão sobre os acontecimentos.
Os dois de Emaús tinham a notícia, haviam sido testemunhas presenciais, possuíam a sua resposta ao acontecimento passado havia poucos dias, o seu ponto de vista era o contingente. Remetia-os para a unhope ( “esperar na desesperança”) que acabaria por fazer escola na transição do século XIX para o XX com um ou outro escritor pessimista radical (1).
As evidências pareciam confirmar-lhes a frustração: “ E nós esperávamos – esta afirmação carrega em si toda a carga de um drama de quem esperava mesmo qualquer coisa – que fosse ele o que remisse a Israel; mas, agora, com tudo isso, é já o terceiro dia desde quer essas coisas aconteceram” (op.cit. 24,21)
Toda a problemática do homem moderno, na sua vida, na sua religiosidade, na sua espiritualidade, aí está reflectida na atitude dos discípulos de Emaús. Estavam a deixar-se esmagar pela impiedosa máquina do que parece ser, do que aparentemente a história parecia determinar.
«Quais?» Confrontaram-se, contudo, com um viajante ocasional, no começo da narrativa de Lucas, que com o decorrer da viagem se foi tornando essencial, peregrino aparente que parecia desconhecer as contingências da história, não conhecer os eventos, mas que possuía a versão absoluta, meta-histórica, do conjunto de acontecimentos desses três dias últimos.
A interpelação de Jesus aos companheiros de viagem não se situava na zona escura do desconhecimento, nem estava na área gramatical das figuras de estilo; assim como o pensamento grego pressupunha sempre uma conduta, a língua grega que Lucas utilizou também. O pronome «quais?» ( Poios, Poia, adj.pronominal interrogativo ), inquiria sobre o carácter das coisas que aconteceram, o modo de ser das mesmas, e não o aspecto quantitativo.
A quantidade de diálogo estabelecido entre Jesus e os dois discípulos, esteve muito mais do lado destes. Responderam a esse inesperado companheiro com todo o rigor da história recente. Deixaram transparecer um vislumbre de esperança sustida e demarcada pelo machismo ( «É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam...dizendo que tinham visto uma visão de anjos» 24,22), quando ouviram que o sepulcro estava vazio. Mas ficaram por aí.
Na exiguidade da história, no constrangimento que se produz quando se espera ter algo ou alguém para ver, e tal não acontece, no esperar nos outros que nos relatem o que viram ou não viram, residia agora o estado de animo dos dois de Emaús. Disseram, do fundo da alma entristecida, e não se sente nas suas palavras desconfiança, que alguns foram ao sepulcro e confirmaram a informação das mulheres, «porém, não O viram» ( 24,24). Uma simples e formal constatação de um facto. Também um conformismo.
Vê-lO, naquela circunstância de sombras e desânimo, seria importante para eles.
A dúvida, o sentimento de orfandade, contagiavam.
O olhar e o tocar ainda se sobrepunham à Fé. Não terá sido para lhes resolver esse problema, tirando-os do conformismo e da dúvida, que o próprio Senhor ressuscitado se juntou a eles, no caminho para Emaús?
Em que plano dos eventos aquele viajante misterioso colocou as Suas palavras perante ouvidos tão atentos? E corações tão prontos para deixarem de ser glaciais?
«E Ele lhes disse:»
As primeiras palavras foram de suave reprimenda ( Ó [original letra ómega] néscios..) e de pedagogia, para salientar a necessidade de estarem atentos ao plano profético dos eventos. «Tudo o que os profetas disseram», compunha o absoluto das «coisas» que tinham ocorrido.
O próprio Cristo falando de Si retoma todo o conceito profundo «dessas coisas», que qualifica de padecimentos, e assim as liga ao Seu sacrifício vicário pelos homens, à Sua paixão, morte e sepultamento, culminadas – Aleluia!- pela Glória - a Glória de Ser o Que É e a Glória de Estar ressurrecto.
Na narrativa que Lucas utiliza, o versículo 27 é um simples prólogo, diria muito ao modo grego, para resumir toda uma acção que toca no mais profundo lugar da alma dos dois de Emaús. A explicação que Cristo lhes foi a facultar pelo caminho, não era sobre os acontecimentos, isso seria história, tida como contingente, era sobre Si próprio, acerca do que sobre Ele se achava nas Escrituras – logo, era sobre o essencial, o absoluto eterno que É o Filho de Deus.
