domingo, 25 de outubro de 2009

A Bíblia e Deus...

...A Bíblia relata, ao longo de mais de mil anos, a relação dos encontros e desencontros dos homens com Deus e de Deus com os homens, sendo natural que se vá dando uma compreensão cada vez mais purificada de Deus. Assim, termina em Jesus Cristo, que mandou amar os próprios inimigos. E a única tentativa de "definir" Deus aparece em São João, e diz: "Deus é amor." Mas, mesmo no Antigo Testamento, também há, por exemplo, o Cântico dos Cânticos e os Profetas, arautos da revolução moral segundo a justiça. Foi neste contexto que, interpelado pelos media, chamei à colação um dos grandes filósofos do século XX, Ernst Bloch, também ele ateu e marxista, mas conhecedor da Bíblia. Professor na Universidade de Leipzig, na então República Democrática Alemã, teve problemas com o regime comunista, vindo assim para Tubinga, precisamente porque chamava a atenção para a importância da Bíblia. Sem a Bíblia, "o livro mais significativo da literatura mundial", não podemos compreender as catedrais, a Idade Média, Dante, Rembrandt, Händel, Bach. Sim, que se entende então verdadeiramente? Sem ela, não se entende a cultura alemã, a Missa solemnis de Beethoven, nenhum Requiem, nada".[...]
.
Prof. Anselmo Borges
In jornal Diário de Notícias de 24 de Outubro de 2009