( Imagem D.N. )
[ Título original do artigo: Hublle: 20 anos a olhar para fora deste mundo ]
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Telescópio ajudou a descobrir planetas extra-solares e serviu para estimar a idade do universo em 13 700 milhões de anos.
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A 24 de Abril de 1990 era lançado para a órbita terrestre aquele que seria o maior "olho" virado para o universo desconhecido. Vinte anos depois, o Hubble é o veterano dos telescópios espaciais e continua a dar voltas em torno da Terra. No seu percurso abriu caminho para o conhecimento acerca de planetas extra-solares e hoje consegue, até, saber a composição química das suas atmosferas, o que tem sido útil na sua procura por vida além-Terra. Aliás, o seu lema é mostrar "o fora do normal... e o fora deste mundo".
O trabalho do Hubble nestas duas décadas é notável. Desde 1990, o telescópio realizou 600 mil gravações de cerca de 30 mil objectos, segundo dados da NASA - a agência espacial norte-americana. Todos os meses são transferidos para a Terra 80 gigabytes de informação, o equivalente a 80 grandes enciclopédias. O Hubble ajudou a explicar o nascimento de estrelas e planetas e a estimar a idade do Universo em 13 700 milhões de anos. Inclusive, a investigar a misteriosa matéria negra que fez com que a expansão do universo tenha sido mais acelerada.
Tudo começou em 1946, quando o astrónomo Lyman Spitzer escreveu um documento intitulado "Vantagens astronómicas de um observatório extraterrestre". Nesse texto, Spitzer falou das duas vantagens de se ter um telescópio em órbita: a resolução angular deixaria de ser influenciada pela turbulência atmosférica que faz, por exemplo, com que as estrelas pisquem.
Em segundo lugar, um telescópio colocado no espaço poderia observar a radiação infravermelha e ultravioleta. De facto, estas são as vantagens apontadas ao Hubble, que tem uma visão livre da profundidade do universo.
Em 1962, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos recomendou a construção de um telescópio para ser colocado em órbita e, três anos depois, Spitzer foi nomeado responsável pelo comité, definindo os objectivos científicos do programa. O seu nome foi dado em homenagem a Edwin P. Hubble (1889-1953), astrónomo norte-americano que comprovou a existência de mais astros além dos existentes na Via Láctea.
Pela primeira vez, com este telescópio, foi possível conhecer estrelas de outras galáxias, assim como observar ondas de grande alcance, como as infravermelhas, que são absorvidas pela nossa atmosfera. Mas o fim do Hubble está já anunciado: em 2014, irá ser colocado no espaço o substituto, o Telescópio Espacial James Webb (ver caixa).
O custo da sua manutenção, até agora, foi de dez mil milhões de dólares (7500 milhões de euros), valor dividido pela NASA (85%) e pela Agência Espacial Europeia (restantes 15%).
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In Diário de Notícias de 24 de Abril de 2010