quarta-feira, 23 de novembro de 2011

As Originalidades Políticas da Madeira


Ouvi, e pensei que a minha sonolência matinal me estivesse a enganar quanto ao que acabava de ser noticiado na Antena 1. Lavei a cara com água fria e voltei a ouvir mais detalhadamente. Não, não estava a dormir nem tinha percebido mal. Já me encontrava  suficientemente desperto para entender claramente que, por proposta do PSD da Madeira, entretanto  aprovada com toda a oposição a votar contra, um deputado presente no plenário da Assembleia Regional pode, a partir de agora,  votar sózinho em nome de todos os outros deputados do respectivo grupo parlamentar que são assim dispensados da maçada de ali se deslocarem para fazer funcionar a democracia madeirense...

Para além das originalidades verificadas no "reino da Madeira" de que ultimamente temos tomado conhecimento, promovidas pelo sujeito que o "governa", temos agora mais esta, de se tornar o parlamento regional da Madeira num género de assembleia uninominal em que os votos dos eleitores passam a estar concentradas nas mãos e na  decisão de uma só pessoa por partido. Pode até ser um primeiro passo para depois se constatar que os partidos não  serão assim tão necessários... Pensei então que esta ideia, em Portugal,  pecava por  não ser inteiramente original.  Afinal, durante quase 50 anos,  uma pessoa também concentrava sobre si a totalidade do poder e decidia sobre a vontade de todos os portugueses e isso prolongou-se até à madrugada de 25 de Abril de 1974. Chamaram a esse regime "Estado Novo". Muitos outros, a maioria das pessoas, chamou-lhe Fascismo !  Estávamos convencidos que teria acabado no território nacional. Parece que não. Agora cobre-se com o manto diáfono da democracia.


Jacinto Lourenço