Que palavras podem fazer arder o coração? Senão as palavras, as logias que Jesus foi tirando de dentro de si próprio para as colocar no coração dos homens? Mas se não bastassem as palavras, houve ainda assim o gesto, a atitude do partir do pão e de dar o mesmo aos anfitriões da casa onde se recolheu da noite. Jesus Cristo ressuscitado É isso: Luz para o entendimento, Pão para a fome espiritual, Palavra para conhecer os domínios de Deus.
Jamais 2,5 quilómetros (60 estádios) foram tanta universidade bíblica, tanta sinagoga, tanto Templo de Jerusalém, para o ensino que Jesus Cristo foi transmitindo, tendo iniciado o mesmo por Moisés e feito o percurso bíblico por todos os profetas. Explicou-lhes o sentido profundo dessas coisas. Da Sua Vida, Morte e Ressurreição. Perante o efémero da história, que parecia dominar as circunstâncias, estava ali o Permanente.
No jargão dos maratonistas, segundo fôlego acontece depois de um certo tempo de corrida. Nas primeiras passadas, o organismo queima açucar, fonte de energia menos calórica e a gente se sente cansado. Depois, passa a queimar gordura, combustível de melhor qualidade. Nesse câmbio da glicose para a gordura, o corredor se sente bem disposto, com mais ânimo, renovado. Nos meus primeiros anos de vida eu consumi glicose, a energia fácil, que me dava furor empreendedor, mas que fatigou.
Agora estou queimando os estoques de tecido adiposo; um jeito mais lento de gastar-me. Começo a experimentar outra qualidade de vida. Sinto-me revigorado; acho que entrei no estágio do segundo fôlego.
Segundo fôlego, porque ando entusiasmado com a minha crescente identificação com a Missão Integral. Missão Integral para mim é compromisso de alcançar homens e mulheres em todas as suas necessidades, considerando as realidades onde estiverem. Encorajado por teólogos católicos e protestantes que souberam responder ao clamor dos pobres na América Latina, procuro traduzir a mensagem do Evangelho em praxis transformadora, em ação libertadora, em promotora de justiça. Estou envolvido com Missão Integral que não prioriza a salvação de almas, mas busca a salvação de vidas.
Segundo fôlego, porque respiro uma nova liberdade. Puiram as rédeas que me impediam de desgustar cultura. Falsas percepções de pecado perderam força de me deixarem assustado com arte, literatura, música, teatro. Não me percebo indigno por gostar de amenidades que moralismos vitorianos proibem; já não preciso me esconder quando quero ir ao cinema. Quem nunca sofreu o torniquete do tradicionalismo legalista da religião, não imagina como é bom sentar em um teatro e assistir aos textos de Brecht, Shakespeare ou Andrew Lloyd Webber.
Segundo fôlego, porque sou abençoado. Deus me agraciou com gente especial; gente que se importa. Estou rodeado de mulheres e homens que aprenderam a Lingua Brasileira de Sinais (LIBRAS) para fazerem parceria com surdos; de casais que se colocaram em listas de candidatos para adoção; de voluntários que lutam pela recuperação de alcoólicos e drogaditos; de idosos que se doam a idosos em sanatórios; de profissionais que se dedicam em diversas iniciativas sociais.
Segundo fôlego, porque mudei minha biblioteca. Entusiasmado, devoro pensadores judeus, católicos, ortodoxos, ateus, agnósticos. A grade de minhas leituras transborda o Index sutilmente imposto por austeros defensores da Reta Doutrina. Transitar entre tantos autores não só ajuda a cumprir a recomendação paulina de analisar tudo e reter o que for bom, como alarga a minha capacidade de ser criterioso com o que eu outrora aceitava ingenuamente.
Segundo fôlego, porque a minha vida de oração ganhou cores diferentes. Deixei de sofrer ajoelhado para mendigar respostas às minhas petições. Minha espiritualidade era trabalhosa. Eu mastigava as palavras para demonstrar para Deus a minha penitência e assim alcançar o seu favor. Quantas vezes desesperei por não entender o porquê de não ser atendido nas súplicas mais urgentes. Nas horas críticas, era terrível ainda ter que lidar com culpa. O ídolo que por muitos anos chamei de Deus foi destronado. Já não preciso provar a minha fé com resultados. A Graça devolveu-me uma relação de paz com Deus. Finalmente entendi que “no silêncio e na quietude” encontrarei salvação. Aprendi o sentido do Salmo 46:10: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”.
Segundo fôlego, porque me tornei um Caleb – o herói bíblico que se sentia um menino com 85 anos. Ele ansiava por conquistar um pedaço da Terra Prometida. Rejuvenecido, vou escrever, pregar, ensinar, discipular, com as forças que moveram aquele rapaz parecido comigo a dizer sim ao chamado de Deus.